As figuras de linguagem são recursos expressivos que consistem em alterar o sentido ou a forma das palavras, frases ou textos, com o objetivo de tornar a comunicação mais bonita, interessante, persuasiva ou emocionante.
Elas são usadas tanto na linguagem oral quanto na escrita, em diversos gêneros e contextos, como na literatura, na publicidade, no jornalismo, na música, na poesia, etc.
As figuras de linguagem são importantes porque:
- Enriquecem o trabalho linguístico, dando mais variedade, criatividade e originalidade à língua.
- Ampliam o significado das palavras, frases ou textos, dando mais profundidade, intensidade e expressividade à comunicação.
- Despertam a atenção, a curiosidade e o interesse do leitor ou do ouvinte, tornando a comunicação mais dinâmica, envolvente e eficaz.
- Refletem a cultura, a identidade, a intenção e a emoção do emissor, revelando aspectos sociais, históricos, psicológicos e estéticos da comunicação.
Neste artigo, explicaremos todas as figuras de linguagem e como você pode usá-las nos seus textos.
Figuras semânticas
![Figuras de linguagem: o que são e como usá-las corretamente](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/12/figuras-de-linguagem-o-que-sao-e-como-usa-las-corretamente-imagem-1.jpg.webp)
As figuras semânticas são recursos expressivos que consistem em alterar o sentido das palavras, frases ou textos, de acordo com o contexto ou a intenção do emissor. Elas são usadas para tornar a comunicação mais bonita, interessante, persuasiva ou emocionante, explorando o sentido conotativo ou figurado das palavras.
Elas podem se basear em proximidade, associação, comparação ou similaridade entre os termos, criando novos significados ou efeitos de sentido. Existem vários tipos de figuras semânticas, como metáfora, metonímia, comparação, catacrese, sinestesia, antonomásia, perífrase, etc.
Esses recursos de linguagem são importantes porque enriquecem o trabalho linguístico, ampliam o significado das palavras, frases ou textos, despertam a atenção, a curiosidade e o interesse do leitor ou do ouvinte, e refletem a cultura, a identidade, a intenção e a emoção do emissor.
Elas são usadas tanto na linguagem oral quanto na escrita, em diversos gêneros e contextos, como na literatura, na publicidade, no jornalismo, na música, na poesia, etc.
Metáfora
Metáfora é uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de semelhança entre dois termos. Ela é uma forma de tornar a linguagem mais expressiva, criativa e interessante, pois permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias.
Para usar a metáfora nos textos, você deve ter em mente os seguintes passos:
- Identificar o tema ou a mensagem que se quer transmitir com o texto.
- Escolher uma palavra ou expressão que tenha um sentido literal relacionado ao tema ou à mensagem, mas que também possa ter um sentido figurado, baseado em uma comparação implícita.
- Substituir a palavra ou expressão pelo termo que se quer comparar, sem usar conectivos que indiquem a comparação, como “como”, “tal qual”, “assim como”, etc.
- Verificar se a metáfora criada é clara, coerente, original e adequada ao contexto e ao público do texto.
Vejamos alguns exemplos de metáforas:
“Meu coração é um livro aberto”.
Nessa metáfora, o coração é comparado a um livro aberto, sugerindo que a pessoa é sincera, transparente e fácil de ler.
“O tempo é um rio que corre sem parar”.
Aqui, o tempo é comparado a um rio que corre sem parar, sugerindo que o tempo é algo que não se pode controlar, que está sempre em movimento e que leva tudo consigo.
“Seus olhos são duas estrelas que brilham no céu”.
Nesse exemplo, os olhos são comparados a duas estrelas que brilham no céu, sugerindo que os olhos são bonitos, luminosos e encantadores.
“A vida é uma montanha-russa cheia de altos e baixos”.
Por último, a vida é comparada a uma montanha-russa cheia de altos e baixos, sugerindo que a vida é uma aventura cheia de emoções, surpresas e desafios.
Comparação ou símile
A comparação ou símile é uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de semelhança entre dois termos. A comparação ou símile é uma forma de tornar a linguagem mais expressiva, criativa e interessante, pois permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias.
Como usar a comparação:
- Identificar o tema ou a mensagem que se quer transmitir com o texto.
- Escolher uma palavra ou expressão que tenha um sentido literal relacionado ao tema ou à mensagem, mas que também possa ter um sentido figurado, baseado em uma comparação implícita.
- Substituir a palavra ou expressão pelo termo que se quer comparar, usando um conectivo comparativo que estabeleça a relação entre os termos comparados, como “como”, “feito”, “tal qual”, “que nem”, “igual a”, etc.
- Verificar se a comparação ou símile criada é clara, coerente, original e adequada ao contexto e ao público do texto.
Veja:
“Meu coração é um livro aberto”.
Usaremos a primeira frase onde explicamos o uso da metáfora para você ver como elas são fáceis de serem usadas nos textos. Aqui, o coração é comparado a um livro aberto, sugerindo que a pessoa é sincera, transparente e fácil de ler. O conectivo comparativo usado é “é”.
