“Sábias palavras: Amigo é aquele conhece a música do seu coração , e a canta de volta, quando você esquece a letra.”
Às vezes, eu me sinto a pior pessoa do mundo, mesmo sabendo no fundo que não sou tão ruim assim, mas é como se eu tivesse caído e uma tonelada de lixo estivesse me soterrando, impedindo-me de levantar, e eu ali naquele momento faço parte daquele lixo.
Aos poucos eu vou conseguindo sair, respirar ar puro, ver a luz, ver quem eu sou de verdade, mesmo com uma nuvem negra em cima da minha cabeça, é tipo um dia de chuva particular, enquanto todos brincam no sol eu estou em guerra com meu guarda- chuva aberto, tentando impedir o pior eu o enfrento mesmo sabendo que algumas gotas vão respingar, molharei a barra da calça e, por vezes, água vai entrar nos sapato, incomodando-me, porém, eu tenho que respirar e continuar… Eu sei que tenho bom-humor mas, às vezes, é difícil me tirar um sorriso. O sorriso que era doce ontem, torna-se amargo, falso, e quase que impossível para mim hoje.
Ah! Às vezes eu não quero encarar, às vezes tenho preguiça de abrir o guarda-chuva. Fico ali parada, molhando-me, e enquanto o vento desarruma meus cabelos, eu só desejo uma coisa, que o tempo passe, que a chuva passe, ali eu não quero enfrentar nada mas só o fato de ficar ali mostra ( inconscientemente) o quanto eu sou forte.
Nessas hora eu acredito que isolamento social vai me ajudar. Eu sei! É furada, mas eu me tranco no quarto, não falo muito, não vejo meus amigos, desapareço das redes sociais, vou só onde realmente tenho que ir, e poucas coisas me dão alegria, por vezes, nada me dá alegria. Só fico ali enfrentando minha tempestade particular.
E isso é péssimo, eu sei! Só que acredito que sou um fardo muito grande, uma carga gigantesca e que eles não merecem isso. Por vezes, eles nem entendem isso, ficam me chamando de estranha e pensam que não estou em um bom dia, na igreja errada, ou com a pessoa errada. Deus! Tem uma guerra na minha cabeça, um furacão no meu peito, e você ainda acha que sou capaz de responder quando me perguntam se tá tudo bem?
Por que ninguém entende que está doendo, é como se tivesse uma fonte de sangue jorrando em meu peito, mesmo assim ninguém ver, por que tão visível, dolorosa para mim e indolor e invisível aos outros. Não é porque eu falo ” tudo” que realmente está tudo bem. Se após a resposta veio aquele olhar para baixo um tanto perdido, é bem capaz de não estar tudo bem, e eu estar esperando para você pular para aquela parte do abraço. Eu não sei explicar o que sinto, o que penso, mas eu não preciso explicar só preciso que seja real, e quando eu sumo, eu não queria na maioria das vezes ir embora, poderia só querer que me achasse, que nem nas outras vezes que me mostrou a direção, quando me perdi.
A vida tornou-se um grande jogo de aliados, de acordo com a suas necessidade vão montando as alianças, poucos ainda se unem pelo amor, um campo de guerra de egos infláveis. Antigamente as pessoas conservavam, as amizades faziam as pazes, iam conversar, os problemas tinham solução… hoje, assim como os objetos, as pessoas são meramente descartáveis, hoje perde-se um “amigo” por qualquer coisa.
E no olho desse furacão, chamado vida, por incrível que pareça eu só vou tentando ficar viva, e encontrar sua mão, você pode ter cansado, mas ainda está perto eu sinto seu coração bater, não desiste de mim. Fala! Que essas idéias tortas são banais, e que não seria melhor voltar ao pó . Eu não sou seu fardo, né?
Às vezes, eu me tranco por tanto tempo, que me falta cara para aparecer, mas eu apareço, só não desista de mim. Na verdade tenho medo, eu tenho um medão incrível de perder o que é importante para mim, eu já perdi tantas coisas e pessoas que amei, eu já vi tanto sonho virarem pó.
Fugir torna-se tão bom, eu tenho um dom tão grande de estar, e não estar ao mesmo tempo. Parece que ando me teletransportando em minhas ilusões, o que faz eu viver mais no mundo de sonhos, e sofro quando vejo o real… ilusões que vem abaixo como milhares de baldes de tinta me molhando da cabeça aos pés, tintas dos meus sonhos derretidos. Vejo ali parada todos eles indo ralo abaixo, engolidos pelo furacão da vida. Doloroso!
Por isso tudo que carrego no peito, na mente, eu tenho minhas crises, queria que nossa amizade fosse para você tão leve, assim como é para mim.
E quando vejo que o fardo está pesado, eu me afasto, se nem eu aguento e já que não sei dividir, é justo que carregue sozinho.
Eu tenho medo dia e noite de perder sua amizade, faço tudo para que não, pois és digna de definição de dicionário Aurélio, mas sei que às vezes faço que sim, sei que tem sido paciente e que às vezes a paciência se anula, mas por favor, não desista de mim.
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