Além do seu papel memorável na sociedade, Julieta Lanteri também atuou como médica em diversos hospitais.
No dia 22 de maio, Julieta Lanteri completaria 150 anos caso ainda estivesse viva. Médica e ativista ítalo-argentina, ela foi e continua sendo essencial para que mulheres da América Sul, hoje em dia, pudessem exercer o direito do voto, em uma época em que elas não tinham participação relevante na sociedade.
Onde Julieta Lanteri nasceu?
De acordo com as informações da revista Galileu, Julieta Lanteri nasceu no dia 22 de março de 1893, em Cuneo, na Itália. Quando tinha apenas 6 anos de idade, ela se mudou com os pais, Antonio Lanteri e Matea Guido, e sua irmã, Regina, para Buenos Aires, na Argentina, tornando- se tornando ítalo-argentina.
Como foi a educação de Julieta Lanteri?
Tempos depois, a família se mudou novamente, dessa vez para cidade de La Plata, nos Estados Unidos, segundo o artigo da Biblioteca de Coleções Especiais Louis Round Wilson. Na época, a jovem Julieta demonstrava ser muito determinada e não demorou muito para se tornar a primeira mulher a frequentar a Escola Nacional de La Plata, quando a instituição ainda era exclusiva apenas para homens. No local, ela superou as expectativas e se formou em Farmacologia, em 1898.
O início da carreira profissional de Julieta Lanteri
Após a conclusão do curso, Julieta Lanteri foi estudar na Universidade Nacional de Buenos Aires, com o desejo de ser médica. Em 1906, se formou em medicina e novamente foi prestigiada ao ser a 6ª mulher a obter tal diploma no país. Nos mais de 10 anos que se seguiram, ainda segundo a revista Galileu, Julieta viajou regularmente para Europa, trabalhando em hospitais, bem como aprendendo sobre o atendimento médico em hospitais, escolas e asilos. Após observar as diferenças culturais, voltou para a Argentina e lutou para implementar novas reformas de saúde para mulheres, mães solos e crianças.
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Conciliando o amor pela medicina, Julieta Lanteri também lutava pelos direitos das mulheres, se envolvendo em momentos importantes na história que são lembrados até hoje. Em 1905, por exemplo, ela se envolveu na Associação Argentina de Livre Pensamento, e em 1908, fundou a Liga Nacional de Mulheres Livres Pensadoras e o The New Woman.
Quem foi Julieta Lanteri?
Neste meio tempo, a médica se casou com Alberto Renshaw, um homem 13 anos mais novo que ela, mas o casamento não durou muito tempo e eles se separaram. Durante o relacionamento, porém, a ativista aproveitou para conseguir obter a sua cidadania argentina, que já havia sido negada anteriormente, mas que obteve sucesso apenas por apresentar um documento com o consentimento do marido, segundo a Galileu.
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Em 1910, Lanteri ajudou a organizar o primeiro Congresso Internacional de Mulheres, e chegou a convidar mulheres importantes como a ativista Elvira Rawson e a primeira médica da Argentina, Cecilia Grierson. Depois, ela também ajudou a criar o primeiro Congresso Nacional de Bem-Estar da Criança, que aconteceu em todo o mundo. De acordo com o Ministério da Cultura Argentina, no mesmo ano, ela ainda esteve a frente da Liga pelos Direitos da Mulher, Liga pelos Direitos da Criança, bem como participou da Liga Contra a Escravidão Branca.
Um ano depois do casamento, em 16 de julho de 1911, Julieta Lanteri se apresentou no dia da votação com uma tutela de justiça, já que os cadernos eleitorais da época não mencionaram nada sobre as mulheres não poderem votar. A frente do seu tempo, ela se tornou a primeira mulher a estar em um rol eleitoral argentino, e no dia 26 de novembro do mesmo ano, tornou-se a primeira sul-americana a votar. Marco importante na história, o voto feminino só chegou a ser exercido legalmente em 1948.