“Seus olhos brilhavam que nem esmeraldas”.
Nessa comparação, os olhos são comparados a esmeraldas, sugerindo que os olhos são bonitos, luminosos e encantadores. O conectivo comparativo usado é “que nem”.
“Nunca me vergarei e, tal qual uma árvore, morrerei de pé”.
Aqui, o autor é comparado a uma árvore, sugerindo que a pessoa é forte, resistente e digna. O conectivo comparativo usado é “tal qual”.
Analogia
A analogia é uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de semelhança entre dois termos. A analogia é uma forma de tornar a linguagem mais expressiva, criativa e interessante, pois permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias.
Veja como usar a analogia nos textos:
- Identificar o tema ou a mensagem que se quer transmitir com o texto.
- Escolher uma palavra ou expressão que tenha um sentido literal relacionado ao tema ou à mensagem, mas que também possa ter um sentido figurado, baseado em uma comparação implícita.
- Substituir a palavra ou expressão pelo termo que se quer comparar, sem usar conectivos que indiquem a comparação, como “como”, “tal qual”, “assim como”, etc.
- Verificar se a analogia criada é clara, coerente, original e adequada ao contexto e ao público do texto.
Vejamos alguns exemplos de analogias e suas explicações:
“O amor é um fogo que arde sem se ver”.
Nessa analogia, o amor é comparado a um fogo que arde sem se ver, sugerindo que o amor é uma paixão intensa, mas oculta ou secreta.
“A vida é uma caixinha de surpresas”.
Aqui, o autor sugere que a vida é algo imprevisível, que pode trazer coisas boas ou ruins.
“Seus olhos são duas pérolas que brilham no mar”.
Nessa última, sugere-se que os olhos são bonitos, preciosos e encantadores.
Metonímia
A metonímia é uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de proximidade entre dois termos. Ela torna a linguagem mais expressiva, criativa e interessante, pois permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias.
Por exemplo, quando dizemos “Ele leu Machado de Assis”, estamos usando a metonímia que substitui o autor pela obra, pois na verdade ele leu um livro de Machado de Assis.
A metonímia pode se basear em diferentes tipos de relações, como parte pelo todo, causa pelo efeito, marca pelo produto, inventor pelo invento, etc.
Veja um exemplo:
“E no Nordeste tudo em paz / Só mesmo morto eu descanso / Mas o sangue anda solto / (…) / Terceiro mundo, se for / Piada no exterior / Mas o Brasil vai ficar rico” (Que País é Esse? — Renato Russo)
O trecho da música “Que País é Esse?” de Renato Russo usa a metonímia em algumas partes, como:
“E no Nordeste tudo em paz”: nessa parte, o autor usa a metonímia que substitui a região pelo povo. Aqui, o que ele quer dizer é que as pessoas que vivem no Nordeste estão em paz, apesar das dificuldades e da violência;
“Mas o sangue anda solto”: aqui, Renato Russo usa a metonímia que substitui o efeito pela causa, pois na verdade ele quer dizer que há muita violência e morte no país, que fazem o sangue das vítimas ficar solto;
“Terceiro mundo, se for”: aqui, o autor usa a metonímia que substitui o todo pela parte, pois na verdade ele quer dizer que o Brasil é um país subdesenvolvido, que faz parte do grupo de países chamados de terceiro mundo.
“Mas o Brasil vai ficar rico”: por último, o líder da Legião Urbana usa a metonímia que substitui o país pelo povo. O que ele quis dizer é que as pessoas que vivem no Brasil vão ficar ricas, ou seja, que terão mais oportunidades e qualidade de vida.
Perífrase
A perífrase é uma figura de linguagem que consiste em substituir um nome próprio por uma expressão que o caracterize ou identifique. Ela é usada para evitar a repetição, para enaltecer ou depreciar alguém ou algo, ou para criar um efeito de sentido.
Por exemplo, quando dizemos “a cidade luz” em vez de Paris, estamos usando uma perífrase que destaca um aspecto marcante da capital francesa.
Um exemplo de perífrase é o seguinte trecho do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis:
“Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo”.
Nesse trecho, o narrador explica o título do livro, que é uma perífrase que substitui o seu nome, Bentinho, por uma expressão que o define como um homem solitário e amargurado. A perífrase é usada para criar um efeito de humor e de crítica, pois o narrador se autoironiza e se distancia dos leitores.
Sinestesia
A sinestesia como figura de linguagem é um recurso expressivo que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de semelhança entre dois termos.
É uma forma de tornar a linguagem mais expressiva, criativa e interessante, pois permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias.
A sinestesia como figura de linguagem está associada com a mistura de sensações relacionadas aos sentidos: tato, audição, olfato, paladar e visão. Sendo assim, essa figura de linguagem estabelece uma relação entre planos sensoriais diferentes.
Um exemplo de sinestesia como figura de linguagem é o seguinte trecho do romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis:
“Não me lembra o que sucedeu daí até a hora em que acordei, no meio de um silêncio frio e escuro. A primeira coisa que vi foi a mortalha; tinha-me esquecido dela, e a primeira sensação foi de espanto, como se acabasse de morrer outra vez”.
