Jornalista norte-americano relata que foi para fazer cobertura do jogo entre Estados Unidos e País de Gales e foi barrado pelos seguranças do estádio.
O jornalista norte-americano, Grant Wahl revelou, em suas redes sociais, que foi detido na entrada do estádio Ahmed bin Ali, onde foi realizado o jogo entre Estados Unidos e País de Gales pela Copa do Mundo.
Segundo Grant Wahl, ele foi detido pelos seguranças do estádio por estar usando uma camiseta que tinha uma estampa de um arco-íris. O símbolo é considerado como contrário às políticas do país catarino, que chegou a vetar qualquer manifestação entre pessoas do mesmo sexo no país, até o uso de bebidas alcoólicas ou demonstrações públicas de afeto.
Grant Wahl compartilhou em suas redes sociais alguns documentos da organização oficial da Copa do Mundo que orientavam estrangeiros sobre como deveriam se comportar no país catarino. Segundo o jornalista, esses documentos foram apresentados para o Comitê de Operações de Segurança (SSOC, sigla em inglês), que reúne diretrizes para que trabalhadores estrangeiros e voluntários sigam durante a estadia no país.
Segundo o site Extra, o jornalista apontou que existia uma certa incoerência, dado que em determinada parte do dossiê afirmava que pessoas que portassem bandeiras com o arco-íris não seriam abordadas durante os dias da Copa do Mundo no Catar.
“Agora mesmo: Segurança recusando-se a me deixar entrar no estádio para Estados Unidos x País de Gales. ‘Você tem que trocar de camiseta, pois essa não está permitida’”, teria afirmado um dos seguranças do estádio Ahmed bin Ali ao impedir que o jornalista entrasse nas dependências do recinto.
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Depois de um tempo, em que esteve detido pelos seguranças do estádio, Grant Wahl foi liberado pela equipe e recebeu, inclusive, um pedido de desculpas por parte de um representante direto da FIFA.
Grant Wahl também disse que um comandante de segurança do local teria deixado o jornalista entrar no estádio e pediu desculpas pelo incidente ocorrido. “Apertamos as mãos. Um dos seguranças me disse que estavam tentando me proteger dos torcedores que poderiam me machucar por usar a camisa”, relatou Grant Wahl em suas redes sociais sobre o ocorrido em Catar.
Segundo o site Yahoo, Grant Wahl foi responsável pela redação da Sports Illustrated e também foi correspondente da Fox Sports. Grant Wahl também já escreveu um livro, “The Beckham Experiment”, sobre o astro do futebol inglês, David Beckham, onde documentou toda a ida do astro britânico para a MLS, inclusive todos os reflexos de sua transferência para a liga.
Catar e os direitos humanos
O Catar tem recebido inúmeras críticas pelo seu histórico de direitos humanos, entre eles o tratamento dos trabalhadores migrantes. Segundo a Veja, pelo menos 400 trabalhadores imigrantes morreram durante os trabalhos realizados nas construções relacionadas ao torneio mundial da Copa.
De acordo com o chefe da Copa do Mundo, Hassan Al-Thawadi, a estimativa é entre 400 e 500 trabalhadores que morreram durante as construções. Em entrevista ao programa britânico TalkTV, o chefe da Copa do Mundo afirmou que não poderia dar um número exato de mortes, porque era algo que ainda estava “sendo discutido”. “Uma morte é demais, simples assim”, enfatizou Hassan Al-Thawadi.
Já o ex-jogador do Catar e embaixador da Copa do Mundo, Khalid Salman, enfrentou serveras críticas ao afirmar, durante uma entrevista à televisão alemã, ZDF, que a “homossexualidade é um dano mental”. “O país tolerará visitantes homossexuais, mas eles têm que aceitar as nossas regras”, afirmou durante entrevista Khalid Salman.
Ainda durante a entrevista, o embaixador da Copa do Mundo afirmou que, para sua religião, o Islã, a homossexualidade é vista como “haram”, um pecado proibido. A entrevista foi interrompida após as declarações do embaixador da Copa do Mundo e ex-jogador catarino, Khalid Salman.
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