Veterinários que estavam no local acreditavam que se tratava de um acidente, mas em uma segunda tentativa viram que a mãe o rejeitava.
A aparência tranquila e o andar lento passam a sensação de calmaria a quem observa de perto um elefante. É claro que o tamanho assusta, assim como as presas e o instinto defensivo, mas esses animais são mais vistos como fofos do que como perigosos, isso porque têm comportamentos que se assemelham aos nossos.
Assim como os seres humanos, a família é a base para os elefantes, vínculo de suma importância para a sobrevivência desses animais. Um círculo de paquidermes pode ter de dez a 30 espécimes, sendo comandados por uma anciã recheada de experiência.
Todos na família obedecem à anciã, com exceção dos machos adultos, mas o respeito é tarefa de todos para aqueles que passaram dos 60 anos, idade em que começam a perder os dentes. Uma das principais funções das elefantas mais velhas é cuidar das mães em fase de amamentação e de seus filhotes, seguindo-os por todos os lados.
Como os paquidermes são enormes, as dificuldades para engravidar são grandes, e cada fêmea gera apenas um filhote por vez, o que significa que todo o grupo se dispõe a ajudar a proteger aquele bebê pelos próximos anos, garantindo que ele dê continuidade à família. Mas, na reserva de animais selvagens de Shendiaoshan, em Rong-cheng, na China, um estranho caso envolvendo uma mãe e seu filhote intrigou os especialistas.
Logo depois de dar à luz, uma elefanta tentou matar o próprio filhote, tentando pisoteá-lo, segundo informações do tabloide britânico Metro. Os veterinários presentes separaram os dois rapidamente, mas acharam a situação um pouco estranha, já que as mães normalmente criam bons vínculos com os filhotes, considerando que elas não ficam prenhes muitas vezes ao longo da vida.
Acreditando que poderia ser apenas um acidente, os cuidadores decidiram colocar o pequeno elefante de volta com a mãe, mas perceberam que não se tratava de algo inesperado, ela estava tentando matar o próprio filho. Temendo pela segurança do pequeno, os veterinários tiveram de separá-los em definitivo, mas sentiram o coração apertar quando viram a situação do filhote.
Tendo acabado de nascer e batizado de Zhuang Zhuang, o pequeno elefante passou cinco horas ininterruptas chorando por conta da rejeição da mãe. Ninguém conseguia consolar o animal, e era cruel tal situação, porque ao mesmo tempo que o filhote estava completamente desolado por não ter a segurança e o amor da mãe, ela queria matá-lo.
Foi necessária muita disposição da equipe, que precisou cuidar do animal desde suas primeiras horas, mas no fim um dos guardiões do local optou por adotá-lo, deixando-o sob seus cuidados permanentes na reserva chinesa. Todos que acompanharam a história de Zhuang Zhuang nas redes sociais se emocionaram duas vezes, a primeira ao vê-lo separado da mãe e desolado, e a segunda por conseguir alguém que se importava com sua segurança.
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Em busca de uma explicação para o ocorrido, as especialistas e defensoras de elefantes, Julia Ferdinand e Andrea Worthington, explicam que os elefantes têm o hábito de dividir os cuidados dos filhotes entre o bando. Num parto, a mãe está rodeada de sua família, que a ajuda a dar à luz e oferece atenção ao recém-nascido.
Algumas mães de primeira se assustam com a dor no parto, e essa sensação pode levá-las a atacar o próprio filhote, e é justamente aí que entra o papel dos demais membros do grupo. As elefantas mais próximas daquela que está parindo separam-na do recém-nascido para se acalmar e esperar a dor passar antes da primeira interação com o filho.
Esse comportamento agressivo da elefanta chinesa pode ser explicado pelo fato de que ela estava em cativeiro, longe de seu provável grupo e sozinha, o que a assustou, provocando a rejeição ao próprio filhote. Vale lembrar ainda que os elefantes só rejeitam seus filhos em último caso, ou seja, quando não conseguem salvá-los de alguma doença ou ataque, caso contrário, até mesmo os extremamente feridos são acolhidos.