Para a artista, a dificuldade em refazer um clássico brasileiro é grande, mas ficou surpresa ao perceber que os brasileiros se encontraram na trama e no trabalho dos atores.
A novela “Pantanal” sempre foi considerada um sucesso no Brasil, tanto em sua primeira versão, transmitida em 1990, quanto a atual, que foi ao ar 32 anos depois na Rede Globo. De acordo com o público, essa acabou se tornando uma das únicas produções dos últimos anos que realmente uniu gerações em frente da telinha, algo que muitas emissoras já não vêm mais ocorrer, muito por conta da tecnologia e do amplo uso de computadores e smartphones.
Quem também percebeu o impacto que o folhetim teve na população foi a atriz Dira Paes, 53 anos, que interpretou Filó e fez o público suspirar na paixão que sua personagem tinha por Zé Leôncio (Marcos Palmeira). Para a artista, essa percepção ocorreu dentro de sua própria casa, quando um dos filhos comentou o quão famosa ela estava com a novela.
Segundo reportagem do jornal Extra, Dira Paes, que é mãe de Inácio, 14 anos, e Martim, seis anos, foi muito elogiada pelo primogênito dentro de casa depois do sucesso de “Pantanal”. De acordo com a atriz, o filho adolescente disse que ela tinha ficado famosa, e essa percepção que teve é algo que acaba se refletindo na população brasileira.
De acordo com a famosa, é muito complexo mexer em um clássico brasileiro, e “Pantanal” teve muito sucesso em sua primeira versão. Mas, por incrível que pareça, mais de três décadas depois e com um novo elenco e equipe técnica, eles conseguiram novamente atingir o coração das pessoas. Para Dira, a novela foi capaz de acertar o feminino, o masculino e o “flozô” de cada um, se tornando uma “confluência de encantos”.
Dira Paes e maternidade
A atriz acredita que tem muitas similaridades com sua personagem Filó, sendo a forma de maternar uma delas. Para Dira, se fazer presente na vida dos filhos e sendo capaz de prestar atenção nos detalhes, são duas qualidades que consegue enxergar tanto na dramaturgia quanto na vida real.
Para ela, o maior desafio é conseguir conciliar a educação de dois homens sob um viés feminista, mas as coisas acabam se desenrolando no dia-a-dia. Por mais que seja necessário repetir constantemente, se tornando exercícios chatos e cansativos, a atriz explica que ela e o marido estão sempre dispostos a rever os próprios conceitos, em prol de uma educação mais respeitosa e equânime. De acordo com Dira, em sua casa nenhuma pessoa é empregada de ninguém.
Essa visão mais igualitária no desenvolvimento e crescimento infantis acompanha as famílias mais progressistas, e tem se tornado realidade em grande parte do mundo. Discussões como o papel do homem e da mulher nos afazeres domésticos e salários iguais quando ambos desempenham a mesma função acabaram virando destaque em pautas políticas e econômicas, iniciando ainda no berço.
Carreira de Dira Paes
Nascida no Pará, em 1969, Dira se formou em Filosofia e Artes Cênicas pela Unirio, e sempre alimentou o sonho de atuar, mas a infância simples impediu que ela pudesse investir na carreira. Em 1985, se inscreveu para uma seleção realizada pelo produtor John Boorman, que queria escolher uma atriz brasileira para atuar em um filme nos Estados Unidos.
Mesmo sem nenhuma formação oficial, Dira se destacou e foi escolhida entre mais de 500 candidatas, estrelando o filme “A Floresta das Esmeraldas”. Desde então, sua carreira apenas cresceu, realizando produções brasileiras e em outros países. Além do cinema, a atriz passou a aparecer em produções televisivas, popularizando ainda mais seu trabalho, fazendo com que se tornasse conhecida por sua versatilidade.
Dira já foi indicada 12 vezes ao prêmio Grande Otelo, vencendo como Melhor Atriz em 2013, além de três Prêmios Guarani, dois Prêmios APCA, dois Prêmios Qualidade Brasil, três Kikitos do Festival de Gramado, cinco Candangos do Festival de Brasília e um Prêmio Extra. Além disso, a atriz ainda é uma das dirigentes do Movimento Humanos Direitos.