Segundo pesquisa realizada pela Unaids, 54% de todos os infectados a nível mundial pelo HIV são mulheres
O relato da médica infectologista Eduarda Prestes, que mora em Santarém, no Pará, viralizou nas redes sociais. A Infectologista chamou a atenção para o número crescente de casos de mulheres sendo diagnosticadas com o vírus da imunodeficiência humana, HIV em inglês. A médica também fez um alerta sobre a falta de proteção durante o sexo, mesmo quando as pessoas já estão em relacionamento fixo e com um único parceiro.
Em entrevista ao UOL, a médica relata que desde que se formou, há sete anos pela Universidade Estadual do Pará (UEPA), ela trabalha com pessoas que vivem com HIV e que há dois anos se tornou especialista na área. Durante esses anos de atendimento, ela tem visto inúmeros casos de homens que têm relações extraconjugais e terminam contagiando suas parceiras.
A médica lamenta que o padrão de contágio seja sempre o mesmo na maioria dos casos. Pelo fato de a mulher estar há muito tempo em relacionamento fixo com um parceiro, ambos terminam se descuidando e deixando de usar não só métodos contraceptivos, mas também os preservativos. A maioria dos homens não usa camisinha e têm relações extraconjugais desprotegidas.
Eduarda Prestes também disse em sua entrevista que as mulheres às vezes descobrem que estão infectadas ao observarem os maridos muito doentes ou pouco antes de virem à óbito. Outra parte das mulheres só descobrem estarem infectadas ao realizarem o teste no pré-natal durante a gestação. Segundo a médica infectologista, são poucas as mulheres que descobrem estarem infectadas através dos exames de rotina.
Um dos casos que comoveu a médica foi de uma mulher que chegou ao consultório bastante angustiada por suspeitar estar com HIV. Eduarda disse que a paciente era professora e tinha em torno de 30 anos. A mulher estava casada há cinco anos e afirmou à época que nunca teve relações extraconjugais. A professora teria ido ao posto de saúde para iniciar o pré-natal e acabou descobrindo naquele mesmo dia estar infectada com o HIV. A médica tinha solicitado repetir o exame, mas foi confirmado nas duas vezes a presença do vírus. Teria sido nesse dia que a médica desabafou nas redes sociais.
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“Homens, se vocês vão chifrar as esposas de vocês, pelo menos encapem a p*rra do pau quando forem comer alguém. Eu tô cansada de dar diagnóstico de HIV para mulher jovem, gestante, casada há anos e que é fiel ao marido”, escreveu a infectologista em suas redes sociais.
Número de casos de HIV é preocupante
Segundo a Unaids, que é um programa criado pelas Nações Unidas para ajudar os países no combate à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, AIDS em inglês, em 2021 existiam 38,4 milhões de pessoas no mundo inteiro convivendo com o HIV. Dessa população, 54% são mulheres e meninas.
Os números alarmantes demonstram que ainda existe um tabu no tangente à proteção durante o ato sexual entre parceiros fixos. As mulheres, seja por confiança ou intimidação por parte de seus parceiros, deixam de usar os métodos de proteção e acabam se contagiando com HIV.
![Infectologista desabafa nas redes sociais: “Canso de diagnosticar HIV em mulheres fiéis aos maridos”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/10/IMAGEM-1-Infectologista-desabafa-nas-redes-sociais-Canso-de-diagnosticar-HIV-em-mulheres.jpg)
Segundo o site do Ministério da Saúde, a transmissão ocorre através das relações sexuais desprotegidas com uma pessoa soropositiva, ou seja, que já tem o vírus HIV, como também através do compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, como agulhas, alicates, etc. Também pode ocorrer a transmissão desde a gestante que seja soropositiva, seja durante o período gestacional, como também durante o parto ou enquanto estiver amamentando.
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O meio mais comum e de fácil acesso à população para a prevenção de HIV durante as relações sexuais é ainda o uso de preservativos, tanto os masculinos quanto os femininos. Ambos são distribuídos gratuitamente nos postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) ou podem também ser comprados em farmácias e drogarias.