Diversas emissoras brasileiras viraram notícia ao anunciar onda de demissões em massa.
A Rede Globo foi uma delas. No entanto, fontes alegam que o canal tem poupado funcionários negros.
De acordo com o Sala de TV, a emissora tem prezado pela diversidade. É o que afirmam profissionais entrevistados tanto das redações em São Paulo, quanto do Rio de Janeiro. Eles conseguem ter essa percepção de que a direção tem se controlado um pouco ao demitir pessoas.
É notório o quanto a presença de pardos e pretos poderia ser maior no telejornalismo. Vale ressaltar que esta classificação é utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A saudosa Glória Maria, vítima de metástases cerebrais, foi um grande exemplo de protagonismo negro na televisão brasileira. Pioneira em ser a primeira mulher à frente do “Fantástico”, surgir em transmissão HD dentre outros feitos históricos, inspirou muita gente.
Uma dessas pessoas que a tinham como referência é Maju Coutinho, que hoje brilha ao lado de Poliana Abritta no mesmo programa que consagrou a célebre jornalista. Saber da existência de alguém que tanto contribuiu para uma maneira inovadora e irreverente de se fazer jornalismo, mostra que outras pessoas podem – e devem – buscar o seu lugar ao sol.
Segundo o Terra, o setor de comunicação do canal da família Marinho possui uma desproporcionalidade no que se refere à quantidade de figuras negras em relação à toda a população brasileira.
Esse é um dos motivos pelos quais existe uma preocupação real em evitar dispensar os comentaristas, repórteres e apresentadoras que integram essa parcela racial. Diversas empresas ao redor do mundo têm colocado isso como pauta.
Foi criada uma diretoria de Diversidade pela Globo em meados de outubro de 2022, tendo a executiva negra Samantha Almeida como a chefia desta seção. O intuito é ver mais produções como séries, programas de TV e novelas exaltando a cultura afro-brasileiras, bem como a história deste povo, além é claro, de enaltecer a presença dos negros.
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Novelas da Globo também buscam por mais representatividade
O folhetim das 19h, “Vai na Fé”, por exemplo, teve essa sacada. Escrita pela autora Rosane Svartman, a trama traz em seu elenco diversos atores negros. Isso mostra o quanto pautas raciais têm ganhado amplitude.
A proposta foi justamente colocar a maioria deles interpretando papéis bem-sucedidos, de quem venceu na vida, e não permanecer no passado apostando em personagens que fazem parte da pobreza e escravidão, como muito já se viu por aí.
Setor mais afetado
Tanto nesta emissora como em outras, o jornalismo tem sofrido com cortes bruscos nos últimos meses.
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Telespectadores e colegas de profissão se surpreenderam ao presenciar veteranos que estavam há anos no comando de algum noticiário ou atração, serem mandados embora.
Por mais que a corporação seja majoritariamente branca, tem sido mais comum ver âncoras negros apresentando o “Jornal Nacional”. Nesta quinta-feira (6), Marcio Bonfim e Aline Midlej estavam cobrindo a folga de William Bonner e Renata Vasconcellos.
Se tratando da GloboNews, fundada em 1996, há somente uma negra, Flavia Oliveira, dentre os mais de 20 comentaristas de economia e política que trabalham por lá. Por si só, isso já mostra que ainda há um caminho a ser percorrido.
Desdobramentos
Apesar de nada ter sido confirmado, rolam alguns boatos em um grupo de WhatsApp composto por jornalistas de veículos distintos, que Zileide Silva e Heraldo Pereira, ambos da área da política em Brasília, provavelmente seriam desligados da Rede Globo por terem um salário considerado alto.
Acredita-se que os desligamentos em massa podem causar uma certa revolta no público, especialmente aqueles que levantam a bandeira de ver mais profissionais negros nas telinhas.
Já outros podem se valer do discurso de que a cor da pele não deve ser critério para alguém continuar em uma certa posição profissional, seja ela qual for.