Eric Perry, primo de Errol Lindsey, alegou que a família está se sentindo “retraumatizada” com o lançamento da série por streaming.
No dia 22 se setembro, a série “Dahmer: Um Canibal Americano” foi lançada na Netflix, e já atinge uma audiência considerável, ficando atrás apenas de “Stranger Things”. A produção narra a história de Jeffrey Dahmer, um serial killer estadunidense que atuou em Wisconsin de 1978 a 1991, cometendo crimes hediondos como estupro, necrofilia e canibalismo.
Assim que a série foi lançada, Eric Perry, primo de Errol Lindsey, uma das vítimas de Dahmer, compartilhou um tuíte revelando que era como se a família revivesse o julgamento, retraumatizando a todos. De acordo com o jovem, os Isbell não foram avisados com antecedência sobre a produção da Netflix, e a irmã Rita Isbell se sentiu “retraumatizada”.
“Eu não estou dizendo a ninguém o que assistir, eu sei que a mídia de crimes reais é enorme, mas se você está realmente curioso sobre as vítimas, minha família (os Isbell) está chateada com esse show. Está retraumatizando de novo e de novo, e para quê? De quantos filmes/programas/documentários precisamos?”, disse na postagem.
Ele ainda retuitou um vídeo em que comparava a Rita Isbell, irmã de Errol Lindsay, durante o julgamento, no momento em que parte para cima do serial killer, com a interpretação da atriz DaShawn Barnes da mesma ocasião. Nos comentários ele relatou que achava absurdo como os produtores e demais equipe técnica tentaram recriar a “prima tendo um colapso emocional diante do homem que torturou e assassinou seu irmão.”
Rita Isbell escreveu um relato em primeira pessoa para o Insider, revelando que assim que se viu no programa ficou incomodada. “Se eu não soubesse melhor, eu pensaria que era eu. O cabelo dela era como o meu, ela estava com as mesmas roupas. É por isso que parecia reviver tudo de novo”, disse a irmã da vítima, que reforçou que todos os sentimentos da época acabaram ressurgindo no momento em que assistiu a atriz dizendo e fazendo tudo o que ela fez durante o julgamento em 1992.
A irmã da vítima ainda reforçou que nunca foi contatada sobre o programa, e que sente que a Netflix deveria ter entrado em contato com a família e perguntado se eles se importavam com a gravação da série. Rita descarta pedir qualquer tipo de indenização até o momento, e acredita que eles tenham levado a ideia adiante apenas por “ganância”.
A série
“Dahmer: Um Canibal Americano” foi anunciado pela primeira vez em março do ano passado, com Evan Peters, um dos protagonistas da série “American Horror Story”, no papel do serial killer Jeffrey. Mas essa não é a primeira vez que a história do assassino é contada, em 2002 Jeremy Renner atuou no longa-metragem sobre o caso, e em 2017 foi a vez de Ross Lynch atuar na pele do canibal em outro longa.
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Embora a série percorra vários assassinatos de Jeffrey Dahmer, busca um olhar mais atento para a vítima que conseguiu escapar e que acabou se tornando a peça-chave para que o serial killer fosse finalmente preso e acusado pelos crimes. Nas redes sociais, o público oscila entre um lado que acompanha de maneira assídua o lançamento da Netflix, destacando o elenco como parte fundamental do sucesso do show; e os que tecem críticas contundentes, como o fato de Evan Peters ser considerado sex symbol depois de estrelar a série, os das cenas romantizadas de um dos mais cruéis assassinos que se conhece.
História de Dahmer
O primeiro crime que Jeffrey Dahmer cometeu foi em 1978, apenas três semanas depois de concluir o ensino médio, quando ofereceu carona ao jovem Steven Hicks e o levou para casa. De acordo com declarações do próprio assassino, ele espancou a vítima com um haltere de cerca de 5 quilos antes do estrangulamento.
Depois do primeiro crime, Dahmer se matriculou na Universidade Estadual de Ohio, mas acabou desistindo depois de apenas um semestre, muitos apontam que o abuso de álcool foi um dos principais motivos que o levaram a abandonar os estudos. Ele se alistou no Exército dos Estados Unidos, mas recebeu uma dispensa honrosa, como aponta o tabloide The New York Times.
Ele voltou para Ohio e morou durante um tempo com o pai e a madrasta, mas o álcool seguiu sendo um impeditivo para que a família o aceitasse integralmente. Depois, ele é enviado para morar com a avó em Wisconsin, onde transitou entre vários empregos e acabou sendo preso algumas vezes, incluindo por exposição indecente e conduta desordeira, como aponta a revista People.
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No fim de 1987, Dahmer assassinou Steven Tuomi, mas alegou no tribunal que teve um apagão depois de drogá-lo, e não se lembra do que ocorreu. Foi depois desse segundo crime que o serial killer começou a buscar vítimas com intuito expresso de seduzi-las e matá-las. Em 1991, quando finalmente foi preso, ele já tinha matado 17 homens e meninos.
Depois da confissão detalhada à polícia, Dahmer recebeu quatro acusações de homicídio doloso em primeiro grau, seguido por mais oito acusações de assassinato e mais três no fim de agosto, elevando o total para 15 em Wisconsin, como revela a AP. Em setembro do mesmo ano, ele se declarou “inocente das acusações por motivos de doença mental”, e posteriormente, em janeiro de 1992, mudou para “culpado, mas insano”.
A partir de então, ele tinha que provar a 10 dos 12 jurados que ele apresentava sinais de insanidade no momento em que cometeu os crimes. Caso fosse apontado como incapaz, ele poderia ser enviado a uma instituição estatal, onde poderia solicitar a liberdade anos depois; mas caso fosse considerado apto, seria encaminhado para a prisão.
O julgamento teve início no dia 30 de janeiro de 1992, e o encerramento ocorreu no dia 14 de fevereiro, sendo considerado são pelo júri, sem sofrer de transtorno mental no momento em que cometeu os assassinatos. Ele foi sentenciado a 16 penas de prisão perpétua, e assim que chegou na cadeia, acabou sendo assassinado em pouco tempo pelos presos.