O gari de Giorggio Abrantes, 40 anos, é natural de Aparecida (PB) e lidava com o alcoolismo:
“Minha esposa já estava cansada de passar tantos perrengues e, em um determinado momento, a gente chegou a se separar. Ela falou que não aguentava mais aquela situação e eu também quase perdi meu emprego na prefeitura, já que sou gari efetivo aqui”.
Então, Abrantes buscou ajuda para que familiares o internassem em uma clínica de reabilitação. Foi lá que aprendeu a fabricar vassouras utilizando o reaproveitamento de garrafas PET descartadas.
“Quando terminou o tratamento, a gente voltou com o casamento e, com o passar dos dias, eu comecei a fazer as vassouras como forma de sobrevivência, para adquirir um pouco mais de dinheiro” explica o gari, que, algum tempo depois, começou a compartilhar conteúdo sobre seu trabalho nas redes sociais, recebendo apoio de seus seguidores.
Ele relata que, nos comentários de seus vídeos, as pessoas expressavam o desejo de também realizar o trabalho de reciclagem. Foi nesse ponto que ele procurou serralheiras em sua cidade para a fabricação de máquinas, mas enfrentou resistência.
“Passei por várias humilhações com serralheiros que não acreditavam, que achavam não ia dar certo, que era perda de tempo”, recorda.
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![Gari vence alcoolismo e cria fábrica de vassouras de garrafa PET, conquistando fãs](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/11/Design-sem-nome-2023-11-14T165743.044.png.webp)
“Uma página da internet, a Razões para Acreditar, junto ao Voa, criou uma vaquinha. Eles contaram minha história, acharam super interessante a superação do alcoolismo e a vontade de voltar para casa, de não desistir da família. E, com o valor arrecadado de 17 mil reais, eu comecei a montar uma oficina nos fundos da casa que eu morava de aluguel” explica Abrantes, que instalou uma cobertura com lona no muro e adquiriu máquina de solda, lixadeira e parafusadeira.
Dessa forma, ele mesmo passou a fabricar as ferramentas necessárias para a produção das vassouras.
Desde então, o gari começou a produzir não apenas vassouras, mas também bolsas, chapéus, brinquedos e passou a vender as máquinas, permitindo que mais pessoas possam se beneficiar financeiramente dessa prática enquanto contribuem positivamente para o meio ambiente.
O projeto tem obtido grande êxito. Considerando todas as suas redes sociais, Abrantes acumula mais de um milhão de seguidores. Além disso, ele tornou-se palestrante e é um dos finalistas do prêmio Expo Favelas.
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Com o valor do prêmio, ele planeja concluir a construção de sua oficina e adquirir máquinas para aproveitar outras partes das garrafas PET, como as tampinhas.
“Eu dei o primeiro passo, mudei de vida, e o projeto de reciclagem mudou a minha vida. Hoje eu possuo coisas que eu não pensaria que teria com aquela vida que eu tinha antes. Ele me deu a autonomia financeira, ele me encheu de esperanças que a gente pode ajudar o meio ambiente com as ferramentas que a gente tem”, comenta.