E daí que eu tenho trinta anos e não tenho nada “de concreto” na minha vida. Não tenho um emprego fixo, não sou casada, não tenho filhos, não ando de salto alto. E quer saber? Dane-se!
Eu não quero saber se na minha idade você já tinha definido tudo, se já estava casada, se já falava 375 línguas e planejando o primeiro filho. Eu não sou você, nem quero ser!
E daí que errei deixando para trás o futuro que você achava ser brilhante para mim, se meti os pés pelas mãos me casando rápido e deixando minha vida para viver a nossa vida (minha e dele), se engordei demais, se me tatuei demais?!
Em algum momento, por um minuto que fosse, eu te pedi opinião sobre qualquer decisão minha?! Alguma vez eu meti o dedo na sua cara dizendo o que eu achava, ou deixava de achar sobre as decisões que você toma?
Errei, erro e continuarei errando. Mas acima de tudo, aprendendo com cada tropeço e tombo. E se tem uma coisa que eu – ainda bem – aprendi com todos esses anos de falhas, é que eu jamais poderei julgar ninguém, jamais devo criticar as decisões alheias porque não são os meus sentimentos que estão dando a cara a tapa com o que o outro resolve fazer com a vida dele! Por que é tão difícil de entender?!
Se você, aos trinta anos, já estava com sua vida financeira, emocional e psicológica super bem resolvida, parabéns, mas não aconteceu comigo, ainda.
Não, eu não quero saber quais concursos públicos estão abertos e se a minha prima de quinquagésimo grau está bem de vida porque é concursada, e no Brasil só se dá bem quem é funcionário público!
Dane-se o seu achismo, a sua fórmula exemplo de vida, o que a sociedade pensa que é melhor para MINHA vida. Dane-se tudo!
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Ao invés de me perguntar quais são meus planos para o futuro, o que pretendo fazer para estabilizar a minha vida, se eu não me arrependo de ter feito tantas tatuagens (e encher minha paciência, todas as vezes que me vê por causa delas), se eu não pretendo voltar para o exterior/eu me arrependo de ter voltado para o Brasil, se eu não acho que emagrecendo conseguiria um trabalho com mais facilidade. Ao invés de me empurrar para o precipício, ajudar a jogar terra na minha cova, ou me afundar mais para baixo dessa imensidão que já é a autocobrança (e piora muito com a cobrança de fora). Ao invés de ser mais uma corda no meu pescoço, pergunte-me se estou feliz, se estou bem. Fale-me de coisas legais, mostre-me aquele caminho que eu não consigo enxergar porque estou me debatendo tentando nadar de volta para a superfície. Caso contrário, dane-se.
Se não entende que cada pessoa tem seu tempo, tem sua forma de sentir e absorver as coisas, e que usando outras pessoas como exemplo de como eu deveria ser/agir é perda de tempo, porque ninguém é igual a ninguém.
Se não for realmente ajudar, apenas cale-se!
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