Existe uma espécie de amor primitivo, chamado instinto. Ele pode até querer bem, mas acontece na base das reações mais irracionais e interesseiras-é o que satisfaz. É justificável por alguns, que ainda vivem nesse estágio de cegueira da consciência.
Há um segundo estágio, conhecido por amor sensação; que já é mais avançado e respeitoso que o primeiro, mas não menos egoísta e cego. Ele sobrevive de bons momentos e superficialidades, decisões impensadas, presença circunstancial, encontros de interesse; além de uma fé estranha de que tudo caminha bem e é como deveria ser.
Mas é como estar ao lado de um desconhecido rumo a lugar nenhum: pode até ser que, ao longo dessa caminhada, as carências e falta de opção, a lei do menor esforço, o atraiam; porém, será bem mais por comodidade e pela aparente companhia para a vida do que pelo amor. “Ama-se” no automático, como quem se olha num espelho, desejando, no inconsciente, uma satisfação, uma aprovação social talvez, e uma gratificação pessoal maior do que a felicidade alheia- é até bacana, não perturba muito, e ok. Se esse parceiro couber nisso, segue-se adiante com novas e pseudo-boas sensações, às vezes por uma vida toda, sem o menor questionamento profundo sobre isso.
Já a evolução do primeiro estágio, quase embrião e dessa segunda fase-semente; é o puro amor. Nele existe o instinto e também as boas sensações-todas respostas que preenchem; mas além disso, há toda uma verdade pessoal, profundidade e uma relação de condição apenas consigo próprio (o amor é mesmo incondicional); e por mais que se olhe para si, o maior desejo é de ver o outro feliz, ou no mínimo, melhor do que estava; é não competição, é mais espírito e menos ego. É permitir-se sem as chantagens do inconsciente virem à tona (autodefesa, autosabotagem, repetições de padrões de relacionamentos anteriores ou familiares, medos e bloqueios, crenças limitantes, etc) porque tudo caminha de modo fluido e respeitoso.
Aqui ama-se porque há uma plenitude e completude nas ideias, ações, sonhos e alma. Há afinidade, intimidade, liberdade e reconhecimento daquele outro ser inteiro. Há sonhos sem pressão, há caminhos sem roteiro e apreciação do que o outro é, em sua essência e existência. É observar a natureza e os movimentos do outro, que se encaixa perfeitamente; e ao mesmo tempo, é tão diferente de sua visão de mundo, é perceber que ainda assim, pode-se aprender algo novo com essa experiência.
Ninguém nasce sabendo: vivenciar esse amor pleno (e não só passar perto dele) também vem da coragem, do mergulho e da entrega ao autoconhecimento; aprende-se, desenvolve-se e potencializa-se um terreno fértil a essa vivência quem decide observar a fundo o silêncio de seu abismo interno. Também é treino de generosidade e menos afetação; com autodisciplina, dedicação e muita sinceridade, ao olhar para si com interesse genuíno em conhecer cada desejo, cada trauma; é buscar de fato, evoluir.
E não adianta buscar um Coach para trabalhar melhor com gente lá na empresa, lidar com metas; emagrecer, etc; se você não consegue ter amor próprio suficiente para permitir-se amar profundamente e sem limitações, sem as fugas e os entraves impostos por você mesmo.