Há dias em que a gente só quer acordar, receber um beijinho na testa, tomar leitinho com Toddynho, comer um biscoitinho Goiabinha, pegar a cobertinha e ir ver desenho esparramada no chão da sala.
Bateu saudade, né, minha filha? Ê, laiá! Dias de luta, dias de glória.
Vamos ser bem realistas: a vida de adulto não é nada fácil. Ela é boa, mas é chata. E desafiadora. E libertadora, mas também é uma prisão, porque obviamente, temos de ser responsáveis e tomar as rédeas das nossas vidas.
Crescer é um mal necessário, faz parte do ciclo da vida. Ok, mas não sejamos hipócritas, bate uma “badzinha”, quando cai a ficha, porque sabemos que jamais voltaremos a ser crianças novamente.
Nunca mais acordar com a única preocupação de ir brincar, escolher a boneca para tingir o cabelo de azul, escalar o GI Joe para salvar a donzela em perigo, pegar gema de ovo e tacar no cabelo para ver se ficava loiro igual ao cabelo da Xuxa. Pausa para um longo suspiro.
É, meus amores, acabou-se o tempo de ter como única preocupação ir desenhar um sol, uma nuvem e uma casinha.
Às vezes, eu acordo, deito-me na beirada da cama, espero uns 5 minutos para minha alma voltar para o corpo (às vezes, 15 horas), daí vou lá lavar o rosto, e quando começo a sentir o cheirinho do café, fecho os olhos, agradeço a Deus por mais um dia, mas lá vem a musiquinha do Zé Ramalho: “Admirável gado novo”, cujo refrão é assim, ó: “Ê, ô, ô, vida de gado. Povo marcado, ê! Povo feliz!”
Não ria!
Se você também, às vezes, sente um vazio no peito, uma coisa ruim, aquela sensação de angústia, bem-vindo ao clube.
Não, você não é um fraco, você é só um ser humano perfeitamente normal. Que bom que você preserva esses sentimentos e não tem medo de expor seus medos e fragilidade, e não deixou a batalha diária transformá-lo num robô, cujas emoções se manifestam no piloto automático.
Você é composto de memórias! Elas é que moldaram sua essência. Não as expulse de dentro de si. Veja, é ótimo ser alguém produtivo, mas se permitir ser você não tem preço.
Quem disse que para provar seu valor você tem de ser forte o tempo inteiro? Pare com isso! Não se cobre demais. Ninguém é perfeito e ninguém nasce sabendo. A vida não busca os perfeitos, mas ela lhe pede resiliência e coragem.
Eu sou bem meio a meio, sabe? Assumo. Mulherão, quando tenho que encarar situações difíceis, e menina, quando a barra pesa e logo peço um abraço, um carinho.
É uma delícia a gente ser quem a gente é e não tem problema nenhum em sentir medo e insegurança.
Sou um bebezão, sim, mas nas horas em que me permito ser, para aliviar minha alma do corre-corre diário. E é um alívio poder expelir esse sentimento de dúvida num ombro acolhedor, não é mesmo?
Sua essência é aquilo que o faz único! lembrando que você está exatamente onde deveria estar. Nem antes nem depois. Cada um tem seu tempo, seu ritmo. Confia no teu feeling, ok? Nossa intuição nunca falha!
A vida muda na proporção da sua vontade de fazer acontecer, mas na capacidade de pausar, quando necessário.
Faça um favor a si mesmo: peça um abraço aí para quem está do seu lado para recarregar as energias e vá para a frente, porque atrás vem gente!
Se preciso for, desperte a She-ha, o He-man que reside em você, e enfrente as adversidades.
Pegar as características de um personagem que admirava na infância e trazer isso para o mundo real pode ser muito útil.
Soltar as suas feras também, como o Gremlin, que ao tomar banho reproduzia vários Gremlins diferentes, uma alegoria para as múltiplas personalidades que carregamos dentro de nós ao longo dos anos e que se revelam a partir das experiências que vivemos.
Tal qual o Baby Gremlin, que sentia muito medo do mundo e se via indefeso, lembre-se sempre que a coragem não significa ausência do medo, mas a decisão de que fazer algo é mais importante do que permanecer paralisado nele.
Você não pode viver uma vida para agradar aos outros. Por isso, segure a mão da criança que há dentro de você. Para ela, nada é impossível.