A empregada doméstica Andréa Batista dos Santos, natural de Salvador (BA), decidiu buscar seus direitos trabalhistas na Justiça após enfrentar condições desumanas no emprego.
Em uma entrevista ao programa Profissão Repórter, da TV Globo, ela revelou que seus ex-patrões utilizavam uma câmera na cozinha da residência onde trabalhava para vigiar suas ações, especialmente para verificar se ela comia alimentos da geladeira ou do fogão.
Andréa trabalhava longas jornadas, entrando por volta das 6h ou 6h30 e saindo entre 19h30 e 20h, mas relatou que não recebia qualquer alimentação adequada durante o expediente. Havia até mesmo dias em que não tinha a oportunidade de comer, o que a deixava faminta até a noite. Mesmo diante dessa situação desumana, ela perseverou no emprego, pois precisava do dinheiro para pagar um curso que estava realizando.
Além de ser proibida de comer os alimentos da casa, Andréa também revelou que, quando os patrões viajavam, não deixavam sequer frutas disponíveis para ela, fornecendo apenas água como forma de “alimentação”. Essas condições agravaram ainda mais a sua situação, gerando um ambiente de trabalho desfavorável e prejudicial à sua saúde.
Após sua saída do emprego, Andréa entrou em contato com a assessoria jurídica do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Domésticas da Bahia (Sindoméstico-BA), onde recebeu orientação do advogado Wagner Bemfica Araújo sobre como prosseguir com o processo judicial contra seus ex-patrões.
O programa Profissão Repórter acompanhou Andréa até a audiência, porém, a outra parte, ou seja, os antigos empregadores, não compareceu. Esse fato pode ser interpretado como um desrespeito ao processo legal e ao direito da trabalhadora de buscar justiça.
Para sustentar suas alegações, Andréa apresentou provas, incluindo um áudio de sua antiga patroa suplicando para que ela não fosse embora e a esperasse em casa. Esse áudio, que foi exibido na TV Globo, mostrou que a trabalhadora deixou o emprego justamente porque estava passando fome e já havia cumprido todas as suas obrigações laborais.
A situação era tão opressiva que a câmera instalada na cozinha era usada para monitorar todas as atividades de Andréa, desde o que ela comia até mesmo a maneira como organizava sua bolsa no momento de ir embora. Esse comportamento invasivo dos empregadores revela uma clara violação de privacidade e uma tentativa de controle excessivo sobre a trabalhadora doméstica.
Em resposta às acusações, os patrões de Andréia apenas se manifestaram através de mensagens, negando todas as alegações feitas pela ex-empregada. Entretanto, as evidências apresentadas por Andréa e sua coragem em expor essa situação indicam que ela está disposta a lutar por seus direitos e fazer valer a legislação trabalhista que protege os profissionais domésticos.
Esse caso chama a atenção para a importância de proteger os direitos dos trabalhadores domésticos, garantindo condições dignas de trabalho, respeito à privacidade e acesso a uma alimentação adequada durante o expediente. Além disso, reforça a relevância dos sindicatos e das leis trabalhistas como instrumentos para combater a exploração e as injustiças no ambiente de trabalho.