Iansã é uma figura proeminente dentro da cultura afro-brasileira, e representa uma das divindades mais reverenciadas nas religiões de matriz africana no Brasil. Seu papel abrange desde aspectos ligados à natureza até características ligadas à personalidade humana.
Também conhecida como Oyá, sua origem reside nos cultos tradicionais iorubás, provenientes da região da Nigéria. Sua trajetória mitológica ganhou destaque por sua associação com ventos, tempestades, transformação e liderança. Filha de Obatalá, o deus da criação, e irmã de Xangô, o deus do trovão, Iansã também é considerada uma das esposas de Xangô.
Na mitologia, Iansã é frequentemente retratada como uma mulher de grande força, coragem e determinação. Ela é a senhora dos ventos e das tempestades, capaz de desencadear mudanças climáticas intensas.
Além disso, Iansã é associada à transformação, simbolizando o processo de renovação e renascimento. Sua figura é muitas vezes invocada para auxiliar em momentos de mudança e superação de obstáculos.
História de Iansã
Segundo a Wikipédia, dentro da rica mitologia afro-brasileira, Iansã emerge como uma figura de destaque, ocupando um papel influente. Seu culto e sua narrativa transcendem as fronteiras culturais e geográficas, enriquecendo a tradição religiosa e espiritual do Brasil.
Iansã, também conhecida como Oyá, encontra suas raízes nas tradições iorubás da África Ocidental, especialmente entre os povos iorubás da Nigéria. Sua personalidade mitológica é complexa, abrangendo aspectos da natureza e da espiritualidade humana.
Filha de Obatalá, o deus da criação, Iansã é frequentemente associada a características como ventos impetuosos, tempestades e transformação. Iansã é notavelmente reconhecida como a senhora dos ventos e das tempestades. Sua influência sobre os elementos naturais evoca poder e mudança.
Como guardiã das rajadas de vento e das chuvas torrenciais, ela personifica a força avassaladora da natureza. Seu papel é tão temido quanto respeitado, simbolizando a dualidade entre a destruição e a renovação.
Além de seu domínio sobre as intempéries, Iansã também personifica a capacidade de transformação e renovação. Seu mito ressoa com a jornada de mudança e crescimento pessoal. Assim como as tempestades trazem alterações ao ambiente, Iansã inspira a busca constante por superar obstáculos, adaptar-se e emergir com uma nova perspectiva.
A história de Iansã atravessa as gerações, enriquecendo o âmbito religioso e cultural do Brasil. Seu poder como deusa dos ventos e das tempestades, combinado com sua mensagem de transformação e renovação, continua a inspirar e ressoar com aqueles que buscam compreender os mistérios da vida e da espiritualidade.
A lenda de Iansã narra a colaboração entre ela e o Orixá Ogum na forja de metais, onde juntos criavam ferramentas essenciais para a construção do mundo e armamentos para a batalha, uma paixão compartilhada por ambos.
Ogum reconhecia em Iansã não apenas uma habilidosa parceira de trabalho, mas também uma guerreira destemida e companheira leal. Essa cumplicidade resultou na adoção do Orixá Logunedé, que havia se desgarrado de seus pais, Oxum e Oxóssi.
Num dia singular, o Orixá Xangô fez uma visita a seu irmão Ogum para requisitar armas. Assim que seus olhares se cruzaram, nasceu um amor instantâneo entre Xangô e Iansã. Ela tomou a decisão de deixar para trás Ogum e Logunedé, unindo-se a Xangô como uma das três esposas (junto a Oxum e Obá). Juntos, lideravam batalhas, enquanto Iansã empregava seus ventos para purificar o mundo e anunciar a chegada dos trovões e raios.
A busca de Iansã por conhecimento a levou a percorrer diversos reinos e viver com outros Orixás. Cada encontro lhe proporcionou aprendizados valiosos:
- Com Ogum, dominou a arte da espada;
- Oxaguian compartilhou o segredo do escudo para defesa;
- Orixá Exu desvendou os mistérios do fogo e da magia;
- Sob a tutela de Oxóssi, Iansã aprendeu a caçar, retirar a pele do búfalo e até a metamorfosear-se na própria criatura, através de magia;
- Com Logunedé, ela se dedicou à arte da pesca.
Oyá e Iansã no sincretismo religioso
No Brasil, Iansã foi sincretizada com Santa Bárbara, uma figura da tradição católica. Essa fusão deu origem a uma devoção que mistura elementos das duas tradições religiosas. A imagem de Iansã, frequentemente representada com espada e coroa, é reverenciada em terreiros de umbanda e candomblé, bem como em festas populares e celebrações religiosas.
Qualidade de Iansã
Animais de Poder
Na cosmologia dos arquétipos, certos animais assumem papéis representativos e místicos. No contexto de Iansã, os animais de poder mais associados são o búfalo, a coruja e a cabra. Esses animais são emblemáticos e simbolizam características e forças presentes na energia de Iansã.
Saudação a Iansã: “Eparrei!”