Nesse trecho, o narrador usa a sinestesia que atribui características do tato (frio) e da visão (escuro) ao silêncio, que é uma ausência de som. Essa figura de linguagem cria um efeito de sentido de solidão, tristeza e morte, que combina com o tema do livro.
Hipérbole
A hipérbole é uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de semelhança entre dois termos. Ela é uma maneira de fazer a linguagem mais expressiva, criativa e interessante, pois permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias.
Ela é caracterizada pelo exagero proposital em uma declaração, que visa enfatizar ou intensificar uma ideia ou uma emoção.
“Por você eu largo tudo / Vou mendigar, roubar, matar / Até nas coisas mais banais / Pra mim é tudo ou nunca mais” (Exagerado — Cazuza)
No trecho da música “Exagerado”, de Cazuza, o autor usa a hipérbole para expressar o seu amor intenso e desmedido pela pessoa amada.
Ele usa expressões exageradas como “largo tudo”, “mendigar, roubar, matar”, “tudo ou nunca mais” para mostrar que é capaz de fazer qualquer coisa por amor, mesmo que sejam coisas absurdas ou impossíveis.
O autor usa a hipérbole para criar um efeito de humor, de ironia e de crítica, pois ele se autoironiza e se distancia dos ouvintes. Cazuza usa a hipérbole para criar um efeito de emoção, de paixão e de drama, pois ele se envolve e se identifica com os ouvintes.
A hipérbole é um recurso estilístico que contribui para a beleza, a originalidade e a expressividade da música.
Catacrese
A catacrese é uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de proximidade entre dois termos.
Ela permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias.
A catacrese é considerada um tipo especial de metáfora que já foi incorporada por todos os falantes da língua, pois ao utilizarmos tanto determinada palavra, não notamos mais o sentido figurado expresso nela. Por exemplo: O pé da cadeira está quebrado.
Para usar a catacrese nos textos, tenha em mente os seguintes passos:
- Identificar o tema ou a mensagem que se quer transmitir com o texto.
- Escolher uma palavra ou expressão que tenha um sentido literal relacionado ao tema ou à mensagem, mas que também possa ter um sentido figurado, baseado em uma comparação implícita.
- Substituir a palavra ou expressão pelo termo que se quer comparar, sem usar conectivos que indiquem a comparação, como “como”, “tal qual”, “assim como”, etc.
- Verificar se a catacrese criada é clara, coerente, original e adequada ao contexto e ao público do texto.
Um exemplo de catacrese é o seguinte:
“O céu estava cheio de bocas de fogo que explodiam no ar”. – Capitães da Areia, de Jorge Amado.
Nessa catacrese, os fogos de artifício são comparados a bocas que cospem fogo, sugerindo uma imagem de beleza e violência. A catacrese é usada para criar um efeito de sentido de admiração e medo, que combina com o contexto da história.
Eufemismo
O eufemismo é uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de semelhança entre dois termos.
Essa figura de linguagem é uma maneira de deixar a linguagem mais expressiva, criativa e interessante, pois permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias. O eufemismo é caracterizado pelo uso de termos mais agradáveis, delicados ou respeitosos para se referir a algo que pode ser considerado desagradável, ofensivo ou chocante.
Como figura semântica, o eufemismo é usado para suavizar ou amenizar o conteúdo da mensagem, evitando ferir a sensibilidade do receptor ou do ouvinte. Por exemplo, quando dizemos “ele faltou com a verdade” em vez de “ele mentiu”, estamos usando um eufemismo.
Um exemplo de eufemismo:
“Ele não estava dormindo, como os outros pensavam. Estava descansando em paz”. – O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.
Nesse trecho, Antoine de Saint-Exupéry usa o eufemismo que substitui a palavra “morto” pela expressão “descansando em paz”, sugerindo que o personagem faleceu de forma tranquila e serena.
O eufemismo é usado para amenizar o impacto da morte e transmitir uma mensagem de consolo e esperança.
Pleonasmo
O pleonasmo como figura de linguagem é um recurso expressivo que consiste em usar uma palavra ou expressão com um sentido diferente do habitual, baseado em uma relação de semelhança entre dois termos.
Como figura de linguagem, o pleonasmo é uma forma de tornar a linguagem mais expressiva, criativa e interessante, pois permite criar novos sentidos e imagens a partir da associação de ideias. Ele é caracterizado pelo uso de termos que repetem a mesma ideia, gerando uma redundância proposital no enunciado.
Essa figura de linguagem também pode ser usada para dar ênfase ou intensificar uma ideia ou uma emoção. O pleonasmo como figura de linguagem pode ser classificado em dois tipos: pleonasmo lexical e pleonasmo gramatical.
Pleonasmo lexical: ocorre quando há repetição de palavras que possuem o mesmo sentido. O pleonasmo gramatical ocorre quando há repetição de partículas, como preposições e pronomes.
Pleonasmo como figura de linguagem: é muito usado na literatura, na música, na poesia e em outros gêneros e contextos.
