Com o amor não tem essa de se programar, de se controlar ou de se direcionar o sentimento para quem é o mais certo para nós. Aliás, nem existe certo, no amor, existe quem devolve carga emocional digna e verdadeira.
***
Na maioria das vezes, o nosso coração é flechado quando menos esperamos, e podemos acabar atraídos por quem não tem nada a ver conosco. Porque com o amor não tem essa de se programar, de se controlar ou de se direcionar o sentimento para quem é o mais certo para nós. Não existe certo, no amor, existe quem devolve carga emocional digna e verdadeira.
Temos necessidade de tentar controlar o rumo de nossas vidas, o que não é de todo mal, uma vez que é preciso planejar o futuro e manter disciplina em muitos setores. Porém, em vários momentos, nada do que esperávamos acontece e somos surpreendidos pelo inesperado. Ah, como nos fazem bem as surpresas agradáveis, que nos descortinam uma outra visão das pessoas e do mundo. Isso é crescimento, é aprimoramento.
Embora as surpresas desagradáveis nos assolem, também seremos confortados pelos inesperados encontros mágicos que farão toda a diferença em nossa jornada. Estarmos abertos às mudanças que nos abalarão as certezas será vital ao nosso amadurecimento, possibilitando-nos experenciar novos sabores, novas sensações, tornando-nos mais gente, mais felizes.
Quem disse que temos de procurar alguém que tenha os mesmos gostos, as mesmas idéias, idades e afins, para que um relacionamento possa durar e dar certo? Aliás, a mesmice dificilmente traz aprendizado, pois acaba por nos paralisar no terreno cômodo e insosso do conforto medíocre. Muitas vezes, teremos de nos lançar ao desconhecido, ao novo, àquilo que nos dizem ser errado, porque ninguém, a não ser nós mesmos, sabe com certeza o que queremos de verdade.
Entrar em contato com o que não se encaixa ao que consideramos adequado nos leva a repensar e a ressignificar o mundo, oportunizando-nos que nos desvencilhemos de amarras mal sustentadas por preconceitos e convenções sociais arenosas. Amar alguém que nos ama jamais poderá ser destrutivo, por mais que o parceiro pareça avesso ao que somos. Abafar os sentidos seria muito pior.
Não nos prendamos, enfim, ao que os outros esperam de nós, ou estaremos fadados a nos afastar de experiências inesquecíveis e marcantes. Caso não nos esvaziemos da dignidade que nos define, poderemos sem medo nos entregar ao inesperado, ao incerto, afinal, é errando que se fortalecem nossas convicções. Ame sem freios, sem pudor, sem censura, ou jamais será feliz de fato.
Porque é o amor verdadeiro, que não retira mas soma, que dá sentido à vida de qualquer um de nós. Assim somo nos ensina aquela famosa canção de Renato: “e quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?”