A saudação “Eparrei!” é uma forma respeitosa e cheia de admiração de cumprimentar Iansã. Ela encapsula o reconhecimento da presença poderosa e inspiradora dessa divindade, invocando uma conexão positiva e reverente.
Símbolos de Iansã
Os símbolos de Iansã são representações visuais que carregam significados profundos. O raio é um símbolo da natureza tempestuosa de Iansã e sua conexão com os elementos do trovão e dos raios.
A espada simboliza sua força guerreira e habilidades de liderança. O Irukerê, um chicote feito com a cauda do búfalo, tem a função de conduzir os Eguns (espíritos) e reflete o papel de Iansã como guardiã do mundo espiritual.
Dia de Iansã
Quarta-feira é o dia consagrado a Iansã, um momento propício para se conectar e prestar homenagem a essa divindade. Além disso, o dia 4 de dezembro também é associado a Iansã, marcando uma ocasião especial para celebrar sua energia e influência.
Cores de Iansã
As cores têm uma linguagem simbólica profunda nas tradições espirituais. As cores vermelho, amarelo, laranja e marrom são as tonalidades que representam Iansã, evocando aspectos de sua personalidade e domínios.
Número
O número 9 é considerado significativo no contexto de Iansã. Ele carrega um simbolismo que ressoa com suas energias e características, acrescentando uma dimensão numérica à sua presença mitológica.
Comidas e oferendas para Iansã
As oferendas alimentares têm um papel importante nas práticas espirituais. Iansã é honrada com oferendas como flores amarelas, espadas (que podem ser representações simbólicas), acarajé e abará, demonstrando respeito e conexão com sua essência divina.
Domínios de Iansã
Iansã reina sobre diversos domínios, que vão desde babuzais a tempestades, ventanias, raios, fogo e até a esfera da morte. Cada um desses domínios reflete aspectos de sua personalidade e influência, destacando sua amplitude de poder e significado.
Acarajé e Abará: pratos típicos
A origem da palavra “acarajé” ou “àkàrà” reside na língua Yorubá, onde “àkàrà” significa “bola de fogo”, e “je” é a palavra que denota a ação de comer. Assim, “Àkàrà-je” combina esses elementos, significando “bola de fogo para comer”.
O acarajé é um prato icônico e amplamente reconhecido na culinária da Bahia, especialmente vinculado às religiões de matriz africana. Sua origem é permeada de significado e história:
Segundo a narrativa, Iansã, uma divindade influente, dirigiu-se à casa do oráculo africano Ifá em busca de um alimento para alimentar seu marido Xangô. Ifá lhe entregou o alimento e recomendou que, ao comer, Xangô deveria comunicar-se com o povo.
Com certa desconfiança, Iansã provou o alimento, mas nada ocorreu. No entanto, ao entregar o preparado a Xangô, ela esqueceu de repassar as instruções dadas por Ifá.
Ao consumir o alimento, Xangô e Iansã foram tomados por labaredas de fogo que saíam de suas bocas. Essa visão impressionante levou o povo a saudá-los como grandes reis de Oyó, associando-os ao elemento do fogo.
A receita tradicional do acarajé envolve os seguintes passos:
- O feijão-fradinho é quebrado em um moinho em pedaços maiores.
- Os pedaços são embebidos em água até que a casca se solte.
- Uma vez sem casca, o feijão é moído novamente até se tornar uma massa macia e espumosa.
- Finalmente, a massa é frita em azeite-de-dendê.
Conforme a tradição, o primeiro acarajé de uma fornada é dedicado ao Exu, outra divindade de destaque nas religiões afro-brasileiras.
Além do acarajé, existe também o “abará”, que compartilha a base do processo com o acarajé:
- A mesma massa de feijão-fradinho é utilizada.
- À massa são acrescentados ingredientes como cebola ralada, sal e duas colheres de azeite-de-dendê.
- A massa preparada é envolvida em folhas de bananeira.
- Em seguida, é cozida a vapor e em banho-maria.
- O abará é servido na própria folha de bananeira.
Ambos os pratos possuem relevância cultural e espiritual, com suas preparações e oferendas ligadas a rituais e crenças das religiões afro-brasileiras.
Tipos de Iansã e suas qualidades
Os mitos que envolvem a figura de Iansã revelam uma multiplicidade de faces e qualidades dessa divindade.
Essas diferentes manifestações e arquétipos surgem de acordo com diferentes momentos, fases do seu mito e as necessidades que surgem em sua representação. Essas variações podem ser identificadas em aspectos como personalidade, habilidades, formas de agir e as companhias que a cercam.
No total, são quase 30 tipos distintos de Iansã, e aqui apresentamos algumas delas:
- Abomi ou Bomin: Associada a Xangô e Oxum;
- Afefe: Controladora dos ventos;
- Gbale ou Igbalé ou Balé: Detentora de domínio sobre os mortos;
- Maganbelle ou Agangbele: Relacionada às dificuldades na geração de filhos;
- Messan ou Yamesan: Foi esposa de Oxossi, apresentando uma natureza meio animal e meio mulher, sendo mãe de nove filhos;
- Odo: Ligada às águas e caracterizada por uma paixão pelo aspecto carnal;
- Ogaraju: Uma das manifestações mais antigas no contexto brasileiro;
- Onira: Representa uma ninfa das águas doces;
- Semi: Associada a Obaluaiê;
- Tope ou Yatopé ou Tupé: Conexão com Xangô e associação com roupas brancas;
- Oya Ygbale: Conhecida também como Oya Mensan Orum, traduzido como “mãe dos nove céus”.