Uma frase de uma música que tenha pleonasmo é:
“Eu quero sempre mais, eu quero sempre mais” – Ira!
Nessa frase, o autor usa o pleonasmo que repete a mesma ideia duas vezes, para enfatizar o seu desejo intenso e insaciável. Essa figura de linguagem é usada para criar um efeito de sentido de paixão, de ambição e de exagero.
Anáfora
A anáfora é uma figura de linguagem que consiste na repetição de uma palavra ou expressão no início de frases ou versos consecutivos. Ela é usada para criar um efeito de ênfase, ritmo, musicalidade ou coesão no texto. Ela também pode ajudar a evitar repetições desnecessárias de termos.
Ela também pode ser classificada como uma figura de sintaxe, pois afeta a estrutura do enunciado. Ela também pode ser vista como um mecanismo de coesão textual, pois estabelece uma relação de referência entre elementos do texto.
Veja um exemplo de anáfora como figura de linguagem:
“É o pau, é a pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol” (Águas de Março, Tom Jobim).
Ambiguidade ou anfibologia
Ambiguidade ou anfibologia são figuras de linguagem que ocorrem quando uma palavra, expressão ou frase apresenta mais de um sentido possível, gerando confusão ou dupla interpretação.
A ambiguidade pode ser intencional ou acidental, dependendo do objetivo do emissor da mensagem.
A ambiguidade intencional é usada como um recurso estilístico em textos literários, poéticos, humorísticos ou publicitários, para criar efeitos de sentido, ironia, surpresa ou persuasão.
Por exemplo:
“Não deixe a escola atrapalhar seus estudos”. (Mark Twain)
“O amor é fogo que arde sem se ver”. (Luís de Camões)
“Quem ama o feio, bonito lhe parece”. (Ditado popular)
A ambiguidade acidental é considerada um vício de linguagem, pois prejudica a clareza e a objetividade da comunicação. Ela pode ocorrer por desconhecimento das normas gramaticais, descuido na construção das frases, uso inadequado de pronomes, adjuntos adverbiais, pontuação, etc.
Por exemplo:
“O rapaz viu a moça com um binóculo”.
Quem estava com o binóculo, o rapaz ou a moça?
Para evitar a ambiguidade acidental, é preciso revisar o texto e verificar se há alguma palavra ou expressão que possa gerar dúvida ou confusão.
Em caso afirmativo, é preciso reformular a frase, usando sinônimos, vírgulas, etc.
Antonomásia
A antonomásia é uma figura de linguagem que consiste em substituir o nome próprio de uma pessoa, coisa, lugar, etc. por outro nome que seja alusivo a uma característica ou circunstância conhecida e que permita identificar o referente.
Ela é um tipo de metonímia, pois há uma relação de contiguidade entre o nome substituto e o nome substituído. Ela também pode ser chamada de perífrase, quando se usa uma expressão formada por mais de uma palavra.
A antonomásia pode ter uma função estilística, quando se usa para criar efeitos de sentido, como ironia, elogio, crítica, etc.
Por exemplo:
“O poeta dos escravos” por Castro Alves, que se destacou por sua obra abolicionista.
A antonomásia também pode ter uma função pragmática, quando se usa para evitar a repetição do mesmo nome ou para ocultar a identidade do referente.
Por exemplo:
“O réu foi condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato da vítima”.
Para não usar os nomes próprios, usa-se os termos jurídicos.
“A testemunha afirmou que viu o suspeito entrando no carro da vítima”.
Para não usar o nome próprio, usa-se um termo genérico.
“O astro do futebol foi flagrado em uma festa com uma modelo famosa”.
Em vez de usar o nome próprio, usa-se um termo que indica a profissão ou a fama.
Alegoria
A alegoria é uma figura de linguagem que consiste em usar elementos simbólicos para representar um sentido diferente do literal em uma história, texto ou obra de arte. Ela é usada para transmitir ideias abstratas, valores, críticas sociais ou reflexões filosóficas de forma indireta, criativa e expressiva. Ela é como se houvesse um “segundo nível” de significado escondido sob a superfície da narrativa.
Ela pode ser classificada como uma figura de palavra, pois afeta o significado dos termos usados. Ela também pode ser vista como uma metáfora ampliada, pois envolve uma comparação implícita entre dois domínios diferentes.
A alegoria também pode se assemelhar à personificação ou prosopopeia, quando atribui características humanas a seres inanimados ou abstratos.
Ela é muito utilizada na literatura, como por exemplo em gêneros textuais como a fábula e a parábola, que usam a alegoria para transmitir uma mensagem moral ou religiosa por meio de personagens, cenários e situações simbólicas.
A alegoria também pode ser encontrada em textos filosóficos, mitológicos, históricos e sagrados, que usam a alegoria para explicar conceitos complexos, fenômenos naturais, eventos históricos ou verdades espirituais por meio de imagens, metáforas, símbolos e alegorias.
Por exemplo, no Mito da Caverna, de Platão, a caverna representa o mundo sensível, as sombras representam as aparências enganosas, o sol representa a ideia do bem e a saída da caverna representa a ascensão ao mundo inteligível.
