Longa-metragem sobre menino negro que sonha em se tornar astronauta entra na disputa de Melhor Filme Internacional.
A maior premiação do cinema está prevista para acontecer em meados de março do ano que vem, e a Academia anunciou que voltará a transmitir a celebração ao vivo para o mundo inteiro. Em 2023, o Oscar completará sua 95ª entrega dos prêmios mais cobiçados do universo do audiovisual, além de homenagear os melhores atores, técnicos e filmes deste ano.
O prazo final de envio de categorias de inscrição é até o dia 15 de novembro de 2022, mas a Academia Brasileira de Cinema e Artes Visuais já anunciou qual entrará na disputa pelo Brasil, o longa-metragem “Marte Um”, lançado no dia 25 de agosto deste ano, escrito e dirigido por Gabriel Martins. O filme concorreu com outros 27 longas, em uma votação de dois turnos, sendo anunciado como o concorrente na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar.
“Marte Um”, na segunda etapa da votação, concorreu com “A Mãe”, “A Viagem de Pedro”, “Carvão”, “Pacificado” e “Paloma”. O longa-metragem de Gabriel Martins narra a história de Deivinho, um menino negro que vive em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Filho de um porteiro e uma doméstica, ele tenta agradar ao pai, que deposita nele todas as esperanças em sua carreira.
Mas Deivinho tem um sonho: quer estudar astrofísica e colonizar Marte. Ao mesmo tempo, Tércia, a mãe, acaba reencontrando uma pessoa do passado, e começa a ressignificar o mundo em que vive. Eunice, a irmã mais velha, se apaixona por uma mulher de espírito livre e começa a se questionar se não chegou o momento de sair de casa. A desigualdade social e a miséria acabam indo de encontro às atuais crises política, econômica e de classe, exigindo que a família lute para conseguir se libertar das amarras que aprisionam seus sonhos.
“Marte Um” foi exibido no Festival Sundance e premiado em Gramado, e o filme começa com a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018, caminhando ao longo dos anos e questionando como será o futuro do país, principalmente para as famílias em maior situação de vulnerabilidade social. Ainda assim, o atual presidente não é protagonista da história e, inclusive, aparece pouco, sendo apenas pano de fundo para uma história muito mais delicada e bem amarrada.
Quem é Gabriel Martins
O longa-metragem marca a estreia de Gabriel Martins como diretor solo, se tornando o primeiro cineasta negro a representar o país na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar. Ele trabalha com a produtora mineira Filmes de Plástico, considerada artisticamente importante no país atualmente, sendo responsável por impactantes obras como “No Coração do Mundo” e “Temporada”.
Gabriel Martins nasceu em Contagem, Minas Gerais, tem 35 anos, é cineasta, roteirista, montador e diretor de fotografia, com um relevante trabalho na produtora onde atua e que também fundou em 2009, ao lado de André Novais Oliveira, Maurílio Martins e Thiago Macêdo Correia.
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De acordo com reportagem do Terra, o primeiro filme do cineasta foi “No Coração do Mundo”, onde dirigiu ao lado de Maurílio Martins, tendo estreado na Tiger Competition do Festival de Roterdã, em 2019. Esse longa-metragem ainda foi exibido em festivais importantes do mundo inteiro, sendo lançado comercialmente em vários países e chegando a ser aclamado pela crítica.
Entre seu curtas estão “Nada”, exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes, em 2017, e “Dona Sônia pediu uma arma para seu vizinho Alcides”, exibido no Festival de Clermont-Ferrand. Gabriel também escreveu filmes de sucesso como “Alemão”, e “Marte Um” é seu segundo longa, com primeira direção solo, mas o profissional já trabalha na área há anos, sendo reconhecido e aclamado por grandes nomes do cinema.