Tendemos a considerar inteligentes as pessoas que sempre escolhem os caminhos mais certos e com um nível de QI que lhes garanta uma vida cheia de conquistas e riquezas. No entanto, essa não é uma regra obrigatória.
A inteligência também se relaciona ao interior das pessoas, suas preocupações, escolhas, contradições e crises existências, dúvidas e incertezas que consome todo o otimismo e positivo.
Muitas vezes, relacionamos os gênios do mundo, seja em artes, ciências, músicas, escrita como pessoas peculiares e muito únicas em sua composição. Um grande número desses gênios, no entanto, sofre de problemas com suas emoções, e sua genialidade com frequência os leva a uma angústia sem fim, que até mesmo causa tragédias. Esses casos nos levam a pensar e considerar uma relação entre inteligência e depressão.
Será que realmente o nosso nível elevado de QI pode contribuir para o desenvolvimento da depressão?
Em primeiro lugar, é importante deixar claro que a inteligência não é necessariamente responsável pelo desenvolvimento de condições mentais. Na verdade, existem muitas pessoas que são capazes de conviver bem com sua inteligência e fazem uso do seu potencial para melhorarem as próprias vidas e o mundo em geral. Porém, não se pode negar que uma predisposição a preocupações, baixa autoestima e negatividade está presente em um grande número de pessoas inteligentes. Esses sentimentos são negativos e podem ser os principais fatores para o surgimento da depressão em primeiro lugar.
Temos muitos exemplos de pessoas excepcionais que sofreram de depressão e até mesmo acabaram tirando suas próprias vidas, como Vincent Van Gogh. Isaac Newton e Charles Darwin já sofreram episódios de psicose e Aristóteles disse que a inteligência estava atrelada à melancolia. No mundo dos gênios não famosos e incompreendidos, as vidas também podem parecer sem objetivo, trágicas e vazias de esperança, uma tendência infelizmente cada vez mais comum.
Nos anos 60, Lewis Terman, pioneiro em psicologia educacional do início do século XX, realizou um estudo, que se tornou um dos mais famosos da psicologia, com crianças de QI superior a 170 pontos. As crianças receberam a denominação “térmitas” e, na fase adulta chegaram à conclusão de que a alta inteligência pode contribuir para uma menor satisfação de vida. Elas também concluem que pessoas com altas capacidades intelectuais são mais propensas à sensibilidade aos problemas do mundo. Fatores como egoísmo, falta de amor e guerras as afetam profundamente.
De acordo com especialistas, as pessoas muito inteligentes têm a tendência de viverem suas vidas de uma outra perspectiva, como se realmente não fizessem parte delas, enxergando a realidade com objetividade e sem envolvimento, condição chamada de desordem de personalidade disruptiva. Essa forma de abordar a vida pode fazer com que se equivoquem em suas percepções e realidade de vida.
- Pessoas inspiradoras: Ex-professora faz doação de R$ 5 bilhões para pagar faculdade de alunos nos EUA
As pessoas inteligentes tendem a focar apenas nos pontos negativos da vida e nas falhas em seus ambientes e relações. Enxergam o mundo como altamente tóxico e um lugar impossível de se encaixarem. Esse comportamento pode estar relacionado às suas configurações emocionais, área em que as pessoas inteligentes também tendem a ter deficiências que as impedem de lidar melhor com a realidade de vida.
Nesse contexto, algo que pode dar às pessoas inteligentes uma maior capacidade de encontrarem satisfação em sua existência, aumentando sua autoestima e melhorando os relacionamentos, é a sabedoria. O trabalho em direção a esse objetivo pode proporcionar uma felicidade tangível e verdadeira a essas pessoas.