- Além dessas, há ainda uma série de outras manifestações de Iansã – Oyá, como Akaran, Tiodô, Leié, Oniacará, Arira, Bagbure, Bamila, Gunán, Kedimolu, Kodun, Luo eró ossaim, Onisoni, Sinsirá, Sire, Yapopo, Petu, Biniká, Filiaba, Bagan, Seno.
Essa diversidade de manifestações de Iansã reflete a riqueza e complexidade da sua figura nas religiões de matriz africana, oferecendo uma gama variada de aspectos e qualidades que contribuem para a sua compreensão e reverência.
Como se conectar com Iansã para receber suas bênçãos
O Orixá Oyá nos traz uma mensagem fundamental neste momento: é chegada a hora de realizar uma transmutação profunda em todos os aspectos de nossas vidas. Necessitamos acolher novos pensamentos, incorporar novas atitudes e adotar padrões comportamentais renovados.
Nos tempos atuais, onde estamos imersos em confinamento e isolamento social, uma oportunidade ímpar de introspecção se apresenta, permitindo uma revisão minuciosa de nossos valores, concepções e preconcepções.
Agora, à medida que a vida continua, é tempo de recomeçar, aplicando integralmente o aprendizado adquirido. Esse aprendizado abrange o cuidado com nós mesmos, com nossas famílias e com a coletividade, visando à preservação da vida e do nosso planeta.
Oyá nos orienta a dedicar momentos à meditação, refletindo sobre os conhecimentos já assimilados e sobre as transformações desejadas em nosso trajeto. Ao recorrer à influência benevolente de Yabá Oyá, podemos entoar a oração a seguir e, na sequência, tomar ações coerentes:
Oração para Iansã – Oyá
“Minha Mãe Iansã, Minha Mãe guerreira, que seus ventos e tempestades façam uma limpeza em minha vida, limpando toda e qualquer energia negativa, limpando toda a resistência, procrastinação e ilusão.
Minha Mãe guerreira, me dê forças para a busca dos meus objetivos, a favor minha melhora material e espiritual. Minha Mãe Iansã, Minha Mãe guerreira, que seus ventos e tempestades façam uma limpeza em minha vida, limpando toda e qualquer energia negativa, limpando toda a inveja, desonestidade e falsidade.
Com sua espada, permita que eu triunfe sobre todos os que me querem mal, afastando de mim todos os inimigos velados e inimigos declarados.
Minha Mãe guerreira, me dê forças para a busca dos meus objetivos, para a minha melhora material e espiritual.
Que os bons ventos de boas mudanças cheguem em minha vida, que a sua energia venha como o Sol, iluminando meus passos e minha vida.
Eparrei!”
Assim, guiados pela sabedoria de Oyá, poderemos direcionar nossos esforços para uma jornada de renovação interior e transformação, alinhados com os princípios que regem essa influente divindade das religiões de matriz africana.
Devoção e culto de Iansã
O culto a Iansã é marcado por rituais, danças e cânticos que honram seus atributos e poderes. Seus devotos buscam sua proteção em situações de mudança, busca por força interior e enfrentamento de desafios. Suas características de liderança e determinação também atraem aqueles que buscam inspiração para lidar com situações difíceis.
Seus devotos buscam seu amparo para enfrentar desafios, especialmente em momentos de mudança e decisão. Iansã é uma guia espiritual para aqueles que buscam coragem, determinação e força interior.
Conclusão
Iansã, a deusa dos ventos e das tempestades, desempenha um papel fundamental na cultura afro-brasileira, refletindo qualidades de força, transformação e liderança. Sua trajetória e sua influência nas religiões de matriz africana no Brasil demonstram a riqueza cultural e espiritual dessas tradições, enriquecendo a identidade religiosa e social do país.
Em resumo, a figura do Orixá Oyá desempenha um papel crucial ao nos incentivar a realizar uma profunda mudança em diversos aspectos de nossa existência. Essa transformação envolve a incorporação de novos pensamentos, atitudes e padrões comportamentais, especialmente relevantes em momentos de introspecção, como o atual período de confinamento e isolamento social.
O desejo de refletir sobre nossos valores, concepções e preconcepções, bem como o aprendizado adquirido, nos direciona para uma nova etapa. A mensagem de Oyá sugere o recomeço, aplicando as lições aprendidas em prol do cuidado pessoal, familiar e coletivo, visando à preservação da vida e do nosso planeta.
Mediante a orientação de Oyá e a possibilidade de intercessão com Yabá Oyá por meio da oração, somos incentivados a dar passos concretos em direção a essa transformação. Assim, podemos utilizar esse período de introspecção como uma oportunidade para adotar um novo modo de ver e entender em relação a nós mesmos e ao mundo que nos cerca.
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