Os sonhos são feitos para se tornarem realidade, e uma mulher idosa de 98 anos está redigindo um livro à mão para legar como lembrança aos seus netos. Sua iniciativa encantou as redes sociais.
Sem qualquer familiaridade com a informática, ela não hesitou em concretizar seu desejo. Com o incentivo de suas netas, as lembranças estão sendo cuidadosamente transformadas em palavras escritas à mão no papel.
Após criar seus cinco filhos e ser uma presença ativa na vida dos netos e bisnetos, Dona Zuleide Dória, residente em Salvador (Bahia), optou por se dedicar à escrita manual de um livro sobre sua própria vida. Essa história ganhou grande visibilidade, acumulando 57 mil curtidas, 3 mil compartilhamentos e 630 comentários no Twitter.
“Uma história legal que eu escrevi é a de que eu encontrei uma pessoa que acho que Deus mandou para mim, que foi meu marido. Eu me encontrei com ele, me casei, fui feliz, tive meus cinco filhos”, compartilhou a idosa, que agora se diverte ao escrever o livro à mão.
Muitas estórias e memórias
A jornada começou quando a neta Victória, de 17 anos, encontrou no TikTok um vídeo de uma garota emocionada tentando ler um livro escrito por sua avó. A partir daí, Victória incentivou Dona Zuleide a seguir o mesmo caminho, por que não?
“Vó, me conta a sua história?”.
Victoria descobriu sobre um livro escrito à mão, onde as páginas seguiam o formato pergunta-resposta, mas com espaço para futuras adições, como uma obra em constante construção.
Encantada com proposta, a neta Victória compartilhou o vídeo com o irmão Rafael, de 23 anos, que também achou fascinante. Com o Dia dos Avós se aproximando, eles tinham o presente ideal para Dona Zuleide.
No início, a idosa não se mostrou receptiva à ideia. Ela achava que não seria capaz, pois estava enfrentando dificuldades para realizar tarefas cotidianas simples. No entanto, a neta Vanessa, que é psicóloga, a convenceu do contrário.
“Eu fui explicando a proposta, li algumas perguntas do livro para ela e ela foi vendo que sabia responder e foi se interessando. Comecei orientando, guiando, e ela ia escrevendo conforme eu ia lendo. Passou um tempinho, eu me distraí e, quando vi, ela já estava escrevendo sozinha, virando as páginas, dona do mundo”, recorda Vanessa.
O livro
Dessa forma, gradualmente, o livro vai tomando forma com perguntas simples e respostas cativantes.
“O que você gostava de fazer na infância?”, “O que ainda gostaria de aprender?”, “Mudaria alguma coisa em si mesmo?”, “Como é a experiência de ser avó?”.
Segundo Vanessa, o livro trouxe um novo significado à vida da idosa.
“A gente percebeu que ela estava muito contente. Era lindo vê-la parando para refletir, pensando na resposta que ia escrever, imersa nos pensamentos e nas histórias”, compartilhou.
A elaboração do livro manual é uma jornada tranquila, pois a idosa opta por avançar com calma, conforme relatam as netas. No entanto, ela admitiu estar adorando a experiência.
Um grande prazer
“Eu me senti muito bem escrevendo, senti alegria, vontade de fazer. Gostei da experiência. Lembrei da minha infância, da minha época de juventude. Eu fui criada no meio de pessoas que gostavam muito de ler, escrever e conversar. E acho que eu sou assim também”, compartilhou ela.
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A neta e psicóloga afirmou que o livro, mesmo sendo escrito à mão, trará muitos benefícios à idosa.
“Na velhice, é comum os idosos se desconectarem do que gostam, dos interesses, dos sonhos. Eles vão se distanciando da própria vida, principalmente se não recebem estímulos e acolhimento da rede de apoio”, explicou.
“[É como se fosse] a autobiografia da minha avó, que vai ficar para os filhos e para os netos, como uma lembrança muito bonita.”
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