A atriz e apresentadora conta que “não sabia dos riscos” que existiam quando frequentemente entrevistava Jair Bolsonaro no programa da Band.
A atriz, apresentadora e humorista Mônica Iozzi, de 40 anos, ganhou destaque nacional em 2009, quando ganhou um concurso da Rede Bandeirantes para ser a oitava integrante do programa CQC. Fenômeno na época, o “Custe o Que Custar” mesclava humor com notícias sobre política e os principais destaques da semana no Brasil e no mundo.
Com “humor ácido”, o programa conquistou o público nos primeiros anos, chegando a acumular uma série de processos de famosos e políticos, já que os repórteres incomodavam as figuras com perguntas desconfortáveis. Iozzi se tornou a oitava integrante, entrando em 2009, um ano depois da estreia do CQC, e ganhando um concurso da Band disputado por 5 mil concorrentes.
Como primeira integrante mulher, Iozzi fazia reportagens direto de Brasília (DF), principalmente com políticos dentro do Congresso Nacional. Em entrevista ao UOL, a apresentadora informou que foi a repórter que mais entrevistou Jair Bolsonaro, na época deputado federal pelo Rio de Janeiro. Foi apenas depois do CQC que a figura “bolsonarista” ganhou impulso e destaque na mídia, inclusive muitos apontam o programa como principal “trampolim” para que ele ganhasse as eleições presidenciais anos mais tarde.
A apresentadora explicou que, na época em que entrevistava Bolsonaro no programa, enxergava sua atuação como uma “denúncia” à população brasileira, mas que, com o desenrolar do cenário político, hoje encara de outra forma. Ela contou que, por ter sido a pessoa que mais entrevistou o atual presidente, sempre encarava que estava agindo com o intuito de denunciar e questionar “como era possível ter um parlamentar daquele nível”.
Depois que muitos jornalistas passaram a apontar o CQC como principal impulsionador da figura de Jair, dando visibilidade em excesso, Iozzi reforçou que a única intenção dos editoriais era prestar um serviço público. Ela chegou a desabafar, reforçando que não conseguia compreender como “uma pessoa com tamanho despreparo para qualquer tipo de cargo público”, disseminando discursos de ódio, tinha conseguido se tornar deputado federal.
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![Iozzi diz que tentava denunciar Bolsonaro no “CQC” e não percebia o “perigo”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/02/2-Iozzi-diz-que-tentava-denunciar-Bolsonaro-no-CQC-e-nao-percebia-o-perigo-400x397.jpg)
Iozzi reforçou que não tinha como imaginar na época que suas entrevistas acabariam dando visibilidade para Bolsonaro e que mostrá-lo na televisão pudesse ser uma coisa “tão perigosa”, apenas acreditava que estava fazendo um bom trabalho. A apresentadora não sabe se existe arrependimento porque, ao mesmo tempo que queria denunciar, acabava dando espaço para ele, mesmo sendo crítica e séria em suas reportagens.
Atualmente, a apresentadora acredita que o melhor caminho seja “não dar voz” para personalidades consideradas inaptas. E essa não foi a primeira vez que a artista teceu críticas ao atual presidente. Segundo entrevista no programa “Conversa com Bial”, Iozzi já afirmou que a população brasileira não podia permitir que discursos de ódio fossem propagados, deixando de lado figuras como o chefe do Executivo.
Reforçando sua posição, ela defendeu que, na Alemanha, não existe espaço na televisão para indivíduos que relativizam ou defendem o Holocausto. Iozzi acredita que esse deveria ser o posicionamento dos brasileiros, tendo intolerância com discursos de ódio, já que existem coisas que “não podem ser toleradas” por ninguém.
A artista chegou a afirmar que quem mais tinha dado voz ao Bolsonaro tinha sido o CQC, e que o grupo não poderia se eximir dessa culpa, chegando sim a se arrepender por ter falado tantas vezes com o então deputado federal. Mesmo assim, ela disse que apenas tinha a intenção de mostrar o despreparo de Bolsonaro, que “não tinha o domínio básico para exercer um cargo público”.
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Encerrando o assunto, ela reforça que não podemos permitir ou dar voz aos indivíduos que diminuem os negros e defendem violência contra a população LGBTQI+, sendo intolerantes com figuras que se coloquem nessa posição. Para ela, o atual chefe do Executivo “engloba todos os discursos de ódio em uma pessoa só”.