Figuras sintáticas
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As figuras sintáticas são recursos estilísticos que modificam a estrutura gramatical das frases, com o objetivo de dar mais expressividade, ênfase, ritmo ou beleza ao texto.
Elas podem ser usadas em textos literários, poéticos, humorísticos, publicitários ou até mesmo em textos cotidianos, desde que não prejudiquem a clareza e a coerência da comunicação.
As figuras sintáticas podem interferir na ordem, na concordância, na repetição ou na omissão dos termos da frase, criando efeitos de sentido variados.
Elipse
A elipse é uma figura de sintática que consiste em omitir um termo ou uma expressão que pode ser facilmente subentendida pelo contexto ou pela gramática. É um recurso muito comum na linguagem oral e informal.
Ela é usada para dar mais fluidez, ritmo, ênfase ou beleza ao texto, evitando repetições desnecessárias ou redundantes. Ela também pode tornar o texto mais expressivo, criativo ou irônico.
A elipse pode afetar a ordem, a concordância, a repetição ou a omissão dos termos da frase, criando efeitos de sentido variados. Ela pode ocorrer com qualquer classe de palavras, como pronomes, verbos, advérbios, conjunções, etc.
Por exemplo:
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados”. (Machado de Assis)
Omissão do verbo “haver”.
“A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.” (Carlos Drummond de Andrade)
Omissão da conjunção “se”.
Zeugma
Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo ou uma expressão que já foi expressa anteriormente no texto, evitando assim a sua repetição desnecessária.
Esse termo omitido pode ser facilmente subentendido pelo contexto ou pela estrutura sintática da frase. A zeugma é usada para dar mais fluidez, ritmo, ênfase ou beleza ao texto, criando efeitos de sentido variados.
A zeugma pode ser classificada como uma figura de sintaxe, pois afeta a construção gramatical das frases. Ela também pode ser vista como um tipo específico de elipse, que é a omissão de um termo que não foi expresso anteriormente no texto.
A diferença entre elas é que na elipse o termo omitido é subentendido apenas pelo contexto, enquanto na zeugma o termo omitido já foi mencionado antes no texto.
Veja alguns exemplos de zeugma como figura de linguagem:
“Eu trabalho como eletricista. Ela, como garçonete”.
Omissão do verbo “trabalha”.
“O seu problema era se preocupar demais. Mas o nosso, se preocupar de menos”.
Omissão da expressão “problema era”.
Silepse
A silepse é uma figura de linguagem que consiste em fazer uma concordância não com as palavras que estão na frase, mas com a ideia que elas expressam ou com um termo que está subentendido.
Ela é uma forma de concordância ideológica, que não segue as regras gramaticais, mas sim o sentido que o falante quer transmitir. Ela pode afetar a concordância de gênero, número ou pessoa, dependendo do caso.
Por exemplo:
“Vossa excelência é muito justo”.
Concordância de gênero com a pessoa, não com o termo “excelência”. Se entende que a pessoa é um homem.
“O povo se uniu e gritavam muito alto nas ruas”.
Concordância de número com a ideia de pluralidade, não com o termo “povo”.
“Todos os pesquisadores estamos ansiosos com o congresso”.
Concordância de pessoa com o falante, não com o termo “pesquisadores”.
A silepse é um recurso estilístico que pode dar mais expressividade, ritmo, ênfase ou beleza ao texto, mas também pode causar ambiguidade ou confusão se usada de forma inadequada.
Ela é mais comum na linguagem oral, informal e coloquial, mas também pode ser encontrada em textos literários, poéticos, humorísticos ou publicitários. Ela é um tipo de figura de sintaxe, pois altera a estrutura das frases.
A silepse é também um tipo específico de elipse, que é a omissão de um termo que não foi expresso anteriormente no texto.
Hipérbato ou inversão
Talvez o exemplo mais clássico seja:
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante”. (Hino Nacional Brasileiro)
O sujeito “as margens plácidas do Ipiranga” foi antecipado e o complemento “de um povo heroico” foi intercalado.
Hipérbato ou inversão, então, é uma figura de linguagem que consiste na troca da ordem direta dos termos da oração ou do período.
A ordem direta é aquela em que os termos da oração seguem a sequência: sujeito, verbo, complementos e adjuntos. O hipérbato altera essa ordem, colocando os termos em posições diferentes, para criar efeitos de sentido, como ênfase, expressividade, ritmo ou beleza.
Polissíndeto
Polissíndeto é uma figura de linguagem que consiste na repetição de uma conjunção coordenativa entre palavras ou orações, com o objetivo de criar um efeito de sentido, como ênfase, intensificação, ritmo ou beleza.
É um tipo de figura de sintaxe, pois altera a estrutura gramatical das frases. É também um tipo de elipse, pois às vezes omite alguns termos que podem ser subentendidos pelo contexto.
Por exemplo, na frase “Ela gosta de ler, e de escrever, e de pintar, e de cantar”, há um polissíndeto com a conjunção “e”, que dá uma ideia de acréscimo e de continuidade.
