É fácil confundir compaixão com pena. Compaixão ou “com-paixão” significa “com emoção”. Quem sente compaixão sente empatia pelo outro.
Quem sente empatia se coloca “no sapato alheio”, o que leva a acolher e respeitar a dor do outro. Quando isso acontece, toda crítica e julgamento são anulados. Você acolhe a pessoa e a reconhece como igual.
Ouço dizer que não existe amor incondicional na 3ª Dimensão. Com o devido respeito a quem acredita nisso, eu vejo diferente! Acredito que existe, sim, amor incondicional nessa terra e a crença em sua inexistência é, como o próprio nome diz, apenas uma crença.
Cada ser humano é capaz de amar incondicionalmente quando reconhece o outro e, por isso, não é difícil pensar na compaixão como uma missão da humanidade.
Certa vez, uma querida amiga me iluminou com o entendimento de que nascemos neste planeta com a missão de aprender mais sobre o amor. A compaixão é um caminho para entender o que é amorosidade em um sentido mais elevado.
O amor pode assumir muitas formas. Mas, quando falamos do amor na potência mais elevada, nós falamos dele em um grau de incondicionalidade.
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A incondicionalidade é algo que unifica, ao contrário de outras formas de amor contaminadas pelo ego que separam.
No poema, Gibran Khalil Gibran ensinou que o amor basta a si mesmo, referindo-se ao tipo de amor que congrega, que está acima dos rótulos e das diferenças.
Quando eu sinto compaixão eu sofro com o sofrimento do outro. Aquela dor passa a ser um pouco minha. Algo me compele a ajudar porque me identifico com o sofrimento e isso me faz pensar como eu gostaria de ser tratada caso eu vivesse a mesma situação.
A pena é diferente, pois, ela nasce da estranheza. Sinto pena se não consigo me identificar com o sofrimento alheio e isso me leva a julgar.
Diante da incapacidade de vestir a pele do outro, eu questiono suas escolhas e credito a elas a sua dor. Penso: “Eu jamais faria tal escolha! Ela merece sofrer” – e isso permite que eu deite a cabeça no travesseiro sem pesos. Afinal, eu jamais passaria por essa situação, logo, nada daquilo tem a ver comigo.
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Portanto, a pena emerge da falta de identificação. É um sentimento que separa. É daí que vem a ideia de pena como castigo ou punição. Se eu sinto pena eu acho justo que a pessoa sofra pelas escolhas que fez. É o que acontece com o criminoso: a pena é o mal do crime e está na Lei.
Para além da função jurisdicional, não estamos aptos a julgar. Quando julgamos o outro, negamos a nós mesmos o direito de ser quem somos. Eu posso ter crenças, valores, desejos, preferências e uma aparência diferente e nada disso me faz diferente, nem pior nem melhor que alguém. Em nível atômico, genético e espiritual, nós somos iguais. Seres de proteína da espécie homo sapiens, termo derivado do latim que significa “homem sábio”. Filhos da Criação.
A pena é um sentimento negativo, consequência do julgamento. Não temos o direito de nos punir nem negar perdão a nós ou ao outro. No contexto de vida em que determinada ação é realizada, ela fazia sentido. É impossível exigir que o eu do passado pense igual ao eu do futuro. Ele não tinha as experiências que agora tenho. Do mesmo modo, é impossível exigir que o outro pense ou viva da mesma forma que eu. Ele é o produto de experiências, crenças e valores diferentes dos meus.
É preciso romper com tudo que é julgamento, sentimento de rejeição, remorso e separação e pôr no lugar a empatia, o perdão e a compaixão.
Se estiver sendo muito severo e penoso consigo e com os outros, liberte-se! Somos uma só consciência, na experiência de aprender mais sobre o amor. Ao invés de pena, viva “com paixão”.
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