O jornalista Fernando Rocha, 55, foi um dos primeiros profissionais afetados pela onda de demissões do projeto de unificação das empresas do Grupo Globo.
Ele foi demitido pela emissora em 2019, quando comandava a atração matinal “Bem-Estar”.
Em uma entrevista ao site Heloisa Tolipan no último dia 12, Fernando abriu o coração sobre sua realidade desde quando deixou a emissora. Ele contou que acredita que a sua demissão abriu as portas para todas as outras que aconteceram depois, e falou sobre a saudade que sente da televisão aberta.
“Precisei entender que eu não era mais o meu crachá, mas o meu próprio gerente. A semana passa a não ter mais os sete dias, o mês não tem mais os 30. Talvez o mês fique mais curto, talvez mais longo. Temos de nos organizar de maneira diferente daquele mundo corporativo que era tão importante”, desabafou o jornalista.
A outra apresentadora da atração, Mariana Ferrão, também deixou a emissora no mesmo ano, e desde então o “Bem-Estar” deixou de ser um programa para se tornar um quadro fixo das manhãs da Globo.
Segundo Fernando, essa mudança está ligada à busca de uma melhor performance, e acredita que se trata de algo normal.
Ainda assim, a saída da Globo impactou muito o jornalista, que chegou a escrever um livro sobre esse tema, intitulado “Como ser leve em um mundo pesado”. A obra foi lançada em 30 de outubro de 2020, pela editora Rocco.
Na entrevista, Fernando ainda comentou que quando a pandemia começou, em 2020, ele percebeu que todo o mundo estava passando por algo parecido, e compreendeu o seu processo de mudança e adaptação.
O “Bem-Estar” foi a última participação de Fernando Rocha na televisão aberta. No entanto, o seu filho, Pedro Rocha, é um dos repórteres esportivos da Globo, algo que traz orgulho ao pai.
Segundo Fernando, a carreira do filho de certa forma o ajuda a matar a saudade da televisão, mas ele não se contenta apenas em ser um observador, e acrescentou que tem vontade de ter um projeto possa o levar novamente para a TV. Da mesma maneira, ele também pretende incluir o rádio em sua vida.
No momento, Fernando tem mostrado os seus talentos através de trabalhos em diversas plataformas. Na entrevista ao Heloisa Tolipan, foi mencionado que ele atua na TV Senado, é co-host de dois podcats e ainda marca presença em um canal do YouTube.
No entanto, ele sente falta da TV aberta e espera ansiosamente pelo seu retorno.
Outro tema de assunto na entrevista foi o etarismo, e como ele tem influenciado a demissão de diversos jornalistas experientes.
Cada vez mais jornalistas mais velhos e maduros estão sendo dispensados, e Fernando Rocha comentou sobre a existência de um espaço para eles se recolocarem.
“Tenho mais de 50 anos, trabalhei na Globo por quase 30, e entendi o meu lugar, e que é possível criar essas oportunidades. Tudo muda de um jeito bastante rápido e precisamos entender essas mudanças”, declarou o jornalista.
Ele ainda comentou sobre a importância de debater sobre o etarismo e buscar maneiras de encontrar qualidade de vida, fortalecer os músculos e cuidar da saúde.
“Não existe mais diferença entre saúde física e saúde mental. Existe só saúde. E se tivermos sorte, viveremos muito.”
Fernando acredita que as transformações no mundo da televisão estão longe de acabar. Segundo ele, ainda há muita coisa para acontecer, mas a TV ainda continua mantendo a sua magia e impactando a vida das pessoas.
O jornalista disse quem tem “o DNA da televisão” e que irá carregá-lo consigo pra sempre.