Outras conjunções que podem ser usadas no polissíndeto são “nem”, “ou”, “mas”, “porque”, etc.
Assíndeto
O assíndeto é uma figura de linguagem que consiste na omissão das conjunções coordenativas que ligam as palavras ou as orações.
As conjunções coordenativas são aquelas que unem termos ou orações independentes entre si, como “e”, “mas”, “ou”, “porque”, etc.
O assíndeto é usado para dar mais fluidez, ritmo, ênfase ou beleza ao texto, evitando repetições desnecessárias ou redundantes. Ele também pode tornar o texto mais expressivo, criativo ou irônico.
O assíndeto é o oposto do polissíndeto, que é a repetição das conjunções coordenativas entre as palavras ou as orações.
Veja um exemplo de assíndeto:
“Tem que ser selado, registrado, carimbado / Avaliado, rotulado se quiser voar! / Se quiser voar / Pra Lua: a taxa é alta / Pro Sol: identidade / Mas já pro seu foguete viajar pelo universo / É preciso meu carimbo dando o sim / Sim, sim, sim” (Carimbador Maluco — Raul Seixas)
Anacoluto
Anacoluto é uma figura de linguagem que consiste em interromper a estrutura sintática de uma frase, deixando um termo ou uma expressão isolada no início, sem uma relação lógica com os demais elementos.
É um tipo de figura de sintaxe, pois afeta a construção gramatical das frases. É também um tipo de elipse, pois às vezes omite alguns termos que podem ser subentendidos pelo contexto.
O anacoluto é usado para criar efeitos de sentido, como ênfase, expressividade, ritmo ou beleza. Ele também pode transmitir a ideia de informalidade ou de improviso, característicos da linguagem oral, ao interromper e reorganizar uma ideia no meio de sua expressão.
Ele é comum na linguagem oral e coloquial, bem como em alguns textos literários, poéticos, humorísticos ou publicitários.
Veja alguns exemplos de anacoluto:
“Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura”. (Manuel Bandeira)
A expressão “eu” fica isolada no início da frase, sem uma função sintática definida.
E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o voo desde o Ilisso às ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, — a imaginação dessa senhora também voou por sobre os destroços presentes até às ribas de uma África juvenil” (Machado de Assis)
A expressão “a imaginação dela” é interrompida por uma divagação e retomada por “a imaginação dessa senhora”, que assume o papel de sujeito da oração.
Figuras de pensamento
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As figuras de pensamento são recursos estilísticos que modificam o sentido das palavras ou expressões, criando efeitos de sentido diferentes do literal ou original.
Elas são usadas para dar mais expressividade, ênfase, ritmo ou beleza ao texto, apelando para as interpretações lógicas e imaginação do interlocutor. Elas são um dos grupos das figuras de linguagem, ao lado das figuras de palavras, das figuras de sintaxe e das figuras de som.
Antítese
A antítese é uma figura de pensamento que consiste em usar palavras ou expressões com sentidos opostos para criar um efeito de sentido, como ênfase, intensificação, ritmo ou beleza.
Ela é um tipo de figura de linguagem, que são recursos estilísticos que modificam o sentido das palavras ou expressões. Ela pode se basear em mecanismos como a oposição, a contradição, a intensificação, a atenuação, a substituição, a personificação, a interpelação, etc.
“Não existiria som se não / Houvesse o silêncio / Não haveria luz se não / Fosse a escuridão / A vida é mesmo assim / Dia e noite, não e sim” (Certas Coisas — Lulu Santos)
Paradoxo
O paradoxo é uma figura de linguagem que consiste em usar palavras ou expressões com sentidos opostos ou contraditórios para criar um efeito de sentido, como ênfase, intensificação, ritmo ou beleza.
Ele é um tipo de figura de pensamento, que são recursos estilísticos que modificam o sentido das palavras ou expressões. Ele pode se basear em mecanismos como a oposição, a contradição, a intensificação, a atenuação, a substituição, a personificação, a interpelação, etc.
Por exemplo, na frase “O que não tenho e desejo é que melhor me enriquece”. (Manuel Bandeira), há um paradoxo com as expressões “não tenho” e “me enriquece”, que se contradizem dentro de uma mesma ideia.
O autor usa essa contradição para expressar uma visão poética sobre a riqueza, que não depende apenas de bens materiais, mas também de desejos e sonhos.
Gradação ou clímax
A gradação ou clímax é uma figura de linguagem que consiste em organizar uma sequência de palavras ou ideias em ordem crescente ou decrescente de intensidade. Ela é usada para criar um efeito de sentido, como ênfase, ritmo, beleza ou expressividade.
Ela é um tipo de figura de pensamento, que são recursos estilísticos que modificam o sentido das palavras ou expressões.
“Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.” (Ocidentais — Machado de Assis)
Por exemplo, na frase acima há uma gradação sem conjunções, que dá uma ideia de acréscimo e de continuidade. Outras conjunções que podem ser usadas na gradação são “nem”, “ou”, “mas”, “porque”, etc.
Personificação ou prosopopeia
A personificação ou prosopopeia é uma figura de linguagem que consiste em atribuir características ou ações humanas a seres não humanos, como animais, objetos, fenômenos naturais, etc.
