Uma cena viralizou nesta última segunda-feira (17/04): o cozinheiro Junior Grego foi visto ajudando uma pessoa em situação de vulnerabilidade social e com deficiência física a se alimentar. Entenda!
A segurança alimentar e nutricional no Brasil é um direito adquirido por todas pessoas, onde é previsto o acesso à alimentação adequada e saudável. Ainda que existam políticas públicas, o número de pessoas em situação de rua tem aumentado e ainda mais após a pandemia de Covid-19.
Estima-se que pelo menos 19 milhões de pessoas no Brasil estejam passando fome. Os dados são do levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
Para tentar diminuir a fome, o chef Rodrigo Oliveira, dono do restaurante badalado de São Paulo, Mocotó, ao lado de sua esposa, a historiadora Adriana Salay, criaram o projeto “Quebrada Alimentada”, que distribui cerca de 200 marmitas diariamente e aproximadamente 220 cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade na capital paulistana.
Do projeto, uma cena viralizou nesta última segunda-feira (17/04): o cozinheiro Junior Grego foi visto ajudando uma pessoa em situação de vulnerabilidade social e com deficiência física a se alimentar. Ele é visto dando a comida na boca do homem.
A foto foi tirada por um transeunte, Rafael Martins, que viu a cena e resolveu “eternizar” o momento. As imagens foram compartilhadas pelo próprio Rodrigo Oliveira, que, muito emocionado, comentou que Junior Grego frequentemente para sua produção na cozinha ou durante as entregas das marmitas, para ver se todos estão bem ou se alguém precisa de ajuda.
Vários internautas ficaram sensibilizados e outros terminaram confirmando a atitude nobre do cozinheiro. “Eu moro perto do Mocotó! Eu vi essa cena, e confesso que eu e minha esposa nos emocionamos, nos revigoramos”, comentou um internauta.
O projeto de Rodrigo Oliveira e Adriana Salay atende pessoas e famílias que ficam no entorno do restaurante, na Zona Norte de São Paulo, na Vila Medeiros. Em uma entrevista, em 2020, a historiadora Adriana Salay revelou que via a fome como algo epidêmico e que piorou devido a emergência sanitária da época.
“Se esse Estado que está hoje colocado não entende que essa população precisa sair da situação de fome, temos que fazer uma mobilização da sociedade civil e criar esse enfrentamento com o Estado”, comentou Adriana Salay, que é idealizadora do projeto “Quebrada Alimentada” ao lado de seu esposo, Rodrigo Oliveira.
Que o restaurante Mocotó tenha escolhido uma região cercada de favelas, na capital paulistana, força com que os comensais e visitantes olhem para a realidade nua e crua dos grandes centros brasileiros. Ao contrário de outros restaurantes tão premiados quanto o Mocotó, Rodrigo Oliveira decidiu ir na contramão e ajudar a comunidade.
De acordo com a Gazeta do Povo, o restaurante emprega majoritariamente pessoas que moram na comunidade. Ainda há incentivo para que os funcionários aprendam uma língua estrangeira e é estendido para pessoas que não trabalham no restaurante.
Com a chegada da pandemia, muitas ações precisaram ser encerradas. “Nós fechamos antes mesmo do decreto por não nos sentirmos seguros, e decidimos contribuir logo no dia seguinte cozinhando para a comunidade”, contou o chef Rodrigo Oliveira.
Desde então, o projeto vem recebendo ajuda e apoio de várias empresas, instituições e até doações de pessoas físicas. Em 2020 foram servidos 34 mil refeições e existe a estimativa que 15 toneladas de alimentos foram distribuídas entre os moradores da região. Para que o projeto continue funcionando, o restaurante também tem uma campanha permanente de arrecadação de recursos.
O projeto não é o único que atende pessoas em situação de vulnerabilidade social. O próprio Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) tem uma cozinha que foi aberta na região da Praça da Sé, e que leva o nome do sociólogo Herbert de Souza, no centro de São Paulo, onde são distribuídas cerca de 500 marmitas diariamente.