No dia 29 de março de 2023, o humorista e ator brasileiro Jorge Lafond completaria 71 anos. Ele foi o responsável por dar vida a drag queen Vera Verão, que atuava no elenco de “A Praça é Nossa”, apresentado por Carlos Alberto de Nóbrega.
Além do humorístico, Lafond participou das atrações globais “Viva o Gordo”, “Os Trapalhões” e da novela “Sassaricano”. Aos 50 anos, ele faleceu depois de ser internado em 2003 com problemas cardíacos. Foi uma referência para a comunidade LGBTQIAP+ e para pessoas negras.
Descubra algumas curiosidades que marcaram a breve trajetória da eterna Vera Verão.
1. Dançava como ninguém
Talento é para poucos! Jorge Lafond era apaixonado pelo universo da dança. Não à toa, estudou balé clássico e dança africana. Viajou por diversos países europeus e pelos Estados Unidos com apenas 17 anos, pelo grupo de dança do qual participava. Em meados de 1974, passou a compor a equipe de bailarinos do “Fantástico”.
Tinha uma enorme bagagem acadêmica, já que se formou em Educação Física pela Universidade Castelo Branco e também em Teatro pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mostrou que conhecimento é algo imprescindível para uma carreira sólida no mercado.
2. Vera Verão não era apenas um personagem
Impossível esquecer a personagem mais icônica do fim dos anos 90 e início dos anos 2000: Vera Verão, que carregava consigo o bordão “Êeeepa! Bicha Não!” pedindo respeito a cada discussão com seu jeito despachado e irreverente de ser.
Para Lafond, a drag era uma entidade. Em entrevista ao programa “De frente com Gabi”, conduzido por Marília Gabriela, o artista revelou que Vera Verão era uma manifestação de sua sexualidade e representava uma mulher que vivia dentro dele.
3. Continua sendo referência na comunidade LGBTQIAP+
Nascido na década de 50, Jorge Lafond viveu em uma época cercada por violência e preconceito contra homossexuais. Ele mesmo entregou que já era diferente dos demais meninos com quem convivia, quando tinha aproximadamente seis anos.
Já adulto, expôs para o mundo a sua sexualidade, sem pudor ou tabus, tornando-se um ícone da comunidade LGBTQIAP+ nos anos 90. Inclusive, continua sendo uma referência até os dias de hoje. O Distrito Drag, inclusive, apresentou na data em que seria comemorado seu aniversário de 71 anos, o Prêmio Jorge Lafond de Arte e Cultura, homenagem a personalidades da comunidade LGBTQIAP+ no Distrito Federal.
Em entrevista ao programa de Elke Maravilha, o famoso brincou com a cantora dizendo que fazia a linha menininho, bonitinho e comportado. “Depois de velho, eu chutei tudo”, divertiu-se ao constatar que após uma certa idade, mostrou a todos quem era de fato.
4. Jorge Lafond não nasceu careca
Há quem acredite que Lafond já nasceu sem cabelos, mas na verdade o ator raspou a cabeça pela primeira vez quando foi aprovado no curso de Educação Física, no Rio de Janeiro. Também durante sua entrevista a Elke Maravilha, alegou ter gostado tanto de sua aparência, que decidiu continuar raspando.
5. Foi o primeiro homem a ser rainha de bateria
Inovando e sendo uma figura de destaque, meses antes de falecer, Jorge Lafond deixou seu legado na história do Carnaval. Ele desfilou como rainha de bateria da escola de samba Unidos de São Lucas, em São Paulo, encarnando sua personagem Vera Verão.
E não para por aí: representou a primeira nudez do carnaval de rua, desta vez pela tradicional escola de samba carioca, Beija-Flor de Nilópolis. Também desfilou pela Imperatriz Leopoldinense, que fica no Rio de Janeiro.
6. Se inspirou em Chacrinha durante a infância
Desde criança, Lafond gostava de brincar de “Cassino do Chacrinha” com as demais crianças de sua vizinhança. Lá, a garotada gostava de se caracterizar com todos os apetrechos que tinham, montavam ainda um palco imaginário e se apresentavam como se realmente estivessem na atração.
7. Também se inspirou na atriz Monique Lafond
Para se destacar, Jorge Lafond quis usar um sobrenome artístico para ficar em evidência na mídia. Ele contou em entrevista à Marília Gabriela que escolheu o mesmo nome da atriz Monique Lafond, que na época estava cercada de holofotes. Seu objetivo era se diferenciar de outros “Jorges” da televisão!
8. Já trabalhou como mecânico
Para ajudar sua mãe, o ator começou a trabalhar muito jovem. Com menos de 10 anos, foi auxiliar em uma oficina mecânica próxima a sua residência. Aos finais de semana, também trabalhava junto com sua mãe em um parque de diversões.
9. Vendeu 1.500 livros em apenas um dia
Em entrevista, o comediante relatou que no lançamento de seu primeiro e único livro, “Vera Verão: Babados”, foram comercializados 1.500 exemplares. O evento aconteceu na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Algum tempo depois, ao contatar a editora responsável pelo lançamento, soube de uma estimativa de 10 mil livros vendidos.
10. Venceu uma enquete para entrar na “Casa dos Artistas”
Prestes a lançar a segunda temporada do reality show “Casa dos Artistas”, o SBT fez uma enquete perguntando quem o público gostaria de ver no confinamento. A simpatia por Jorge Lafond era tão grande que o ator ganhou de disparada, desbancando os concorrentes e recebendo apoio de diversas celebridades em uma escalação para o programa. Apesar de ter aparecido no primeiro episódio, sua participação foi vetada pela emissora.
Semanas depois, mesmo com a popularidade ainda em alta, Lafond foi convidado a se retirar do palco do “Domingo Legal” para que o padre Marcelo Rossi pudesse cantar. Em entrevista ao “TV Fama”, na época, ele afirmou que a ação teria causado um transtorno muito grande. Sempre sem papas na língua e destemido, enfatizou que se tivesse mandado o religioso para ‘aquele lugar’ não estaria tão estressado como ainda estava. O mesmo episódio já havia acontecido em uma rádio.
Frases mais memoráveis de Vera Verão
Além do tradicional bordão “epa, bicha não!”, a célebre personagem Vera Verão, interpretada por Jorge Lafond, verbalizou algumas frases icônicas que estão na boca do povo até hoje. Confira a seguir:
- “Estou de olho em você, querida!”
- “Hello, hello, Brasil!”
- “Eu sou rica, bem-nascida e bem-treinada!”
- “Alô, alô, Terezinha!”
- “Sabe o que é? É a idade!”
- “Mãe é mãe, né, querida?”
- “Estou muito bem, obrigada!”
- “A minha relação com a maquiagem é como a do pintor com a tela em branco.”
- “Eu sou uma mulher de negócios!”
- “A mulher nasceu para sofrer… Mas não precisa exagerar!”
Gostou de saber mais sobre este ator que rapidamente caiu nas graças do público e se consagrou no humor brasileiro?
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