Segundo políticos e autoridades, o presidente da república estaria com receio de ser preso, caso perca a presidência do Brasil.
Todo ano de eleição é amplamente movimentado, com debates, posicionamentos e muitas outras coisas que podem acontecer no decorrer do tempo. Como 2022 é ano de eleições, tanto para presidente da República, quanto para governador, senador e deputado federal e estadual, as tensões têm ficado à flor da pele, à medida em que outubro, o mês das votações, se aproxima.
O presidente Jair Messias Bolsonaro, por exemplo, acredita que deve ser alvo de inquéritos que teriam como objetivo prendê-lo, caso ele perca as eleições presidenciais este ano, segundo a Folha de São Paulo. Além de ser alvo dos inquéritos, Bolsonaro também acredita que seus filhos também serão alvos fáceis para os investigadores.
Aparentemente, o atual presidente tem repetido a fala para diversos interlocutores em Brasília, inclusive de seu próprio governo. Tentando se recuperar nas pesquisas eleitorais, a hipótese de que poderá ser preso eventualmente tem deixado Bolsonaro inquieto e até mesmo “transtornado” em certos momentos.
A Folha de São Paulo ouviu quatro relatos de pessoas que conversaram com o presidente nos últimos dias, que apenas varia o tom de suas falas. Segundo políticos e autoridades que não integram o governo de Jair Bolsonaro, ele tem demonstrado nervosismo e ainda repetido frases semelhantes à que disse em um discurso no dia 7 de setembro do ano passado, em um ato na avenida Paulista, em São Paulo, de que nunca será preso.
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Na ocasião, o presidente afirmou que poderia sair do Palácio “preso, morto ou com vitória”, porém, a primeira hipótese estaria completamente descartada por ele. Durante conversas em Brasília, Jair Bolsonaro teria dito que pode haver “morte” caso tente prendê-lo, seguindo a mesma linha do seu discurso em São Paulo.
Além disso, dois ministros do governo afirmaram que já ouviram Bolsonaro falar sobre a possibilidade de ser detido em mais de uma ocasião. Mas, por enquanto, o tom não seria de nervosismo, mas, sim, de uma mera constatação sobre uma suposta perseguição que ele poderia sofrer se perdesse o mandato.
Um dos ministros também afirma que Bolsonaro sabe o que vai acontecer com ele caso seja derrotado nas eleições de 2022. Segundo o ministro, o presidente já afirmou que “estão loucos” para que isso aconteça, entretanto, ele saberia contornar a situação pois não é tão “ingênuo” como seus antecessores, se referindo a Lula e Michel Temer que foram presos após deixarem o mandato de presidente da república.
Um outro ministro afirmou à Folha de São Paulo que o Jair Bolsonaro sempre repete que “vão querer montar alguma coisa para me prender”, porém que a tentativa não terá sucesso, já que ele não teria cometido crime algum.
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Em outras conversas com autoridades, o ministro da Economia, Paulo Guedes, por exemplo, já citou a “psicologia do desespero” para contextualizar as atitudes do presidente atual e de adversários.
Apesar de tudo o que foi dito, é certo que as eleições presidenciais serão determinantes para o destino jurídico de Bolsonaro. Caso ele seja derrotado e deixe a Presidência, Jair Bolsonaro perde o foro privilegiado e poderá ser julgado pela Justiça comum, o que eleva as possibilidades de ser preso, dependendo de suas acusações. Além disso, o presidente já foi alvo de centenas de denúncias, em especial por sua conduta durante a epidemia da COVID-19 e pelos ataques ao sistema eleitoral.
Ademais, a possibilidade de prisão de Bolsonaro explicaria em parte a intensidade dos ataques que ele demandou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entretanto, os ministros acreditam que um acordo com os demais poderes poderá esfriar os ânimos e contribuir para que as eleições deste ano sejam mais tranquilas.