Enedina Marques é relembrada até hoje na história do Brasil, por ter sido a primeira negra do país a conquistar o diploma de engenheira.
Apesar de ser minoria dentro da universidade e sofrer com o racismo estruturado no Brasil, Enedina Marques não deixou que nada abalasse o seu sonho de se tornar engenheira civil. A paranaense entrou para a universidade e foi a primeira mulher negra a se formar em engenharia civil no estado, bem como no país.
Infância
Enedina Alves Marques nasceu em 1913, na cidade de Curitiba, no Paraná. Seus pais, Paulo Marques e a lavadeira Virgília Alves Marques, que eram de origem pobre, haviam se instalado na cidade três anos antes, e juntos dos mais cinco filhos que tinham, viveram uma vida muito simples.
Na década de 1920, a vida da família começou a melhorar quando a matriarca conseguiu um emprego na casa do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho. Foi ali que Enedina cresceu e conseguiu iniciar os seus estudos em um colégio particular, em 1925, com o objetivo de fazer companhia para a filha do major, Isabel, que tinha a mesma idade dela.
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Esforçada desde cedo, Enedina Marques foi alfabetizada na Escola Particular da Professora Luiza Dorfmund por um ano, e depois, ingressou em outra escola, equivalente ao ensino médio, se formando em 1931. Após a formatura, aos 19 anos, ela começou a trabalhar dando aulas no interior do Paraná, que durou entre os anos de 1932 e 1935, passando por cidades como Cerro Azul, Rio Negro, São Mateus do Sul e Campo Largo.
Carreira
Depois de se formar na escola, Enedina Marques passou a sonhar com a universidade de engenharia, mas demorou para concretizá-la. Após atuar no interior do estado como professora, ela retornou a Curitiba, e iniciou o curso intermediário de magistério na época, no Novo Ateneu. Durante esse período, entre 1935 e 1937, ela morou de favor na casa do Construtor Mathias e sua esposa Iracema Caron, no bairro Juvevê, que foi conseguida através de um parente de Iracema e um amigo de Enedina, Jota Caron.
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Como morava de favor, Enedina contribuia sua hospedagem fazendo serviços de casa, revezando o seu tempo com os estudos e o trabalho como professora. Na época, ela dava aulas na Escola de Linha de Tiro e em uma casa alugada em frente ao Colégio Nossa Senhora Menina, que promovia alfabetização. Somente em 1938, quando estava com 25 anos, é que ela conseguiu começar o curso complementar em pré-engenharia, no Ginásio Paranaense, durante o período noturno.
Após a conclusão do curso complementar, Enedina entrou na faculdade de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná, em 1940. A turma era formada apenas por homens e brancos, sendo a única mulher e negra na sala de aula. Antes dela, porém, havia se formado dois homens negros: Otávio Alencar, em 1918, e Nelson José da Rocha, em 1938.
Foi uma luta permanecer estudando e trabalhando, em meio a tanto preconceito, mas ela conseguiu concluir e pegar o seu diploma, fazendo história no Brasil e sendo inspiração para outras mulheres. Assim, ela foi exonerada do cargo da escola e se tornou auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas. Enedina Marques também foi chefe de hidráulica e chefe da divisão de estatística e do serviço de engenharia do Paraná, na Secretaria de Educação e Cultura do Estado.
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Em 1947, foi transferida para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica, e trabalhou no Plano Hidrelétrico, cuidando do reaproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu. Dentre suas obras mais importantes, se destacam: o Colégio Estadual do Paraná, a Usina Capivari-Cachoeira e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba.
Boatos dizem que Enedina costumava trabalhar com uma arma na cintura e, para reconquistar o respeito dos homens ao seu redor, eventualmente disparava tiros para o alto. Enedina Marques se aposentou em 19621, aos 49 anos, e recebeu o reconhecimento do governador da época, lhe garantindo uma aposentadoria equivalente à de um juiz, pelos seus grandes feitos.
Vida pessoal
Enedina Marques não se casou e não teve filhos. Sua vida foi voltada para o trabalho e os estudos, tanto que, ao longo dos anos, ela foi homenageada diversas vezes e até virou o nome de uma rua no Bairro Cajuru, em Curitiba (PR).
Falecimento de Enedina Marques
Enedina Marques faleceu em 1981, quando tinha apenas 68 anos. Ela foi encontrada morta dentro do seu apartamento, após ter sofrido um infarto. Como morava sozinha, o corpo só foi encontrado cerca de uma semana após a sua morte.