Carlos Filipe Matos, com 22 anos de idade, dedicou seis anos a tentar passar no vestibular, e finalmente, em 2022, conseguiu, e de maneira impressionante: ele foi aprovado em seis das melhores faculdades públicas do país.
Suas aprovações incluem o curso de medicina na Universidade de Campinas (Unicamp), na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na Universidade Federal de Lavras (UFLA) e na Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp).
No entanto, aqueles que pensam que sua ambição é trabalhar em uma clínica ficarão surpresos, pois seu verdadeiro sonho é se tornar um pesquisador.
Rotina agitada
Carlos sempre teve a certeza de que desejava seguir a carreira de medicina. Desde o início do ensino médio na Escola Estadual Nossa Senhora da Piedade, localizada em Lagoa Formosa, ele começou a fazer alguns vestibulares como prática.
No entanto, foi a partir do segundo ano que ele intensificou seus estudos e se matriculou em um cursinho na cidade vizinha, Patos de Minas. Seu objetivo era adquirir experiência nas provas e obter um desempenho superior ao final do terceiro ano.
Além das aulas presenciais, Carlos complementava sua preparação com cursos on-line específicos. No entanto, ao término do terceiro ano, ele não conseguiu a tão desejada vaga.
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“Em 2020, fiquei muito animado para fazer cursinho. Eu acordava feliz, mas veio a pandemia e não era a mesma coisa. Continuei estudando, mas senti que não aproveitava tanto. Em 2021, quase consegui entrar na USP, fiquei por nove vagas” relata Carlos.
No entanto, o resultado não o desanimou, e em 2022, o estudante intensificou ainda mais seus esforços. Ele dedicava seus fins de semana a realizar simulados, concluía o conteúdo com antecedência e, em seguida, conseguia revisar o material. No final, o resultado superou suas expectativas.
“Nesse último ano foi diferente. Estava indo muito bem nos simulados, sempre pegava as primeiras colocações. Quando comecei a fazer as provas, sentia que eu estava indo bem, eu fazia sabendo que eu ia passar”.
Apesar do sucesso, Carlos reconhece que o processo não foi fácil.
“Eu ia e voltava todos os dias de Lagoa Formosa para Patos de Minas, no terceiro e segundo ano, pois estudava e chegava só às 23h do cursinho e tinha escola no outro dia de manhã” explicou.
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Sentir-se estagnado
Além da rotina intensa, Carlos também enfrentava sentimentos de inadequação ao perceber que sua vida não progredia da mesma forma que a de suas colegas.
“Muita gente passava em particular e ia, mas eu queria uma pública. Apesar de ficar feliz das pessoas passarem, foi difícil ver elas indo e eu ficando. Parecia que a vida de todo mundo andava e a minha ficava parada”.
Foram seis anos observando seus colegas de cursinho prosseguindo em seus caminhos, até que finalmente chegou o momento em que ele também avançou. Entre as opções disponíveis, ele optou por deixar o Triângulo Mineiro e se mudar para Campinas para estudar na melhor universidade do país.
![Jovem passa em seis faculdades de medicina públicas após cursinho de três anos](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/11/Design-sem-nome-2023-11-07T174935.578.png.webp)
Importância do apoio
Carlos atribui suas conquistas às inestimáveis doses de apoio de seus pais e professores, tanto na escola quanto no cursinho.
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“Às vezes era difícil para os meus pais entenderem que eu queria uma universidade pública de excelência. Mas eles me deram condições de só estudar e nunca me deixaram desistir”.
No que se refere aos professores, o aspirante a pesquisador descreve como desenvolveu uma sede insaciável por adquirir novos conhecimentos.
“Minha escola era ótima, mas não oferecia o que eu queria. Eu sempre ficava em cima pedindo que corrigissem minhas redações, para ter mais simulados e focar mais no Enem”.
Responder grandes dilemas
Carlos tem uma explicação pronta para seu desejo de seguir na carreira acadêmica e de pesquisa.
Com uma mente extremamente curiosa e criativa, o jovem não almeja uma carreira monótona. Isso se deve ao seu desejo constante de desvendar novos horizontes.
“Gosto muito da área de biologia molecular e genética, acho que essas áreas trazem grandes dilemas pra humanidade. Também gosto muito de ajudar pessoas. Então, penso que descobertas podem, de algum jeito, atingir todos esses objetivos” explicou.
Carlos tem uma mensagem única para aqueles que sonham com conquistas tão desafiadoras quanto as que ele alcançou.
“Vai ser difícil, mas quando é pra chegar sua hora, ninguém vai tirar isso de você. Eu nunca tinha passado antes, mas quando passei, passei em seis e pude escolher para onde ia”.