Pão australiano de cortesia, a cebola gigante como entrada e a costela suína como prato principal tornaram-se ícones para os consumidores brasileiros, que frequentemente se aglomeram nas portas dos 158 estabelecimentos da rede Outback no Brasil.
Contudo, apesar da popularidade do empreendimento, a proprietária americana, Bloomin’ Brands, está avaliando sua atuação no Brasil e considera uma possível venda. Fontes de mercado indicam que a cadeia de restaurantes pode ser adquirida pela Mubadala Capital dos Emirados Árabes, atual proprietária, por meio da Zamp, das marcas Burger King e Popeyes no país.
Pierre Berenstein, vice-presidente executivo de Estratégia Global de Clientes e operações no Brasil da Bloomin’ Brands, menciona que a empresa está avaliando diversas opções, que vão desde a venda total do negócio até a busca por um sócio estratégico. As opções incluem a venda de direitos de licenciamento das marcas, refranquias e até uma possível oferta pública inicial (IPO) da operação brasileira.
O executivo ressalta que a meta é otimizar o retorno para os acionistas, já que a empresa é de capital aberto nos EUA. A rede opera em 23 países com 1.450 lojas e 87 mil colaboradores, dos quais 12 mil estão no Brasil. Berenstein revela que o Bank of America foi contratado para conduzir o estudo sobre o futuro da empresa no Brasil.
— Estamos avaliando diversas possibilidades para maximizar o valor. Como o negócio é extremamente lucrativo, esperamos grande interesse assim que se tornar público. No entanto, isso não garante que encontraremos a parceria ideal que procuramos — afirma Berenstein.
Além do Outback, a Bloomin’ Brands opera 16 filiais da Abbraccio, especializada em comida italiana, e a Aussie Grill, focada em sanduíches de frango por delivery, com 100 pontos de entrega e duas lojas físicas.
Em 2023, foram inauguradas 16 novas unidades no Brasil, e para este ano, estão previstas 24 novas lojas, com 18 do Outback e seis da Abbraccio, cada uma representando um investimento de aproximadamente R$ 5 milhões. Berenstein assegura que as marcas permanecerão no país, lembrando que em 2019, a corporação americana buscou um sócio, mas sem sucesso.
— A organização global está saudável, assim como as operações no Brasil. Estamos considerando alternativas. Caso não encontremos o sócio ou a estrutura adequada, continuaremos a investir e expandir. O Outback, Abbraccio e a própria Bloomin’ Brands não deixarão o Brasil. Uma possibilidade eventual é o licenciamento, refranquia ou tornar a operação pública — declara Berenstein. — Mas o nome da marca permanece sendo Bloomin’ Brands, que continuará a garantir os padrões, serviço e atendimento.
A intenção é que um possível sócio ou novo proprietário das operações físicas no Brasil ajude a expandir os investimentos locais. A empresa anunciou recentemente planos para alcançar 300 unidades no país e está desenvolvendo um aplicativo de delivery para suas três marcas.
— O Brasil está menos avançado que os Estados Unidos. Aqui, a alimentação fora de casa corresponde a 34% do setor de serviços de alimentação. Nos EUA, essa era a realidade dos anos 1970 — explica Berenstein. — Outra diferença é que apenas 20% dos restaurantes no Brasil fazem parte de redes. Nos EUA, essa proporção é de 80%. Há um grande potencial para consolidação de cadeias.
Interesse árabe no setor de alimentação
Com esse potencial em vista, o setor de varejo de alimentação tem atraído o interesse de várias empresas, especialmente após a pandemia. A Mubadala Capital, em particular, tem aumentado seu interesse no mercado brasileiro. A empresa do fundo soberano de Abu Dhabi está negociando a aquisição da Starbucks, em uma fase preliminar com a matriz americana, e, segundo fontes, participará do processo de venda do Outback.
Um analista observa que a estratégia da Mubadala é expandir o negócio por meio de densidade e logística, usando uma rede de distribuição única para reduzir custos e aumentar a rentabilidade. Além da Starbucks e do Outback, a empresa também está interessada em marcas como TGI Fridays e Subway, atualmente parte do grupo SouthRock, que passa por recuperação judicial.
A Mubadala optou por não comentar sobre o assunto.