De repente, o coração acha que está tudo perdido, que não há cor nos dias, que o céu não possui mais nenhuma estrela por conta daquilo que ocultamos dentro de nós mesmos.
De repente, a gente acha que nunca mais vai conseguir viver momentos de felicidade e passa a se esconder da própria essência sem perspectiva de nada, imaginando coisas que não existem mais.
De repente, é tudo de repente. A gente leva um susto, um baque e se desmancha por inteiro, achando que nunca mais vai se juntar de novo ou conseguir suturar aquela dor que provocou aquela ferida enorme na alma.
Aí, de repente, a vida vem e lança a semente do recomeço dentro da gente e começamos a entender que o que não era para ser, não foi e o que é pra continuar é necessário para que a gente sobreviva ao caos do cotidiano e até de nós mesmos sentindo uma força interior que nos sustenta feito milagre que Deus enviou como forma de dizer: Chega, é hora de tomar um rumo e seguir com o que tenho em mente!
De repente, a gente percebe que não quer viver de sobras e de resquício de sentimento.
Que a gente merece aquele tanto de azul que desponta quando a gente cria coragem de se vestir de esperança levantando a bandeira da paz traduzindo no olhar aquilo que o agora já relevou, esqueceu e perdoou.
De repente, os caminhos se mostram novos, frescos, mais brilhantes porque a gente quer que sejam assim e ninguém tem o direito de impedir nossos passos que, por vezes, estacionaram naquele canto sem luz e sem visão sem condições de seguir em frente.
De repente, a gente ganha um bônus extra de vigor, esperança, e percebe que precisa acenar e mandar notícias pra quem nos quer bem, sabendo que muita gente está ao nosso lado e que também sente conosco as coisas que atravessam nosso espírito.
De repente, é tudo muito confuso, dolorido, instável. De repente, a gente se assusta e corre com medo daquilo que parecia anormal, injusto e traiçoeiro.
Ai, a gente volta, volta mais devagar, mais assistido espiritualmente e pronto pra decolar para aquele voo que precisa nos direcionar, para que possamos acontecer.
Somos continuidade, embora, muitas vezes, a gente pare, repense, isole-se, respire.
De repente tudo aquilo ficou para trás e o novo vem, e absorve aquilo que a gente merece com o consentimento da vida.
E a gente decide viver por nós, pelo que buscamos e não pelo que os outros desejam..
Mas por amor-próprio, por querer cultivar cada minuto sem culpa, sem ter que dar satisfações ou, simplesmente, por mostrar a nós mesmos que, muitas vezes, envergamos, mas não entregamos o ouro aos bandidos.
Aí, a gente percebe que algumas coisas o tempo leva. Outras, a gente pendura no varal da alma, admira e sente que o tempo é sempre conivente com o que a vida nos coloca à prova.
De repente, é só desfazer todo aquele emaranhado que incomoda e tecer novamente aquele novelo de sentimento bonito.
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