Um influencer do Rio de Janeiro resolveu compartilhar com os quase 340 mil seguidores uma difícil escolha que precisou fazer nessa quinta-feira (20).
Em vídeo publicado no Instagram, Alex Júnior diz ter recusado uma proposta de publicidade para um cassino online que lhe renderia um cachê de R$ 17 mil por mês.
“Eu recebi uma proposta muito boa. Iriam me pagar 17 mil por mês, era um bom contrato, só que tinha um preço. Eu teria que divulgar cassino de apostas para as pessoas colocarem seu dinheiro e que, obviamente, é feito para perder”, conta ele.
Alex é deficiente auditivo e, por meio das redes sociais, busca compartilhar informações e desmistificar sua deficiência. Ele conta ter encarado a recusa do contrato como um “teste de Deus” e se emociona ao falar que a proposta vai contra seus valores.
“Eu não queria ferir as pessoas, não queria destruir. E por mais que esses R$ 17 mil por mês me ajudariam muito no momento em que estou, eu tive que recusar porque não faz parte dos meus princípios e valores. Eu sei que provavelmente é um teste que Deus está me dando, mas eu queria que vocês soubessem que aposta não é algo legal”, terminou.
Sites de aposta acendem alerta
O universo das apostas esportivas, cada vez mais crescente no Brasil, se transformou em um mercado bilionário. Embora os jogos possam representar um aumento na renda dos brasileiros, a sede indiscriminada por apostas preocupa especialistas.
Em entrevista anterior concedida ao BHAZ, a psiquiatra do Hospital Semper, Nayara Zinato, explica que esse tipo de dependência tem nome e tratamento, embora não tenha uma cura definitiva. O chamado “jogo patológico” é o comportamento que caracteriza pessoas que não conseguem mais controlar o impulso de apostar.
“A pessoa passa a jogar e aquilo passa a prejudicar toda a vida dela, o que acaba interferindo na saúde mental e, eventualmente, na física. A pessoa começa a mudar hábitos, jogar de forma compulsiva e perde a capacidade de perceber que ela consegue viver sem jogar”, explica a especialista.
Vício em apostas tem tratamento
Além da compulsividade e da ansiedade, existem outros sinais que caracterizam uma pessoa com comportamento jogo patológico. Segundo a psiquiatra Nayara Zinato, eles costumam ser percebidos por quem convive com o apostador.
“Geralmente ela começa a mentir, enganar pessoas que estão perto dela – porque as pessoas ao redor começam a perceber. O dependente em jogos vai se isolar cada vez mais, ficar mais irritada quando não tá jogando, porque ela vai ter sintomas de abstinência”, afirma a especialista.
Mesmo que o desânimo impeça que pessoas com comportamento jogo patológico enxerguem um futuro longe do vício, existem caminhos para quem quer sair do “fundo do poço”.
A psiquiatra afirma que o primeiro passo é se reconhecer como dependente e, em seguida, procurar um profissional de saúde mental para uma avaliação médica.
“O principal tratamento é a terapia. Existem terapias mais centradas nessa questão dos jogos e existem algumas medicações que a gente pode usar para ajudar no controle dessa compulsão. Se a pessoa perceber os sintomas, seja que está jogando muito, ou prejudicando a vida e se afastando de pessoas queridas, o ideal é procurar ajuda”, explica Nayara.