Leia ouvindo: Echoes – Solstis
O entendimento nunca é tão simples, já o julgamento chega com facilidade. Apontar o dedo para o outro é feito com maestria para a maioria, em tempos atuais parece até ser normal. E sabe, não é normal!
Talvez o maior objetivo que carregamos nessa vida seja também o mais esquecido: tudo, absolutamente tudo, é aprendizado.
Somos assim: se não damos conta da nossa vida olhamos para o lado e decidimos que é hora de cuidar da vida do outro. E daí voltamos para aquela primeira frase lá em cima. Um verdadeiro circo emocional! Um ciclo completo.
Você aponta o dedo para ela, mas esquece que existem tantos outros apontados para você. Você não percebe o quanto aquele sorriso é forçado, o quanto aquela vida que você acredita ser de cinema é sofrida. Você aponta o dedo para a riqueza. Você aponta o dedo para a pobreza. Você fala sobre Deus mas faz da vida do outro um inferno.
Você quer, e quando quer passa por cima de tudo e todos para conseguir. Você não faz a menor questão de se colocar no lugar do outro. Você esquece que bonito mesmo é ser coerente. Talvez seja hora de você ser muito daquilo que você aparenta ser no seu perfil, naquela rede social. Talvez seja hora de você aprender que o silêncio vale outro e palavras demais não significam nada. Talvez você deva gastar energia cuidando da sua vida. Talvez você deva abraçar mais seus sonhos. Talvez você deva olhar mais para o seu lado negro e com certeza abraçar com doçura o que tem de bom.
Buscamos incansavelmente o lado mais obscuro do outro para nos sentirmos mais leves com o nosso. Seja nas críticas, nos comentários e até mesmo nos pensamentos. O outro errar alivia a nossa falha. O outro acertar liberta os nossos demônios.
Não estamos preparados para ver a estrela do outro brilhar, essa é a verdade. Nós queremos a tragédia, a dor e o sofrimento alheio, e assim, valorizamos aquilo que nós temos. Preciso ver alguém numa situação pior que a minha para valorizar o que eu tenho. Não aperta o coração de vocês? O dela sempre apertou.
Aquela menina se tornou mulher cedo. Aprendeu que é no seu pior que o melhor acontece. A vida sempre deu as mesmas opções para todos: o lado positivo e o negativo. E apesar do mundo fazer questão de olhar para ela de maneira negativa (como faz com todos!), ela escolheu o lado positivo.
E veja só o que ela conquistou: aquele sorriso sincero estampado na cara.
Mal sabe você que aquela vida nunca foi e nem será perfeita. Mal sabe você todas as vezes que ela adormeceu chorando e teve – por obrigação – amanhecer sorrindo. Mal sabe você de todas as humilhações que ela já passou para conquistar o tal do respeito. Mal sabe você todos os abusos psicológicos que ela driblou. Palavras tem um poder absurdo de destruição.
Mas apesar das pancadas, ela novamente decidiu ser positiva. Decidiu que os limões mais azedos dariam uma doce limonada. Açúcar, afeto e pitadas de fé. O que ela ganhou com isso? Aprendizado.
Aprendeu muito sobre limões, sobre limonada, quantidade exata de açúcar, os punhados necessários de afeto e o quanto a fé se faz realmente necessária.
Aprendeu a usar dificuldade como trampolim. Aprendeu a controlar a respiração para ganhar fôlego. Descobriu que menos é realmente mais. Parou com essa história de olhar a vida alheia. Aliás, as vezes ela até olha, mas para e pensa: será mesmo que é só de cuidados e boa energia que essa grama se faz mais verde?
Enquanto muitos trapaceiam e acham que a vida é traiçoeira, ela prefere responder com sinceridade e transparência. Dói, mas imaginem vocês o peso de algumas consciências?