A intoxicação alimentar é um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas todos os anos. Ela ocorre quando alguém ingere alimentos ou água contaminados com bactérias, vírus, parasitas ou toxinas que causam doenças.
Neste artigo, explicaremos as principais causas de intoxicação alimentar e quais são os tratamentos adequados para aliviar os sintomas e prevenir complicações. É importante estar informado sobre como prevenir e lidar com este problema, que pode afetar pessoas de todas as idades.
O que é a intoxicação alimentar?
A intoxicação alimentar é uma condição médica que ocorre quando uma pessoa ingere alimentos ou água contaminados por organismos prejudiciais, como bactérias, parasitas, vírus ou toxinas produzidas por esses microrganismos. Também é possível ter o quadro clínico por meio do consumo de alimentos contaminados por produtos químicos, como os agrotóxicos.
Esses organismos podem ser encontrados em qualquer tipo de alimento, mas são mais comuns em carnes cruas, frangos, peixes e ovos.
A maioria dos casos de intoxicação alimentar é leve e desaparece após alguns dias. No entanto, alguns tipos de intoxicação alimentar podem ser mais graves, exigindo atenção médica.
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Dados do Ministério da Saúde identificaram pelo menos 660 surtos de doenças de transmissão hídrica e alimentar entre os anos 2000 e 2017.
Existe diferença entre intoxicação e infecção alimentar?
Sim. Intoxicação e infecção alimentar têm agentes diferentes.
A intoxicação é resultado da ingestão de alimentos que contêm toxinas ou substâncias químicas prejudiciais, como bactérias produtoras de toxinas, produtos químicos tóxicos ou metais pesados.
De acordo com a Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, o botulismo, a intoxicação estafilocócica e toxinas produzidas por fungos podem provocar a intoxicação alimentar.
Já a infecção alimentar resulta também da ingestão de alimentos contaminados, porém por microrganismos patogênicos, como bactérias, vírus, parasitas ou fungos.
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São alguns exemplos a salmonelose, hepatite viral tipo A e toxoplasmose.
O que causa a intoxicação alimentar?
Quando microrganismos que são nocivos à saúde humana entram em contato com a água ou o alimento, podemos dizer que há uma alta probabilidade de intoxicação alimentar.
Essa contaminação pode acontecer diretamente ou por via cruzada, quando a bactéria é levada de um alimento a outro, e até mesmo por insetos. O contato com diferentes ingredientes, sendo que um deles está contaminado, também é favor de contaminação direta.
A higienização precária ou inexistente das mãos ou utensílios usados durante a preparação dos alimentos é um facilitador da contaminação cruzada.
São bactérias que provocam a intoxicação alimentar: e. coli, salmonella, Clostridium botulinum, Staphylococcus aureus e Bacillus cereus.
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Escherichia coli
Escherichia coli, também conhecida como E-Coli, é uma bactéria presente no intestino de alguns animais, incluindo porcos e bois. A contaminação ocorre quando alimentos entram em contato com resíduos fecais que carregam a Escherichia coli, resultando em intoxicação.
Carne suína e bovina, leite não pasteurizado e alimentos com contaminação cruzada, juntamente com a falta de filtragem e tratamento da água, são as principais fontes de contaminação.
Salmonella
A Salmonella, outra bactéria, é comumente encontrada em alimentos de origem animal, como ovos, carnes e laticínios. Estes alimentos podem ser contaminados pelo contato com fezes de animais infectados, levando à intoxicação quando consumidos.
Recomenda-se a higienização e o preparo adequado desses alimentos, como cozinhar ou fritar ovos completamente antes do consumo para evitar ingestão crua. A contaminação cruzada durante o preparo também é uma preocupação, podendo afetar ingredientes de origem vegetal.
Clostridium botulinum
Clostridium botulinum, a bactéria responsável pelo botulismo, um tipo grave de intoxicação alimentar que pode afetar o sistema nervoso, conforme informações do Ministério da Saúde. Esta doença, considerada rara e não contagiosa, pode se manifestar de diferentes maneiras, incluindo o botulismo alimentar, causado pela ingestão de alimentos contaminados; o botulismo intestinal, quando as bactérias presentes no alimento contaminado se fixam e multiplicam-se no intestino; e o botulismo infantil, mais comum em crianças entre três e 26 semanas de idade, sendo o consumo de mel uma das principais causas para o quadro.
