Após as eleições, a quantidade de eleitores de extrema-direita que estão em busca de vistos ou de cidadania para outros países aumentou consideravelmente após vitória de Lula (PT).
A corrida eleitoral chegou ao fim, e com ele o momento é de transição econômica e política para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assuma o cargo de chefe do Executivo pela terceira vez no Brasil. Porém, desde que o resultado das urnas foi oficialmente disponibilizado, alguns brasileiros demonstraram descontentamento, ocupando as ruas em manifestações apontadas como antidemocráticas e buscando maneiras de morar em outros países.
Segundo reportagem do UOL, Marcelo Oliveira, de 42 anos, é um dos eleitores que demonstra insatisfação com a vitória do petista, e chega a alegar que a censura existente no Brasil atualmente impossibilita os cidadãos de falarem sobre quaisquer assuntos. Trabalhando com transporte de cargas, chegou a formalizar um contrato entre o primeiro e o segundo turno das eleições para conseguir um visto para morar na Austrália, país onde já viveu entre 2016 e 2018.
Morador de Pouso Alegre, em Minas Gerais, Marcelo usa duas vans e um caminhão para transportar cargas e realizar fretes. De acordo com ele, caso Jair Bolsonaro fosse reeleito, seria mais viável colocar outro veículo para rodar, mas como esse acabou não sendo o resultado final, acredita que o melhor a fazer seja sair do Brasil.
Assim como outros apoiadores da política de extrema-direita de Bolsonaro e seus aliados, Marcelo defende que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é quem manda atualmente no país, além de acreditar que as urnas foram fraudadas e que exista autoritarismo na maneira de governar. O trabalhador afirma que o futuro do país pode ser visto como “muito tenebroso”, e tem medo das coisas que podem acontecer nos próximos anos.
O relatório de fiscalização do processo de votação enviado pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não apontam sequer um indício de que possa ter existido qualquer tipo de fraude. Marcelo ainda aponta que a redução no preço dos combustíveis – medida adotada pelo governo às vésperas das eleições para aumentar a popularidade de Bolsonaro – é um ponto positivo, e que no governo Lula isso pode mudar.
Enquanto um segmento da população tem tentado ocupar as ruas, estradas e as portas de quarteis, pedindo por intervenção militar e que Lula não assuma a presidência, em uma tentativa antidemocrática de compreender as urnas, outra parcela tenta sair do país. Entre os principais argumentos dos eleitores de extrema-direita, estão as especulações sobre a política econômica e o medo de que o Brasil “vire uma Venezuela”.
Algumas agências de turismo têm registrado um aumento substancial na quantidade de brasileiros que ligam em busca de vistos ou de valores para sair do país, mas isso não significa que a procura seja sempre convertida em saída do Brasil. Segundo reportagem do UOL, a Aquila Global Group, empresa especializada em mobilidade global, detectou um aumento de 60% nas ligações diárias; e a D4U Immigration registrou um recebimento de e-mails sete vezes maior do que a média.
Outros argumentos de quem deseja sair do Brasil ou não aceita a vitória de Lula incluem participar da onda de políticos de esquerda na América Latina, eleger um “político ladrão” e “implementação do socialismo”. Ainda que não existam indícios de que uma movimentação que mude o cenário político-econômico do país, muitos eleitores de Bolsonaro defendem a ideia.
Luiz Inácio Lula da Silva teve todos os seus processos de corrupção ou demais investigações retirados, e atualmente obteve 26 vitórias judiciais, incluindo o caso do Tríplex do Guarujá, que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as duas decisões; o caso do Sítio de Atibaia, também anulado pelo STF depois que os advogados provaram que ele não recebeu dinheiro da Odebrecht; casos envolvendo o filho, irmão e sobrinho, que foram rejeitados ou trancados pelas respectivas varas. O STF considerou a 13ª Vara Federal de Curitiba incompetente para julgar as ações envolvendo o petista, se estendendo ao juiz Moro.