O escritor e médico psiquiatra abordou a importância desta diferença-chave na criação dos filhos.
Içami Tiba foi um renomado psiquiatra e escritor, que focou seu trabalho nas questões complexas do desenvolvimento das crianças envolvendo a família e os responsáveis por elas.
Mesmo que, infelizmente, tenha falecido em 2015, sua sabedoria quanto à criação dos pequenos quebrou barreiras e continua sendo estudada e difundida por meio de palestras e livros que escreveu, vendidos aos milhares.
Em uma entrevista cerca de um ano antes de sua morte, Tiba fala sobre o conceito de educação sustentável — quando tudo o que se passa para um filho pode ser usado por ele por toda a vida, não somente em momentos específicos — e abordou uma questão interessante: não são os erros que nos ensinam algo, como popularmente é dito, mas sim a correção desses erros é que podem nos alavancar. E ter ciência disso é essencial nos valores que se pretende passar para uma criança.
O psiquiatra defende que os pais sejam orientadores de seus filhos, não pessoas que apenas dão broncas. Quando uma criança erra, os pais não devem apenas tomar aquilo da criança e fazer por conta própria — seja algo simples, como guardar os brinquedos no local certo, ou algo mais complexo, como resolver questões com as atividades da escola —, mas sim dar a oportunidade da criança de rever o que fez e consertar seus equívocos. Mas nem sempre quem está criando tem essa paciência.
Seguindo a primeira linha, a de corrigir a criança a cada erro, mas sem dar a oportunidade para que ela descubra uma forma de solucionar suas questões, os pais podem estar criando uma pessoa que em sua fase adulta não conseguirá olhar além de seu erro e tentar consertá-lo, afinal, durante sua infância, sempre houve alguém para solucionar seus problemas.
De fato, assim como disse o psiquiatra, não é o erro sozinho que dá repertório para alguém, mas sim a forma com que se reage a esse erro.
Quando a pessoa não é estimulada desde cedo a buscar soluções para suas questões, mesmo que elas sejam muito leves na infância, pode ser um adulto que dificulta muito mais sua vida do que o necessário.
Convenhamos, viver por si só neste mundo já é desafiador, e para algumas pessoas pode ficar mais complicado ainda, pois confrontadas com adversidades, as quais ninguém poderá resolver para elas, os caminhos que tomam em busca de uma solução são muito mais penosos do que o de alguém que a vida toda foi incentivado a pensar por sua conta e correr atrás das soluções dos próprios problemas.
É compreensível que os pais queiram aliviar a mente dos filhos de qualquer atribulação, independentemente se são crianças ou adultos, mas é crucial que esse indivíduo aprenda a se sustentar sobre os próprios pés, afinal uma hora ele estará por conta própria.
Pode parecer um exercício muito trabalhoso, mas pais, pensem sempre que quando vocês estão fazendo por conta própria algo que seu filho pequeno conseguiria fazer com sua orientação, isso pode influenciar negativamente na vida adulta dele. Sua educação deve ser vista no longo prazo, mesmo que ainda esteja lidando com um bebezinho.
É claro, você como pai, mãe ou responsável não é proibido de ajudar o pequeno, de forma alguma. Mas mais importante do que corrigir um único problema é a sensação daquele indivíduo que você está criando — tanto hoje quanto no futuro — de que ele é capaz de fazer o que precisa ser feito e que descobriu isso porque lá atrás, na sua infância, uma pessoa muito especial sempre acreditou nele.