Os alimentos mais propensos à contaminação por Clostridium botulinum, de acordo com o Ministério, incluem conservas vegetais como palmito e picles, produtos defumados como presunto e salsicha, fermentados e enlatados.
A contaminação por essa bactéria também pode ocorrer por meio de ferimentos, embora esses casos sejam menos comuns.
Staphylococcus aureus
Staphylococcus aureus, normalmente presente na pele e nas fossas nasais, é uma bactéria geralmente inofensiva para os humanos. No entanto, ela produz uma toxina capaz de contaminar os alimentos e causar intoxicação.
Alimentos como ovos, leite, peixes, massas folhadas e carnes processadas estão entre os que apresentam essas toxinas com maior frequência. É importante observar a higiene e o manuseio adequado desses alimentos para prevenir casos de intoxicação alimentar por Staphylococcus aureus.
Bacillus cereus
Bacillus cereus é capaz de produzir toxinas que podem contaminar alimentos e desencadear sintomas de intoxicação no organismo.
Essa bactéria, presente no solo, é comumente detectada em cereais, grãos e vegetais. Além disso, pode ser encontrada em carnes, leites e seus derivados.
Produtos com ingredientes de origem vegetal na composição, como molhos e alimentos à base de frutas, também podem abrigar a bacillus cereus.
Assim, é fundamental adotar práticas de manipulação e armazenamento adequadas para prevenir casos de intoxicação alimentar relacionados a essa bactéria.
Sintomas de intoxicação alimentar
Os principais sintomas de intoxicação alimentar incluem:
- Sensação de mal-estar geral: a pessoa pode se sentir desconfortável ou doente.
- Náuseas e vômitos: a pessoa pode sentir vontade de vomitar ou realmente vomitar.
- Diarreia: a pessoa pode ter fezes soltas ou aquosas.
- Febre baixa: em alguns casos, a pessoa pode ter uma febre baixa.
- Dor abdominal: a pessoa pode sentir dor ou desconforto no abdômen.
- Cansaço e fraqueza: a pessoa pode se sentir muito cansada ou fraca.
- Desidratação: em casos graves, a pessoa pode apresentar sinais de desidratação, como boca seca, sede excessiva, pouca micção, tonturas e dor de cabeça.
Os sintomas de intoxicação alimentar geralmente aparecem algumas horas após a ingestão do alimento contaminado, mas em alguns casos, podem demorar dias para aparecer. Se os sintomas persistirem por mais de dois dias ou se tornarem muito graves, é importante procurar atendimento médico.
Quando buscar ajuda médica?
Caso apresente algum dos sintomas listados a seguir, busque atendimento médico imediatamente:
- Episódios frequentes de vômitos que prejudicam a capacidade de retenção de líquidos no estômago.
- Vômitos com presença de sangue.
- Diarreia intensa por mais de três dias.
- Presença de sangue nas fezes.
- Dor abdominal extrema ou cólicas severas.
- Febre acima de 38°C.
- Sinais de desidratação, como sede excessiva, boca seca, micção reduzida ou ausente, fraqueza intensa, tonturas ou vertigens.
- Dificuldade em falar.
- Dificuldade ao engolir.
- Visão dupla.
- Fraqueza muscular progressiva.
Em caso de suspeita de intoxicação alimentar, é aconselhável entrar em contato com o departamento de saúde local. O relato pode auxiliar na identificação de potenciais surtos e contribuir para evitar que outras pessoas sejam afetadas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou o Disque-Intoxicação, uma plataforma pela qual profissionais de saúde podem obter informações sobre tratamentos, e o público em geral pode esclarecer dúvidas gratuitamente.
Ao discar o número 0800-722-6001, a ligação é encaminhada para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica mais próximo.
Diagnóstico de intoxicação alimentar
O diagnóstico de intoxicação alimentar é geralmente feito com base nos sintomas relatados pelo paciente e no histórico de alimentos ingeridos. Se os sintomas persistirem ou forem graves, o médico pode solicitar exames laboratoriais.
Os exames laboratoriais podem incluir:
- Exame de sangue: para avaliar o estado geral de saúde do paciente.
- Exame de fezes: as fezes são a principal amostra clínica para identificar o agente infeccioso responsável pelos sintomas.
- Inspeção do vômito e da comida ingerida: em alguns casos, se houver dúvidas, podem ser feitos exames químicos do vômito e da comida ingerida.
