Chamados de pop-its e fidget toys, os brinquedos que viraram febre no último ano serão proibidos no país árabe.
Autoridades do Qatar apreenderam lotes de um brinquedo que virou moda entre as crianças nos últimos meses, inclusive as brasileiras, os pop-its. Coloridos e muitas vezes feitos com as cores do arco-íris, eles foram tirados de circulação com o argumento de contrariar os valores islâmicos, segundo o Ministério de Comércio e Indústria do país.
Por meio de uma postagem no Twitter oficial do ministério, circulou o comunicado de que foi deflagrada uma operação de inspeção em comércios de diferentes regiões do país. A campanha resultou em apreensões e identificações de uma série de violações, incluindo o confisco de brinquedos que violam os valores, costumes e tradições islâmicos, incluindo estes brinquedos populares.
Nas redes sociais, a atitude foi criticada, já que as cores do arco-íris são usadas em movimentos LGBTQIA+.
O produto, considerado antiestresse, é feito de borracha e possui bolinhas que podem ser afundadas com os dedos, o que pode causar uma sensação de alívio de tensão. Vendidos em diferentes formatos, de corações a borboletas e até de personagens de desenhos animados, geralmente são coloridos. As cores do arco-íris, padrão empregado na versão mais conhecida da bandeira LGBTQIA+, são bastante utilizadas na coloração do brinquedo.
O Qatar é questionado por manter leis homofóbicas, pois está se preparando para receber a próxima Copa do Mundo de futebol, um evento esportivo que reúne uma vasta pluralidade de pessoas, tanto do público quanto das equipes de esportistas. Essas leis conservadoras têm causado preocupação.
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Em entrevista à CNN, o líder do comitê organizador da Copa, Nasser Al Khater, disse que o público LGBTQIA+ será bem-recebido no país, mas que demonstrações públicas de afeto devem ser evitadas.
Com o assunto no centro do debate público internacional, bandeiras com cores do arco-íris têm sido erguidas constantemente como protesto contra as leis discriminatórias do Qatar. Em episódio recente, no GP de Fórmula 1 no país, o piloto inglês Lewis Hamilton exibiu em seu capacete, uma versão da bandeira criada pelo designer Daniel Quasar.
O país árabe também é alvo de outras acusações de violação de direitos humanos. Uma reportagem publicada pelo jornal inglês The Guardian, em fevereiro de 2021, revelou que mais de 6 mil trabalhadores imigrantes morreram no Qatar desde 2010, ano em que houve a escolha da sede da Copa do Mundo de 2022.
Nasser Al Khater, presidente-executivo do comitê organizador do torneio, insiste em dizer que o Qatar tem sido tratado “injustamente” desde que conquistou o direito de sediar o mundial de futebol, há 11 anos.
Entre os mais recentes críticos da Copa do Mundo do próximo ano, a primeira sediada no Oriente Médio, está o jogador de futebol australiano Josh Cavallo, o único jogador assumidamente gay da primeira divisão de futebol masculino da atualidade.
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Cavallo já expressou que ficaria “com medo” de jogar no país, onde a homossexualidade é ilegal e pode ser punida com até três anos de prisão.
Em resposta aos temores do atleta australiano, Al Khater disse que membros da comunidade LGBTQIA+ são mais do que bem-vindos a visitar o Qatar, antes, durante e depois da Copa, e que nenhum deles deveria se sentir ameaçado ou inseguro no país. O político disse ainda que o medo que dizem que as pessoas LGBTQIA+ sentem no Qatar é irreal, pois se trata de um país tolerante, acolhedor e hospitaleiro.
Essa não é a primeira vez que as leis anti-LGBTQIA+ causam preocupação sobre um país-sede de um torneio de futebol. Em junho de 2021, o órgão que tutela o futebol europeu, a UEFA, recusou um pedido para iluminar a Allianz Arena de Munique com as cores do arco-íris para a partida da Euro 2020 entre a Alemanha e a Hungria em virtude da aprovação de uma lei anti-LGBTQIA+ pelo parlamento húngaro.
Antes da Copa do Mundo de 2018, o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido avisou que os membros da comunidade LGBTQIA+ enfrentariam um “risco significativo” ao viajar para a Rússia.