Sabia que se eu pensar muito ou se eu esperar de súbito um momento de inspiração, talvez ele nunca chegue? Sabia que não domino o português tão bem e que hora ou outra, pego erros e mais erros se releio algum texto? Sabia que a vírgula para mim é como a respiração? Cada um respira de um jeito, logo… Não, não me apego a essa tolice de onde a vírgula deve entrar.
Não há muito tempo para pensar, às vezes é preciso simplesmente dar o passo, respirar fundo e crer que as coisas vão se ajeitar.
Sempre erraremos, sempre haverá espaço para falhas, descompassos, para rupturas, mas há coisas que ficam muito mais adoráveis quando se olha a partir das imperfeições.
Quer dançar um Tango? Não pense que existem mistérios, porque não, não existem, e quando os erros surgem são imediatamente silenciados pela coragem dos passos arriscados. Você pode continuar sentado esperando o momento certo, ou, pode fazer algo fora do roteiro e arriscar uma dança inusitada.
A gente faz força para viver, para ficar de pé, a gente faz força para prosseguir e acha que a vida não é como um Tango também? Ela nos exige ímpetos, nos coloca sempre diante da possibilidade das falhas… E falhamos, muito. Ou você passa a vida querendo o seu 10, A+, ou você compreende de uma vez por todas que o importante é aquilo que foi fincado na alma.
Você pode querer e desejar se encaixar àquilo que a sociedade diz que é correto e que te fará alguém louvável ou você pode querer manter a sua alma, a sua honra, talvez debaixo da lama, mas com a certeza imutável de que ser você mesmo faz da vida e desse lance de existir algo realmente mágico.
Será que existimos apenas para ocupar espaço no planeta? Será que seus sonhos existem para que você os renuncie e diga que são coisas da sua cabeça? Será que esse fôlego de vida teria como intuito apenas nos fazer padecer nessa Terra?
Te digo: NÃO! Definitivamente a sua vida não existe para que não a viva plenamente. Você não está aqui por um erro, por um acidente qualquer.
Talvez… Talvez a vida seja como um grande palco e quem sabe o som do Tango seja eterno e o que ela espere é que surjam mais Franks e Donnas, corajosos a ponto de não impor mais mistérios ao que por si só já é loucura demais.
Por que não desenterra o projeto que acredita que não pode mais dar certo? Por que não se dá uma chance já que a sociedade da qual você faz parte sequer se importa se existe ou não? Por que não se levanta e dança o que sempre quis dançar? Como Donna… Aliás, o que será que de especial ocorreu a ela depois daquela dança?
Precisamos respirar, crer, abrir nossas bocas e gritar caso haja desejo. Precisamos entoar qualquer canção que seja. Precisamos ser, além até mesmo dos nossos sentidos ou da ausência de alguns deles. É preciso mostrar o que se é, com esses desajustes todos, porque nada pode ser consertado sem que antes o defeito seja visto.
A vida, os momentos nela… Alguns desses momentos são tenebrosos, repletos de escuridão, de breu, e o que se faz quando se chega neles? Na verdade, você pode fazer o que quiser, inclusive, pode não querer fazer nada… É o seu caminho, a sua escolha. Mas novamente aquela pergunta: para que será, meu bem, que você existe? Te respondo: para ser luz, para brilhar.
Então nessa vida, levante-se talvez mergulhado em incredulidade, arrisque dançar o que sempre sonhou, cometa essas falhas todas que obviamente lhe farão lembrar que és humano como és e claro, percorra os caminhos, sejam eles obscuros ou tão claros a ponto da sua escuridão não conseguir enxergá-los.
Encare, arrisque, uma hora a luz acende. Brilhe, a vida não lhe seria dada apenas para que ocupe espaço neste Espaço.