Ela é usada para dar mais expressividade, ênfase, ritmo ou beleza ao texto, apelando para a imaginação do leitor ou do ouvinte. Ela é um tipo de figura de pensamento, que são recursos estilísticos que modificam o sentido das palavras ou expressões.
Por exemplo, na frase “As casas espiam os homens / Que correm atrás das mulheres” (Poema de Sete Faces — Carlos Drummond de Andrade), há uma personificação das casas, que é um ser inanimado, mas que recebe a característica humana de espiar.
A personificação é muito comum na linguagem literária, poética, humorística ou publicitária, pois permite criar efeitos de sentido variados, como ironia, lirismo, surpresa ou persuasão. Ela também é muito usada nas fábulas e nos contos infantis, que apresentam animais ou objetos como personagens que falam, pensam e agem como seres humanos.
Ironia
“Moça linda bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: um amor!” (Moça Linda Bem Tratada — Mário de Andrade)
A ironia é uma figura de linguagem que consiste em usar palavras ou expressões com sentido oposto ou contraditório ao que se quer dizer, para criar um efeito de humor, crítica, zombaria ou surpresa.
Ela é um tipo de figura de pensamento, pois depende da intenção e da interpretação do emissor e do receptor da mensagem. Ela também pode ser vista como uma forma de metáfora, pois envolve uma comparação implícita entre dois domínios diferentes.
Existem três tipos principais de ironia, de acordo com a sua forma e o seu contexto:
Ironia verbal: é a mais comum e ocorre quando o falante diz o contrário do que pensa ou sente, usando um tom de voz, uma entonação ou um gesto que indique a sua intenção irônica. Por exemplo: “Você é mesmo muito inteligente!”, quando dito com sarcasmo para alguém que fez uma besteira.
Ironia de situação: ocorre quando há uma contradição ou uma incoerência entre o que se espera que aconteça e o que realmente acontece, gerando um efeito de surpresa, decepção ou frustração.
Por exemplo: “Ele passou anos estudando para ser médico, mas acabou trabalhando como palhaço de circo”.
Ironia dramática: é um tipo específico de ironia que ocorre em obras literárias, teatrais ou cinematográficas, quando o público ou o leitor sabe de algo que os personagens ignoram, gerando um efeito de suspense, expectativa ou compaixão.
Por exemplo: “Em Romeu e Julieta, o público sabe que Julieta fingiu a sua morte, mas Romeu não, e acaba se matando por amor”.
A ironia pode ser usada na linguagem oral, informal e coloquial, para brincar, provocar ou ironizar alguém ou alguma situação.
Apóstrofe
A apóstrofe é uma figura de linguagem que consiste em interromper a fala ou a escrita para fazer uma invocação ou um chamamento a alguém ou a algo, como se fosse uma pessoa real.
Ela é um tipo de figura de pensamento, que são recursos estilísticos que modificam o sentido das palavras ou expressões. Ela também pode ser vista como uma forma de vocativo, que é um termo que serve para chamar ou interpelar alguém.
A apóstrofe é usada para dar mais expressividade, ênfase, ritmo ou beleza ao texto, criando uma conexão mais profunda entre o autor e o leitor ou o ouvinte. Ela é um recurso muito comum na linguagem literária, poética, religiosa, política ou publicitária, mas também pode ser encontrada na linguagem oral, informal e coloquial.
Veja alguns exemplos de apóstrofe:
“Povo de São Paulo! Vamos vencer juntos”.
Chamamento a um grupo de pessoas.
“Senhor, tende piedade de nós”.
Invocação a Deus em uma oração.
Alusão
A alusão é uma figura de linguagem que consiste em fazer uma referência ou citação a um fato, pessoa, texto, obra de arte, personagem ou outra produção que já existe e que é conhecida pelo interlocutor.
Ela é um tipo de intertextualidade, que é a relação entre textos, seja de forma explícita ou implícita. Ela é usada para criar um efeito de sentido, como exemplificação, comparação, homenagem, crítica ou ironia.
Por exemplo, na frase “Ele é um verdadeiro Dom Quixote”, há uma alusão ao personagem principal do romance de Miguel de Cervantes, que era um cavaleiro andante que vivia em um mundo de fantasia. Essa alusão serve para caracterizar o sujeito da frase como alguém sonhador, idealista e ingênuo.
Quiasmo
O quiasmo é uma figura de linguagem que consiste na inversão da ordem dos termos ou das ideias em uma frase, criando uma estrutura simétrica e organizada. Ele é um tipo de figura de sintaxe, pois afeta a construção gramatical das frases.
Ele também é um tipo de antítese, pois envolve uma oposição ou um contraste entre os termos ou as ideias.
O quiasmo pode ser representado pela fórmula A-B-B-A (não vá pensar que é o grupo sueco), em que os elementos A e B se repetem em ordem inversa.
Por exemplo:
“Quem ri por último, ri melhor”.
