A jornalista Glória Maria fez história no jornalismo e também quebrou barreiras na vida pessoal.
Foram inúmeras as conquistas realizadas por Glória Maria antes de partir. Ela era considerada um ícone da televisão brasileira e deixou um legado impressionante. Continua sendo símbolo de força!
Um dos fatores que marcaram a trajetória de Glória foi sua representatividade no jornalismo.
Enquanto mulher negra, também foi a primeira figura feminina a fazer uma transmissão ao vivo em HD no Brasil. Lutou contra o racismo, fez questão de levantar a bandeira contra o etarismo e resolveu encarar a maternidade solo.
Mãe de duas, Maria (15) e Laura (14), adotou as filhas durante uma viagem à Bahia em 2009. Chegou lá sem desejar a maternidade e saiu apaixonada por aquelas que se tornariam os grandes amores de sua vida. O encontro entre as três foi de almas! No entanto, o processo de adoção durou cerca de 11 meses.
A espera valeu a pena para a carioca, que saiu de Vila Isabel para o mundo. Isso porque percorreu mais de 160 países, como apontado pela Isto É Dinheiro. O passaporte carimbado era motivo de orgulho, já que muitas de suas viagens foram em âmbito profissional, realizando inúmeros sonhos.
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Ela vivia com intensidade a entrega da notícia. Já entrevistou Michael Jackson, o eterno Rei do Pop, deu uma paquerada em Mick Jagger, fez aventuras radicais, andou de montanha-russa na Jamaica após fumar uma erva bastante similar a maconha, dentre outros feitos icônicos.
Literalmente fez tudo que queria e carregava essa máxima como seu lema de vida. Conforme o jornal Extra, exigiu que em sua lápide estivesse escrito: “Vivi como eu quis. Eu sou a dona do meu destino.”
Sempre com o astral lá em cima, adorava embarcar em novos desafios, permitindo-se sair de sua zona de conforto.
Na última quinta-feira (2), Glória Maria deixou fãs, amigos e familiares devastados com sua morte. Ela veio a óbito em decorrência de metástases cerebrais. Inicialmente foi diagnosticada com câncer no pulmão, tratando-se com imunoterapia, em meados de 2019.
Logo em seguida, teve a primeira metástase cerebral, passando por uma cirurgia delicada, mas obtendo sucesso na recuperação. Contudo, no ano passado, descobriu que a doença havia acometido seu corpo mais uma vez.
Glória Maria continua inspirando as mulheres!
Vinda de uma família matriarcal e extremamente pobre, composta por mulheres fortes, como a própria Glória Maria definia, tinha sua avó Alzira, que faleceu aos 104 anos, como grande referência. Ela foi mãe de vários filhos e era muito mandona!
Dando continuidade ao legado familiar, Glória seguiu – e segue – inspirando mulheres. Ela permanece viva em meio a tantas lições deixadas. Seu pioneirismo em uma época que as mulheres tinham menos liberdade, mostra que a comunicadora sempre batalhou para conquistar seu espaço na televisão.
Naquele período, o empoderamento feminino não era pauta. Mesmo assim, ela não temia o desconhecido e reconhecia seu grande valor pessoal e profissional. Foi a primeira mulher a comandar o “Fantástico”, assim que a tecnologia chegou na TV, surgindo em uma matéria em cores.
Depois, tornou-se a primeira negra brasileira a dar uma volta ao mundo. Glória nem tinha mais espaço para os vistos, simbolizando uma conquista e tanto! Teve muitos motivos para comemorar sua caminhada em vida.
Luta contra o preconceito
Criada em 1951, a Lei Afonso Arinos foi usada pela primeira vez em território nacional por Glória Maria. A mesma punia o racismo como crime e contravenção penal. A jornalista foi barrada em um hotel por um funcionário que alegou que negros não poderiam entrar. Neste momento ela chamou a polícia e levou o gerente até os tribunais.
O homem acabou sendo expulso do Brasil, mas esquivou-se da acusação após pagar uma multa. Ela enfatizou que o racismo não valia nada para a maioria das pessoas, somente para quem sentia na pele.
Empoderamento feminino
A idade sempre foi algo irrelevante para Glória Maria, já que ela acreditava que isso não deveria definir ninguém. Uma postura muito admirada pelas colegas de trabalho, como Fátima Bernardes, por exemplo.
A famosa esteve uma vez no camarim com a jornalista, quando Fátima comentou que gostaria de usar uma roupa curta, tendo em vista que futuramente, não poderia usar mais. Foi aí que Glória a questionou e depois disse que ela poderia usar a peça quando quisesse.
Essência
No mais, Glória Maria sabia que os detalhes de sua vida pertenciam somente à ela. Por esse motivo, nunca permitiu que terceiros a manipulassem. Sempre soube que podia tudo, era livre para isso e aos poucos foi ocupando seu lugar ao sol. Abriu portas para outras mulheres, sejam elas negras ou brancas.
Viva Glória Maria e sua história inspiradora!