Ainda existem muitos homens que se eximem da responsabilidade de serem verdadeiros pais para os filhos, e o pior é que a sociedade permite isso.
Há quem diga que a concepção de uma criança é a parte mais fácil de todo seu desenvolvimento. Quem nunca ouviu aquelas velhas frases, muitas vezes ditas com um cunho negativo, de que “na hora de fazer foi bom” ou “quem pariu Matheus que o embale”, provérbios geralmente usados para enfatizar que cuidar da criança é obrigação de quem a trouxe ao mundo, e isso não pode ser deixado de lado nos momentos difíceis.
O lado negativo, no entanto, é que essas cobranças sempre recaem sobre a mãe, fazendo com que mulheres se sintam quase “acorrentadas” aos seus filhos desde quando sabem da gravidez. Afinal, neste mundo injusto e desbalanceado, o peso do cuidado dos filhos recai muito mais sobre a mãe.
Ainda hoje, em pleno século 21, homens podem simplesmente abandonar a paternidade, deixando suas famílias de uma hora para outra ou nem mesmo dando seu nome aos filhos, afinal o machismo que permeia nossa sociedade lhes permite se livrar das responsabilidades de criar, pois são homens e isso não é cobrado deles.
De fato, “fazer” o filho é a parte mais fácil, principalmente para o homem, pois desde esse momento ele basicamente não tem nenhuma responsabilidade pela criança que pode nascer.
Essa concepção, no entanto, pode causar diversos ressentimentos nos demais participantes dessa equação: a mãe, que diferentemente do homem nunca pôde escolher deixar esse papel de lado, e a criança que, além da possibilidade de crescer sob os cuidados de alguém que o ressente, terá de lidar com o trauma da ausência do pai, acompanhando seu desenvolvimento.
No Brasil ainda existem milhares de pessoas — adultos e crianças — sem o nome do pai na certidão de nascimento.
E isto não significa um fenômeno que mulheres conseguiram reproduzir sozinhas, pois ainda precisamos dos dois gametas para nos reproduzir, mas é sim o retrato de como é fácil “ser pai”. Você pode ter dezenas de filhos sem saber e sem que nada lhe seja cobrado e você viva na irresponsabilidade.
Atualmente existem muitos métodos de contracepção, porém essas informações são sempre passadas para as mulheres, raramente para os homens. É como se a sociedade entregasse mais essa responsabilidade para elas, a de evitar uma concepção.
Eles também deveriam estar atentos a isso, afinal um deslize pode gerar uma vida, um descendente seu neste mundo, mas como já foi explicado ao longo do texto, não há por que se preocupar se a responsabilidade não recai sobre eles.
Então sim, olhando nesse aspecto, “fazer filhos” é extremamente fácil. Mas definitivamente não é o mesmo que ser pai.
Todos já ouvimos a frase “pai é quem cria”, e ela vale em todos os casos, não somente de homens que cuidaram de crianças com quem não tinham laço sanguíneo.
Os homens que permanecem ao lado dos filhos, mesmo que separados de suas mães, que se dedicam à educação dos pequenos e não medem esforços para ser presença, estes sim são homens que podemos chamar de pais.
Aquele que enfrentará os desafios da criação é quem receberá as delícias da paternidade. A concepção pode até ser a parte mais fácil, mas o melhor é estar presente na jornada de um filho, acompanhando seu desenvolvimento, sendo para ele um bom exemplo.
Todo esse esforço e amor farão a diferença na vida do seu pequeno, além de dar mais brilho e emoção toda vez que você ouvir: “Obrigado, pai”.