Esses exames ajudam a confirmar o diagnóstico e a descartar outras possíveis condições.
Possíveis tratamentos para a intoxicação alimentar
Geralmente, o médico propõe de maneira individual o tratamento de acordo com o caso. Caso o paciente faça parte de grupos de risco, o acompanhamento poderá exigir cuidados complementares.
Os tratamentos para intoxicação alimentar geralmente envolvem as seguintes medidas:
- Beber muitos líquidos: isso é importante para evitar a desidratação e favorecer a eliminação das toxinas produzidas pelos microrganismos. Pode-se tomar água, chás, suco de frutas naturais, água de coco, sais de reidratação oral ou bebidas isotônicas.
- Repouso: o repouso é fundamental para ajudar a tratar a intoxicação alimentar, pois o organismo necessita poupar energia devido à perda de líquidos e nutrientes pelos vômitos e diarreia.
- Alimentação leve: assim que os vômitos e a diarreia estiverem diminuindo ou passando, deve-se fazer uma alimentação leve e de fácil digestão, para evitar a piora dos sintomas. Deve-se evitar alimentos processados, gordurosos e condimentados, preferindo as frutas, legumes, verduras, carnes magras e peixe sempre cozidos.
- Carvão ativado: o carvão ativado consegue absorver as toxinas produzidas pelo microrganismo responsável pela infecção e aliviar os sintomas.
Em alguns casos, o médico também pode indicar o uso de probióticos, para regular a microbiota intestinal, ou antibióticos nos casos mais graves, quando a intoxicação alimentar é causada por bactérias.
Em casos mais graves com risco de desidratação, o médico poderá solicitar a internação e hidratação por via endovenosa.
O que é bom para intoxicação alimentar?
Em situações de intoxicação alimentar, é importante assegurar uma alimentação isenta de resíduos, ao mesmo tempo em que se mantém uma boa hidratação.
A introdução de determinados alimentos na dieta pode contribuir significativamente na melhora do quadro, incluindo:
- Chás de ervas, como camomila, erva-doce e erva-cidreira.
- Leite vegetal de soja ou leite sem lactose.
- Água de coco.
- Sucos de frutas naturais, filtrados ou industrializados, como caju, goiaba, maçã e pêssego.
- Sucos à base de soja de frutas permitidas.
- Iogurtes à base de soja.
- Vitamina de frutas elaborada com suco ou leite de soja, ou leite sem lactose.
- Frutas cozidas ou cruas sem casca e sementes, como caju, maçã, banana maçã e goiaba.
- Bolachas água e sal, bolachas de água, bolachas cream cracker, biscoitos de polvilho, bolachas de maisena, torradas simples, pão de forma simples, bisnaguinha e pão francês sem miolo.
- Sopas de legumes, caldos de legumes, carne ou frango.
- Legumes bem cozidos (sem sementes e cascas), incluindo abobrinha, abóbora, batata inglesa (com moderação), beterraba, cenoura, chuchu, mandioquinha (com moderação), tomate e vagem.
- Arroz branco e macarrão bem cozidos (com molhos simples: ao sugo ou à bolonhesa).
- Carnes magras: bovina (filé mignon, lagarto, coxão mole, coxão duro, patinho e maminha), frango sem pele e peixes (sem espinhas).
- Gelatinas.
- Geleias sem sementes (goiaba ou maçã).
- Picolés de frutas (exceto os que contenham leite na composição).
- Óleo vegetal em pequena quantidade para o preparo das refeições.
- Alho e cebola com moderação no preparo das refeições.
Quanto tempo dura a intoxicação alimentar?
A duração dos sintomas de uma intoxicação alimentar geralmente é de alguns dias, e, de acordo com informações do Ministério da Saúde, tendem a se resolver naturalmente. No entanto, é crucial estar atento à extensão dos sintomas, monitorando a hidratação para evitar complicações e buscando assistência médica ao manifestar sinais mencionados anteriormente.
Para prevenir casos de intoxicação alimentar, o Ministério destaca diversas medidas, incluindo a prática de higienização das mãos, o consumo de água tratada, o armazenamento adequado de alimentos, a limpeza de hortaliças antes do consumo, a adoção de boas práticas de higiene no preparo e manuseio de alimentos, além da desinfecção de superfícies e utensílios utilizados na preparação alimentar.
Essas precauções visam reduzir significativamente os riscos de contaminação e assegurar a segurança alimentar.
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*Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.