A atriz de 59 anos abriu o jogo sobre temas sensíveis como política, passagem do tempo, maternidade, aborto e temas contemporâneos.
Conhecida pela versatilidade na atuação, Débora Bloch tem 59 anos e não tem receio de falar sobre amor após os 50 anos, além de outros temas polêmicos como aborto e drogas. Naturalmente progressista, pautas que envolvem os povos originários e a política acabam se entrelaçando, fazendo com que ela se torne cada vez mais uma profissional que acompanha as demandas e necessidades da população e do contexto histórico no qual se insere.
Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz estava muito perto de lançar dois trabalhos proeminentes de maneira simultânea: “Mar do Sertão”, novela das seis onde vive Deodora, uma personagem casada com o coronel da cidade; e “O Debate”, longa-metragem escrito por Jorge Furtado e Guel Arraes, com direção de Caio Blat, em que ela e Paulo Betti protagonizam.
Enquanto o folhetim fala sobre a elite do país que segue apegada ao poder, mas de forma descontraída, Débora Bloch conta que o filme faz o público pensar no país que desejam e na maneira que deseja participar desse momento histórico, principalmente porque estamos na corrida presidencial. A atriz reforça que o filme nasceu da urgência de participarem artisticamente desse momento político, principalmente em um contexto onde tudo pode mudar o curso do Brasil.
De acordo com Débora, a população brasileira vivencia um ataque à democracia, ao Estado de Direito, passando muito tempo discutindo fake news, declarações mal elaboradas e grosserias. Para ela, o que deveria ser realmente debatido eram as políticas públicas, distribuição de renda, saúde e educação, o que fez com que achasse importante participar do longa-metragem como artista e como cidadã.
Ao abordar temas mais atuais, Débora Bloch explicou que as pessoas passaram a ter consciência de temas que não tinham anteriormente, como machismo e racismo, e que todos precisam escutar, melhorar e aprender. Para ela, a “branquitude” permaneceu tempo demais com a palavra, sendo o melhor momento de silenciar, ouvir e mudar.
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Dentre suas principais bandeiras atuais, a atriz cita o meio ambiente e a forma como os seres humanos estão encarando as mudanças climáticas. Débora ainda citou autores como Davi Kopenawa, que escreveu “A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami”, e Ailton Krenak, “Ideias para adiar o fim do mundo”, e que tem acompanhado o que os povos originários têm passado, ficando completamente chocada.
Débora Bloch e a maternidade
Mãe de Júlia, de 28 anos, e Hugo, de 24, a atriz acredita que a criação dos filhos deve se basear majoritariamente no exemplo, além de oferecer o máximo de informação e cultura que for possível. Para ela, pensar na forma como foi criada, frequentando locais como teatros, cinema, exposições e consumindo muita literatura, acabou sendo a melhor forma que encontrou para ser mãe.
Sempre disposta a renovar seus pensamentos, Débora conta que são justamente os filhos que acabaram fazendo com que seu comportamento e ideias se tornassem mais fluidas. Ela explica que os dois têm uma liberdade sexual que admira, e lidam com temas complexos como gordofobia, classe, consumo e outros preconceitos. Além disso, ela fala abertamente sobre drogas e aborto, enfatizando que são questões de saúde pública, e que no caso da interrupção gestacional, as mulheres deveriam ter o direito de decidir sobre seus corpos e suas vidas.
Envelhecimento e a mulher
![“Não trocaria o que tenho hoje pela minha juventude. Não sofro por bobagem”, diz Débora Bloch](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/08/2-Nao-trocaria-o-que-tenho-hoje-pela-minha-juventude.-Nao-sofro-por-bobagem-diz-Debora-Bloch.jpg)
Para Débora, a cobrança da passagem de tempo recai muito mais sobre as mulheres do que sobre os homens, e ainda existe a questão de que trabalha como atriz, sendo a imagem um fator preponderante. Mesmo assim, ela explica que não é apegada à juventude, e que isso deve ser visto apenas como uma garantia de infelicidade.
Para ela, a maturidade acaba trazendo muitos benefícios, e garante que não trocaria o que tem e construiu hoje pela sua juventude, mesmo que tenha que lidar com as rugas e com as dificuldades em encontrar um biquíni. Em relação à libido e à sensualidade, por mais que o corpo mude, o desejo e a paixão seguem existindo, e é um exemplo disso, tendo voltado a se apaixonado aos 55 anos novamente.