William afirma que a construção do livro foi uma forma de “exorcizar sua própria dor” depois de ter sido vítima de abuso sexual em um colégio interno.
O livro “A Cabana” foi publicado por uma pequena editora nos Estados Unidos, mas acabou se tornando um fenômeno de vendas, com mais de 4 milhões de exemplares vendidos apenas no Brasil, e cerca de 20 milhões no mundo inteiro. Narrando a história de Mack Allen Phillips, que decide viajar no final de semana, mas sua filha mais nova acaba desaparecendo, e evidências apontam que ela sofreu abuso sexual e foi brutalmente assassinada em uma cabana.
Depois de passar quatro anos vivendo na mais absoluta tristeza, sentindo-se culpado pelo que ocorreu, Mack recebe um bilhete entregue por Deus, que o convida a voltar ao local onde tudo aconteceu. Mesmo desconfiado, ele retorna à cabana, e acaba recebendo uma revelação capaz de mudar sua vida para sempre. O livro acabou se tornando um longa-metragem de sucesso, e de acordo com reportagem do Daily Mail, o autor William Paul Young compôs a história para “exorcizar sua própria dor” de ter sofrido abuso sexual quando criança.
William conta que seus pais se mudaram do Canadá para a Papua Ocidental, província localizada na Nova Guiné, quando tinha apenas um ano de idade para trabalhar como missionários. Segundo explica na entrevista, a tribo local tinha um lado considerado “sombrio”, e “o abuso sexual se tornou parte do próprio tecido” de sua alma.
Em entrevista ao tabloide britânico, tudo começou a ocorrer quando ele tinha menos de cinco anos, e que existem umas lacunas em branco na sua memória. Quando completou seis anos de idade, foi enviado para um internato pelos pais, local onde “meninos mais velhos molestavam os menores”.
“A Cabana, para mim, é uma metáfora para o lugar onde nós, como seres humanos, guardamos nossa dor”, revela William. O péssimo relacionamento com os pais acabou fazendo com que rompessem relações, mas foi a terapia que fez ao longo da vida que acabaram curando quaisquer rachaduras que possam ter existido entre ele e seus responsáveis, enfrentando um longo processo de cura.
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![Escritor de “A Cabana” tem uma história de vida tocante: livro aborda dor e perda!](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/10/Screenshot_317.jpg)
“A Cabana”
Lançado em 2007, a história se transformou em um filme estrelado pelo ator australiano Sam Worthington, e é a sua dor pessoal que provoca a visita de Deus, uma mulher chamada Papa, interpretada por Octavia Spencer. A perda acaba sendo o elo que une a maioria dos leitores e espectadores, até porque todos, em maior ou menor grau, já passaram por algum tipo de perda em suas vidas.
Ainda assim, existe uma outra camada no livro que envolve um sentido ainda mais profundo, uma maneira das pessoas analisarem e sentirem suas próprias dores diante do mundo. William escreveu o livro em 2005, depois de declarar falência, e foi a esposa Kim quem mais o incentivou a fazê-lo. Como forma de presentear os próprios filhos com sua visão do que Deus é, ele escreveu e imprimiu 15 exemplares por conta própria.
Essas 15 cópias rapidamente se transformaram em milhões de vendas, e foi seu círculo pessoal que começou a falar sobre o livro, criando uma rede de pessoas que passavam adiante suas impressões com a história. Eventualmente, três homens na Califórnia conseguiram uma cópia e decidiram publicá-la, criando a Windblown Media na garagem de um deles.
Todos ficaram abismados quando perceberam que, investindo pouco mais de R$ 1500 de marketing e publicidade, chegaram a vender mais de 1 milhão de cópias do livro nos primeiros 18 meses. Porém, sem um acordo por escrito, William acabou entrando em uma disputa legal contra dois dos homens da Windblown Media.
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Abrindo mão dos seus direitos sobre o filme, William preferiu a liberdade sobre o resto do trabalho, e não reclama da decisão, principalmente porque o sucesso global de “A Cabana” o tornou muito rico. Ainda que a obra tenha lhe garantido conforto, ele explica que abriria mão de tudo sem pensar duas vezes, caso isso significasse sacrificar sua alegria de viver em família.