A: quem ri / B: por último / B: melhor / A: ri
Figuras sonoras
![Figuras de linguagem: o que são e como usá-las corretamente](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/12/figuras-de-linguagem-o-que-sao-e-como-usa-las-corretamente-imagem-4.jpg.webp)
As figuras sonoras são recursos estilísticos que combinam os sons às palavras, provocando no leitor ou no ouvinte uma experiência auditiva extremamente agradável.
Elas são um dos grupos das figuras de linguagem, que são formas de expressar ideias, sentimentos, valores, críticas ou reflexões de maneira indireta, criativa e expressiva. Elas se baseiam nos aspectos fonéticos e fonológicos das palavras, ou seja, na forma como elas são pronunciadas e organizadas.
Cacofonia
A cacofonia é uma figura de linguagem que consiste em produzir sons desagradáveis ou ambíguos pela junção de sílabas ou palavras. Ela é um tipo de vício de linguagem, que são desvios das normas gramaticais que podem prejudicar a clareza e a coerência da comunicação.
Ela ocorre normalmente entre a sílaba do final de uma palavra e do início de outra, formando outras palavras com sentido diferente, engraçado ou ofensivo.
Por exemplo:
“Eu beijei a boca dela” (cadela);
“A prova valia 5 pontos, um por cada acerto” (porcada);
“Ela tinha uma saia longa” (latinha);
“Vou te dar uma mão nessa tarefa” (mamão).
Ela pode ser usada de forma intencional em textos literários, poéticos, humorísticos ou publicitários, para criar efeitos de sentido, como ironia, surpresa, crítica ou expressividade.
Onomatopeia
A onomatopeia é uma figura de linguagem que consiste em usar palavras que imitam os sons produzidos por pessoas, animais, objetos ou fenômenos da natureza.
Ela é um tipo de figura de som ou de harmonia, pois cria um efeito sonoro no texto, apelando para a audição do leitor ou do ouvinte. Ela também pode ser vista como uma forma de metáfora, pois envolve uma comparação implícita entre dois domínios diferentes.
Ela também é muito usada em histórias em quadrinhos, que apresentam vários exemplos de onomatopeias para representar os sons das ações dos personagens. Além disso, ela é muito comum na linguagem oral, informal e coloquial, especialmente nas mensagens pela internet, que usam onomatopeias para expressar risos, emoções ou reações.
Existem vários tipos de onomatopeias, que podem se relacionar com os sons de animais, instrumentos musicais, fenômenos naturais, objetos, pessoas, etc.
Alguns exemplos são:
Som de animal: au au (cachorro), cocoricó (galo), quá quá (pato), etc.
Som de instrumento musical: tum tum (tambor), etc.
Som de fenômeno natural: chuá (chuva), vuuu (vento), brrr boom (trovão), etc.
Som de objeto: vrum vrum (carro), bi bi (buzina), tique taque (relógio), etc.
Som de pessoa: atchim (espirro), nhac (mordida), tchibum (mergulho), etc.
Aliteração
A aliteração é uma figura de linguagem que consiste na repetição de sons consonantais (consoantes) em um texto, para criar um efeito sonoro, como ritmo, harmonia, ênfase ou beleza.
Ela é um tipo de figura de som ou de harmonia, que são recursos estilísticos que combinam os sons às palavras. Ela também pode ser vista como uma forma de metáfora, pois envolve uma comparação implícita entre dois domínios diferentes.
A aliteração pode ocorrer no início, no meio ou no fim das palavras, desde que haja uma proximidade entre elas.
Por exemplo:
“Lá vem o pato / Pata aqui, pata acolá / Lá vem o pato / Para ver o que é que há” (O Pato — Vinícius de Moraes)
A aliteração é diferente da assonância, que é outra figura de som que usa a repetição de sons vocálicos (vogais) em um texto. No entanto, as duas figuras podem ocorrer juntas, formando uma combinação sonora.
Assonância
A assonância é uma figura de linguagem que consiste na repetição de sons vocálicos (vogais) em um texto, para criar um efeito sonoro, como ritmo, harmonia, ênfase ou beleza.
Ela é um tipo de figura de som ou de harmonia, que são recursos estilísticos que combinam os sons às palavras. Também pode ser vista como uma forma de metáfora, pois envolve uma comparação implícita entre dois domínios diferentes.
Por exemplo:
“É a moda / da menina muda / da menina trombuda / que muda de modos / e dá medo” (Moda da Menina Trombuda — Cecília Meireles)
Paronomásia
“Enquanto é tão cedo / Tão cedo / Enquanto for… um berço meu / Enquanto for… um terço meu / Serás vida… bem-vinda / Serás viva… bem viva / Em mim” (Realejo — O Teatro Mágico)
A paronomásia é uma figura de linguagem que consiste em usar palavras parônimas, ou seja, palavras que têm sons e grafias parecidas, mas significados diferentes, para criar um efeito de som, humor, ironia ou crítica no texto.
Ela é um tipo de figura de som ou de harmonia, que são recursos estilísticos que combinam os sons às palavras. Ela também pode ser vista como uma forma de metáfora, pois envolve uma comparação implícita entre dois domínios diferentes.
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