Você já sorriu hoje ou disse “eu te amo” para o seu companheiro? Quantas vezes, esta semana, topou fazer um programa que em outro momento não cogitaria? Atitudes como essas refletem a espontaneidade das pessoas. “Ser espontâneo é ser natural”, explica o professor de interpretação Pedro Barreto, proprietário do Espaço Renoir de Comunicação e Arte, em São Paulo. O local promove cursos para as pessoas trabalharem a interpretação e a espontaneidade diante das câmeras.
No próprio dicionário, a palavra significa agir com naturalidade, com facilidade. Expressar-se e praticar atos positivos que não são planejados tendem a fazer bem a você e aos que estão à sua volta. “Se pensarmos em todos os aspectos da nossa vida, até no trabalho devemos agir assim, pois estaremos sendo sempre verdadeiros”, ensina Barreto.
No dia a dia corrido, temos de nos organizar a todo momento para darmos conta dos afazeres. Por isso, muitas vezes esquecemos simplesmente de sermos espontâneos. Você sabia que a espontaneidade está ligada diretamente à criatividade? Quem afirma é a psicóloga Saskia de Vasconcelos, psicodramatista na área clínica e empresarial, que atua em Belo Horizonte (MG).
A especialista segue a linha do “pai” do psicodrama, o psiquiatra romeno Jacob Levy Moreno (1889-1974). Ele acreditava que, sendo espontâneo, as pessoas que tinham conflitos psicológicos passavam a lidar melhor com as dificuldades. “Ao longo dos anos, a espontaneidade pode ser tolhida por diversos fatores, como um pai autoritário ou pela própria timidez da pessoa”, revela Saskia. Para resgatá-la, nada melhor do que se autoconhecer.
De olho em si mesmo
A especialista dá uma dica: comece perguntando para as pessoas queridas à sua volta como elas te enxergam. Depois, se perceba melhor. Você pode usar um espelho para se “ver”, examinar o seu corpo, o seu jeito e até mesmo a sua voz. A partir daí, explore as suas emoções. “Proponha-se a viver experiências novas. Seja qual for o resultado, as relações serão mais sinceras porque você estará agindo com originalidade”, ressalta.
Foi assim que a gerente de formação do Universia, Helenice Assunção, de 35 anos, descobriu que sua timidez a atrapalhava no mercado corporativo. “Quando comecei a prestar atenção em mim, percebi que, em público, sempre baixava o tom de voz, talvez para não ser notada”, admite. Então, ela treinou e pôs à tona emoções até então inéditas. Mas ela não fez isso sozinha. Procurou ajuda do especialista Pedro Barreto e, com as aulas, descobriu sua naturalidade. “Mudei até a postura e a minha voz, porque comecei a conseguir me impor”, enfatiza.
Na verdade, Helenice treinou a sua espontaneidade, ou seja, ela conseguiu meios de revelar essa característica deixando sua timidez de lado. É verdade: nós podemos treinar para sermos espontâneos.
A psicóloga Marisa de Abreu, psicoterapeuta há mais de 20 anos, que atende na Clínica de Psicologia Marisa de Abreu, em São Paulo, sugere um exercício para colocar em prática e liberar esta característica que todo mundo tem. Pegue uma folha de papel em branco e responda às seguintes perguntas:
1) Quais são os cinco principais valores na sua vida?
2) Você tem um projeto ou desejo que não seja relacionado nem ao trabalho nem à família?
3) Escreva algo que sempre quis fazer, mas teve medo de tentar, e o motivo pelo qual não tentou.
4) Que atividades até hoje lhe deram mais satisfação?
Respondendo sinceramente, Marisa acredita que você vai entrar em contato com seus valores e descobrir, de fato, o que é importante naquele momento. Pode ser apenas entregar uma flor para sua amada ou dizer “eu te amo” para um amigo. Seja o que for, faça com espontaneidade e emoção. Esta é uma boa maneira de viver a vida com mais prazer!