Sustentabilidade e skate, uma combinação perfeita que tem colorido as ruas do Rio de Janeiro.
O Brasil, apesar de conhecido como o país do futebol, tem conquistado mais títulos em competições de skate do que nos gramados. Por exemplo, em 2021, nas Olimpíadas de Tóquio, nosso país foi o segundo no ranking de medalhas nessa modalidade, além de revelar a gloriosa “Fadinha”, Rayssa Leal, a mais jovem medalhista olímpica da história do Brasil. Aos 13 aninhos, a menina conquistou a medalha de prata na disputa do street.
Foi pensando na combinação de duas paixões, Brasil e skate, que o engenheiro mecânico canadense Adrian Raygani, de 28 anos, se mudou para a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em 2019, para unir esses dois interesses e, aliado à sua ligação com a causa sustentável, fomentar seu projeto de confeccionar skates com tampinhas de garrafa PET.
Esse projeto ganhou espaço na comunidade em abril de 2021, quando a fábrica do canadense foi batizada de “Na Laje Designs” e já evitou o descarte irregular de cerca de 700 quilos de tampinhas.
O que levou o engenheiro a implantar essa iniciativa numa das favelas cariocas mais populares não foi apenas o amor ao Brasil e ao skate, mas também porque diariamente mais de 230 toneladas de resíduos, que variam de papelão, plástico, isopor e tantos outros, são descartadas na comunidade, segundo um levantamento do projeto. Esses dados transformaram a favela, com população estimada de 150 a 200 mil habitantes, num lugar ideal para Adrian colocar em prática seus planos.
Adrian conta ao jornal Extra que sempre sonhou em tocar projetos com a iniciativa da sustentabilidade no Brasil, onde já visitava como turista desde 2014, e afirma que ficou encantado com o país tropical. Para ele, o plano de trabalhar na comunidade surgiu por meio de ideias de quem já atuava com projetos parecidos com o seu, então aliou o alto índice de descartes de resíduos da Rocinha com a pouca estrutura da comunidade para projetos sustentáveis e criou o “Na Laje Design”.
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Ele afirma que queria encontrar um novo destino para a quantidade exorbitante de lixo produzido diariamente, algo com foco na reciclagem, e que o estopim para colocar em prática a confecção de skates aconteceu na cozinha de sua casa, em Toronto, quando recolhia os resíduos de lixo produzidos por sua família.
![Canadense monta fábrica na Rocinha para transformar tampinhas plásticas em skates](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/01/2-Canadense-monta-fabrica-na-Rocinha-para-transformar-tampinhas-plasticas-em-skates-391x400.jpg)
Hoje seu projeto já conta com o apoio de algumas ONGs, como “Salvemos São Conrado”, “Vivendo Um Sonho Surf”, “Horta na Favela” e “Família na Mesa”, todas atuantes na região da Rocinha.
Cada skate produzido equivale a um quilo de plástico reciclado, cerca de 500 tampinhas, vindas de moradores da própria comunidade, dos pescadores das redondezas e de outros projetos sociais envolvidos com a produção e distribuição de alimentos.
Essas confecções têm levam aproximadamente duas horas, num processo que envolve triturar e prensar o material que por fim vai para o forno, onde os skates nascem. Hoje “Na Laje Designs” já conta com alta demanda por parte de empresas, então Adrian contratou dois colaboradores. Segundo explica o canadense, cada skate sai por R$ 480, com as rodas, sem as quais o preço cai para R$ 260.
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![Canadense monta fábrica na Rocinha para transformar tampinhas plásticas em skates](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/01/3-Canadense-monta-fabrica-na-Rocinha-para-transformar-tampinhas-plasticas-em-skates-400x391.jpg)
Ele afirma ao jornal que ainda não recuperou seu investimento, algo próximo de R$ 50 mil e, como a equipe é pequena, não consegue atender à alta demanda pelos equipamentos. O espaço é do tamanho de um quarto de 3×3 m, mas Adrian tem planos de ampliar a fábrica para ser um espaço de pura sustentabilidade, contando ainda com horta ecológica. Sua ideia é fazer com que os visitantes também participem da confecção, para isso ele calcula um investimento de aproximadamente R$ 100 mil.
Os planos de Adrian são muitos, como trabalhar com outros resíduos, apesar de já ter transformado as tampinhas em troféus para torneios locais e relógio de parede. Seu próximo passo será utilizar redes de pesca, pois segundo ele, o material é muito mais resistente do que o plástico das tampinhas de garrafa PET.
O lema da “Na Laje Design” é inspirar a mudança para uma economia local mais consciente, sustentável e circular, apresentado em sua página oficial do Instagram. E em seu site, eles afirmam que cada compra no “Na Laje” permite limpar praias, rios e comunidades, além de conscientizar pessoas sobre o correto descarte de resíduos e gerar empregos.
São produtos artesanais e com o objetivo de propagar os ideais da sustentabilidade.