Após o policial rasgar a carteira de motorista do motoboy, a juíza vê tudo e diz que irá acionar a corregedoria.
Durante uma abordagem policial a um motoboy, uma juíza flagrou o momento exato em que os policiais agiram de maneira violenta contra o trabalhador. O caso aconteceu em Manaus, no dia 25 de setembro, que só ganhou repercussão depois que alguns vídeos do momento viralizaram nas redes sociais.
De acordo com o jornal O Globo, os vídeos publicados no Twitter mostram quando dois policiais estão abordando um motoboy. O carro da polícia está parado de qualquer jeito na rua, como se realmente estivesse com pressa de parar o homem em sua moto. Enquanto um deles está com a arma em mãos na rua, o seu outro colega de trabalho está revirando a bag do trabalhador, onde geralmente fica a embalagem dos produtos que ele está entregando.
Depois de verificar a bag do motoboy e deixá-la no chão, o policial se aproxima do rapaz gritando, seguido de expressões de baixo calão, dando um tapa em seu braço e mandando ele entregar sua CNH. Quando o trabalhador entrega sua CNH, o policial dá uma olhada e em seguida, rasga o documento e o devolve ao motoboy, enquanto o policial armado guarda seu revólver.
O segundo vídeo publicado no Twitter mostra uma juíza questionando os dois policiais sobre o modo como conduziram aquela abordagem com o entregador. O mesmo policial que rasgou a CNH do homem tentou argumentar contra ela, porém, a magistrada não demonstrou aceitar as explicações dadas. É possível ouvir quando a juíza diz: “Prenda. Prenda, meu senhor. Faça a sua parte”.
O militar tenta se justificar dizendo: “Ninguém sabe se ele tem uma faca, se ele tem um revólver, entendeu?”. A juíza fica quieta, mas ainda assim, demonstra que não concorda com a atitude. Inclusive, enquanto tentam conversar, a magistrada afirma que irá acionar a corregedoria para o policial, mostrando que sua atitude não foi profissional.
A história compartilhada no Twitter recebeu cerca de 27,5 mil retweets, mais de 280 curtidas e vários comentários de repúdio ao policial. “Até gaguejando, sendo q minutos antes tava gritando todo machão”, escreveu um internauta. A opinião de outra pessoa falava sobre a conduta dos militares: “A polícia deixou de servir à sociedade há muito tempo. Lamentável!”. Também elogiaram a atitude da magistrada, de ter enfrentado os policiais: “Por mais Juízas assim!”, comentou um usuário.
Um outro comentário muito interessante de um usuário do twitter dizia: “Na teoria as entidades da lei eram para proteger o cidadão e prender aqueles que colocam em risco a vida do cidadão trabalhador, mas na prática o que vemos é a própria polícia ameaçando o trabalhador só para mostrar que tem autoridade.”
Nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP)
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que não compactua com a conduta dos policiais. “A Polícia Militar do Amazonas (PMAM) informa que tomou conhecimento do fato e determinou instauração do processo administrativo disciplinar pela Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) da instituição para que o caso seja devidamente apurado e que as medidas administrativas em relação ao ocorrido sejam tomadas. A PMAM ressalta que não compactua com eventuais desvios de conduta praticados por seus policiais. A Corregedoria-Geral da SSP-AM vai acompanhar o processo disciplinar a ser instaurado pela PMAM. A SSP-AM também reforça que não compactua com quaisquer desvios de conduta de agentes da Segurança Pública estadual, tendo o dever legal de apurar o fato.”
Nota de repúdio da empresa do motoboy
O restaurante onde o motoboy trabalha, Porteira Picanharia, compartilhou no Instagram uma nota de repúdio às agressões sofridas por seu funcionário. “A Porteira Picanharia vem através dessa nota repudiar qualquer tipo de agressão. Onde um motoboy que estava prestando serviço na Porteira sofreu agressão física e psicológica por 2 policiais militares. Respeitamos e admiramos o trabalho da polícia militar, mas não compactuamos com qualquer tipo de agressão. Esperamos que os responsáveis tomem as devidas providências e que esse caso não fique impune!”, escreveram eles na publicação.
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