“O ego certamente é uma ilusão. A incerteza é a base da vida.” (Deepak Chopra)
Id, Ego e Superego são conceitos criados por Sigmund Freud para explicar o funcionamento da mente humana, considerando aspectos conscientes e inconscientes. Freud dividiu a mente em três “partes” integradas que atuam em conjunto e que, segundo ele, influenciam e coordenam o comportamento humano.
O Id é regido pelo “princípio do prazer”. Está intima e profundamente ligado à libido e é o responsável pelas ações resultantes de impulsos considerados inatos. O Id está localizado na zona inconsciente da mente e por isso desconhece a “realidade” consciente, agindo apenas a partir de estímulos instintivos, o que se lhe atribui a característica de amoral.
O Superego é o inibidor dos impulsos, porque atua de forma contrária ao Id. Considerado o motor da moral, o superego segue o “princípio do dever” e faz o julgamento das intenções do indivíduo, sempre baseado nas heranças culturais aprendidas no meio e nos valores e regras de conduta impostos. O superego é, então, componente moral e social da personalidade.
O Ego é a parte consciente da mente, sendo responsável por funções como percepção, memória, sentimentos e pensamentos.
É regido pelo princípio da realidade, sendo o principal influente na interação entre sujeito e ambiente externo. O ego é o que chamamos do nosso eu, é o que se acessa e, para muitos, é o resultado da luta interna constante entre id e superego, luta esta travada todos os dias durante toda a nossa vida.
E cá estamos nós nesta complexa relação conosco, ou melhor, com o nosso ego. Dizem alguns psicanalistas que nos relacionamos o tempo todo conosco e com o que ele projeta sobre nós no mundo e nas pessoas – e não de fato com elas. Seguindo essa linha de raciocínio, somos o resultado do que nosso ego acredita ser e isso, na maioria das vezes, não condiz nada com o que os outros enxergam sobre nós, exatamente porque eles também estão travando batalhas diárias consigo mesmos.
Se “Narciso acha feio o que não é espelho”, o que será de nós quando o espelho refletir o presente já não tão belo, reluzente e ideal?
O que fica quando o nosso eu é invadido por um tsunami chamado realidade e nos obriga a deixar de lado nossa barulheira e nossos equívocos internos, para aceitar que realmente o que resta, a cada dia, é olhar para o abismo da nossa insegura existência e repetir o mantra que tenho dividido com meus leitores há anos: ATENHAMO-NOS À NOSSA INSIGNIFICÂNCIA?
O ego, muitas vezes, reflete a forma como nos relacionamos com o dinheiro, com a aparência física ou com a capacidade intelectual.
Há quem se imagine desprovido de “eu”, quando se depara com perda monetária, envelhecimento, ou mesmo com a constatação de que sua aptidão intelectual não é mais do que um mero detalhe na vida de uma dentre os seis bilhões de “ exemplares da espécie humana” que habitam este planeta.
Você não é nada e nem chegará a paz alguma se insistir em relacionar-se apenas com o seu ego como se relaciona com o dinheiro que possa ter ou não ter, tampouco com a imagem física que hoje lhe representa e nem muito menos se bancar o intelectualóide mal humorado.
Nossas brigas são internas, nossa importância existe para nós mesmos e talvez em partes para alguns poucos que nos rodeiam. Nosso ego é o que podemos acessar enquanto o nosso id trava uma verdadeira guerra mundial, todos os dias, com o nosso superego e o que resta de cada batalha é o que podemos acessar.
Quase tudo que nos faz sofrer e que nos machuca o ego não passa de equívoco e/ou interpretação errada do que achamos perceber, entender e tomar como verdade. Quem sofre, sofre quase sempre pelas conclusões que tira sobre o que acredita ser – que na maioria das vezes, se não todas, não é.
Libertos são os que permitem ao seu egos (ao seu eu) respirar todo dia após o fim de cada batalha interna.
Felizes são os que deixaram de se importar com a platéia que imaginam estar ali assistindo, quando cada um apenas segue seu caminho.
Serenos são os que sabem que cada dia é um milagre e que o amanhã nada mais é do que incerteza.
E heróis são os que conseguem se relacionar em meio a isso tudo.