Visando aumentar a inclusão no âmbito escolar, um colégio do Rio de Janeiro resolveu adotar a linguagem neutra.
O uso da linguagem neutra é um assunto que vem sendo discutido cada vez mais nos últimos anos, fazendo com que termos como “todxs” e “elu” sejam incluídos no dia a dia, em prol da linguagem não-binária. Em 2020, por exemplo, um colégio de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, resolveu adotar a linguagem no ambiente escolar, gerando polêmica na região sobre o assunto, bem como discussões entre pais, alunos e professores.
De acordo com as informações da CNN Brasil, o caso aconteceu no colégio particular Liceu Franco-Brasileiro, no dia 10 de novembro de 2020, quando a instituição emitiu um comunicado oficial da utilização da linguagem neutra no local. O objetivo da escola era combater o machismo e o sexismo, além de aumentar a inclusão de pessoas que não se identificam com o sistema binário de gênero.
“Acolhemos ativamente demandas legítimas da sociedade, permitindo a docentes e estudantes que manifestem livremente sua identidade de gênero e contribuindo para uma representação mais digna e igualitária dos diferentes gêneros”, dizia parte do comunicado do colégio Liceu Franco-Brasileiro. Confira abaixo o comunicado na íntegra feita pela direção pedagógica do colégio do Rio de Janeiro:
![“Querides alunes”: Colégio do Rio de Janeiro adota linguagem neutra para aumentar inclusão](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/03/escola-liceu-rio-de-janeiro-linguagem-neutra.jpg)
Na época, a linguagem neutra na instituição de ensino acabou se tornando pauta de discussão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), após alvoroço nos grupos dos pais dos alunos no WhatsApp. Dois deputados estaduais, Márcio Gualberto e Anderson Moraes, questionaram a decisão da escola e ficaram inconformados com a mudança no colégio.
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Ainda segundo a CNN Brasil, não demorou muito para os deputados protocolarem um projeto de lei 3325/2020, que “estabelece medidas protetivas ao direito dos estudantes do estado do Rio de Janeiro ao aprendizado da língua portuguesa de acordo com as normas e orientações legais de ensino, na forma que menciona”. O assunto dividiu opiniões dos pais, alunos e professores: enquanto para uns, a linguagem neutra traria mais inclusão para as pessoas de diferentes gêneros, outros afirmavam que a nova regra iria alterar as normativas da língua portuguesa.
Em nota, a escola afirmou que continuará seguindo o padrão da norma culta portuguesa e que, sobretudo, está comprometida com a qualidade da educação e o respeito à inclusão e à diversidade das pessoas. Depois, eles publicaram uma nova nota oficial e disseram que a adoção da linguagem neutra não será obrigatória entre os alunos e professores.
“Em comunicado recente, o colégio afirmou o respeito à autonomia de professores e alunos no uso da neutralização de gênero gramatical na escola. Em nenhum momento, informou que passaria adotar essa prática em avaliações e em sua comunicação oficial. Espaço de formação e de múltiplos diálogos, o colégio adota a discussão sobre questões expostas pela sociedade, que não podem ficar só extramuros”, disse a nota do colégio particular Liceu Franco-Brasileiro.
Para aqueles que não sabem, a linguagem neutra é uma adaptação da língua para que pessoas não binárias (que não se identificam com o gênero masculino nem com o feminino) ou intersexo (que nascem com características físicas, genéticas ou hormonais que não se enquadram nas definições biológicas típicas de masculino ou feminino), se sintam representadas na sociedade, segundo o G1.
Para a substituição dos artigos masculino e feminino, é utilizado um “x”, “e” ou até mesmo um “@”, que se tornou muito popular na internet e nas redes sociais, mas ainda não tem um modelo definido. Atualmente, segundo a norma padrão da língua portuguesa, o artigo masculino que cumpre o papel de pronome neutro no plural, podendo ser referido como “eles” ou “todos”, por exemplo.
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