Vários pacientes relatam receber o diagnóstico de diabetes logo depois de passarem por um quadro traumático, levantando o debate: diabetes emocional existe?
Segundo a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), a diabetes é uma doença crônica que faz com que o corpo não produza insulina ou não consiga empregar de maneira adequada a insulina que produz. Existem quatro tipos muito falados pelos médicos: a diabetes tipo 1, a tipo 2, a diabetes gestacional e a pré-diabetes.
A diabetes tipo 1 aparece entre 5 a 10% da população, e aparece principalmente na infância ou na adolescência. Neste caso, pouca ou nenhuma insulina é produzida pelo corpo, o que faz com que o açúcar fique na corrente sanguínea dos pacientes. A diabetes tipo 2 acomete cerca de 90% das pessoas que possuem a doença, e é quando o corpo não consegue empregar a insulina produzida de maneira adequada.
A diabetes gestacional, como o próprio nome diz, surge durante a gravidez em algumas mulheres. Isso acontece porque a placenta, por exemplo, é uma importante fonte de hormônios que acaba reduzindo a ação da insulina, isso faz com que o pâncreas compense esse cenário, produzindo ainda mais insulina. Em alguns casos, esse equilíbrio não acontece, desenvolvendo um quadro de diabetes gestacional, que pode fazer com que o feto cresça excessivamente, levando a hipoglicemia neonatal e até obesidade e diabetes na fase adulta.
O último tipo muito falado envolve um quadro antes que a doença crônica se instale. O pré-diabetes pode ser observado quando os níveis de glicose no sangue estão acima das taxas normais, mas ainda não em um número que chegue a caracterizar diabetes tipo 2. Mas existe um tipo de diabetes que ainda é pouco falado: a diabetes emocional.
Recentemente, a notícia de que Léo, filho de Marília Mendonça, de apenas dois anos, desenvolveu a doença depois de sofrer o trauma de perder a mãe, tomou a internet. Muitas pessoas se perguntaram sobre o que era afinal a diabetes emocional, e a SBD já abordou o assunto em seu site.
A avó da criança, Ruth Moreira, explicou que a glicose do neto foi a 423, e que ele ficava apenas pelos cantos da casa, demonstrando muita tristeza, chamando pela mãe e querendo entrar em seu quarto. O termo oficialmente não existe na medicina, mas a SBD explica que a diabetes pode sim ser desencadeada por altos níveis de estresse, “é uma reação do corpo quando ele sente como se estivesse sob um ataque”.
Quando o estresse ou eventos traumáticos acontecem, o organismo se prepara para o pior, algo que os médicos chamam de “atacar-ou-correr”. Essa reação faz com que vários hormônios sejam liberados, fazendo com que mobilizem uma grande quantidade de energia que estava guardada na forma de açúcar e gordura, que são levadas até as células para que o corpo responda ao suposto “ataque”.
Considerada uma doença autoimune, ela pode acabar surgindo depois de viroses, exposição precoce ao leite de vaca, hábitos alimentares ruins, hábito de sono ruim e eventos traumáticos, como a perda de um familiar muito próximo. Qualquer quadro de elevação da glicose no sangue precisa ser investigado, isso porque o estresse não afeta apenas a saúde emocional, mas também a física, fazendo com que vários órgãos, como o coração, fiquem sobrecarregados.
Os responsáveis precisam ficar atentos aos sintomas nas crianças, como sede exagerada, fome excessiva, perda de peso considerável e até mesmo problemas na visão. Quando se trata de bebês, como é o caso de Léo, a ausência de fome e algumas dores abdominais podem ser os principais sintomas. Como é uma doença crônica, significa que não tem cura, ou seja, a pessoa precisa passar a vida inteira lidando e controlando o quadro.
No caso de Léo, Ruth conta que ele tomava altas doses de insulina no início, e que o quadro foi se estabilizando, chegando ao ponto de chegar a passar semanas sem tomar a medicação. Os especialistas afirmam que a mudança de hábitos e a redução do estresse podem fazer com que os níveis de açúcar no sangue diminuam, mas sempre será preciso manter um acompanhamento médico.