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Além de ter tido uma enorme participação no voto feminino, a ativista também lutou por outras questões muito importantes. Suas denúncias, segundo o Ministério da Cultura Argentina, incluíam as condições desumanas dos trabalhadores privados dos seus direitos, a reivindicação do direito ao divórcio, acabando com o poder que a Igreja tinha sobre as pessoas, além da luta contra cafetões e funcionários que se envolviam com a exploração sexual de mulheres. Durante a vida, demonstrou coragem e determinação para a busca da igualdade de direitos em todos os níveis, político, jurídico, trabalhista e civil.
Depois do que aconteceu, a Lei Eleitoral começou a exigir o serviço militar também, mas a ativista não desistiu do seu sonho. Em 1918, Lanteri fundou o Partido Nacional Feminista, que tinha o objetivo principal defender a igualdade de gênero, bem como melhoras as condições de trabalho, benefícios às mães e grávidas, e outros.
Pronta para lutar pelos direitos das mulheres, ela se candidatou para Deputada Nacional entre os anos de 1919 a 1932. Entre as pautas de melhorias, prometeu lutar para conceder abono de família, estabelecer igualdade entre filhos legítimos e ilegítimos, sancionar a licença-maternidade e abolir a pena de morte no país.
Em 1929, Julieta Lanteri tentou entrar para o exército, e como o serviço militar era obrigatório para todos os cidadãos, sem incluir ou excluir algum gênero, justificou que as mulheres poderiam se inscrever para serem militares, bem como votar também. Seu pedido, porém, foi negado, mas não a desanimou.
Tentando ser Deputada Nacional, no dia 23 de fevereiro de 1932, porém Julieta Lanteri acabou sendo atropelada por um carro e morreu dois dias depois, quando tinha apenas 59 anos. Na época, mais de mil pessoas compareceram no funeral da ativista, demonstrando o quanto era importante para a sociedade daquela época.
Segundo a Galileu, o acidente aconteceu na esquina da Diagonal Norte com a Suipacha, em Buenos Aires, quando um veículo deu ré na calçada, atingindo a médica. O motorista foi identificado como David Klappenbach, um membro da Legião Cívica (partido único do governo), que até hoje deixa dúvidas se o ocorrido teria sido acidente ou assassinato político, no entanto nada foi declarado pelas autoridades.
Recentemente, no dia 22 de maio, o Doodle do Google fez uma linda homenagem a Julieta Lanteri em sua página inicial, celebrando o seu 150º aniversário, bem como relembrando a importância dela para os direitos da mulheres e pela causa feminina. Na imagem, que foi disponível apenas para as redes de computadores do Brasil, México, Colômbia, Argentina, Peru, Chile e Uruguai, a médica ativista aparece segurando o tão sonhado diploma. Veja abaixo a homenagem do Google:
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Desde a morte de Julieta Lanteri, seu nome não foi esquecido, pelo contrário, foi muito homenageado pelo país, sendo usado para nomes de ruas, salões universitários e até mesmo estações de linhas de metrô. Na história, a médica ativista nunca será esquecida pelo o que fez pelos direitos das mulheres, especialmente a ajuda para que pudessem ter o direito de votar.
Frases importantes ditas por Julieta Lanteri
1. “Ninguém vai nos dar nada”.
2. “Não aceito mestres nem quero ser patrono. Somos todos iguais. Não quero propriedade nem quero matar para mantê-la. A terra inteira é nossa pátria”.
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3. “O homem pensa, estuda e trabalha e nunca se sacia sabendo porque a mulher para?… De forma alguma isso se deve admitir e a prova é que um despertar prazeroso se manifesta na vida das mulheres em geral, e as faz entrar plenamente em evolução e progresso”.
4. “As chamas da emancipação feminina estão acesas, superando velhos preconceitos e deixando de implorar seus direitos. Estes não são mendigados, eles são conquistados”.
5. “No parlamento, uma bancada me espera, leve-me até ela”.