Louis Wain foi um ilustrador britânico do século XIX e início do século XX. Ele é mundialmente conhecido pelas suas pinturas de gatos, que são muito originais.
Ele trabalhou como professor de artes e ilustrador de revistas, mas foi com o trabalho dedicado aos felinos que o seu trabalho realmente ganhou notoriedade. Ao invés de representar esses animais da maneira tradicional, Wain inovava, e criou a sua própria maneira de dar vida aos gatos.
O ilustrador criou felinos antropomórficos em cenários humanos, vestidos com roupas e realizando atividades do cotidiano, como qualquer um de nós.
À primeira vista, a sua arte pode parecer apenas mais uma forma de expressão que teve origem na mente de uma pessoa criativa e com uma visão única de mundo. No entanto, o que aparentemente não tem nada de inofensivo acabou se transformando em uma questão mais complexa, levando à especulação sobre possíveis doenças que Wain teria enfrentado ao longo de sua vida.
No decorrer desse texto, falaremos um pouco sobre esse assunto. Leia até o final para entender quais são as doenças que os especialistas especulam que o ilustrador tinha.
Infância e vida adulta de Louis Wain
Louis Wain nasceu em 5 de agosto de 1860, em Londres, Inglaterra. Ele foi o primeiro de seis filhos, o único homem, e cresceu em uma família de classe média. Após a morte de seu pai, ele se tornou responsável por sustentar a sua família.
O interesse de Wain pela arte surgiu desde muito cedo, e ele começou a sua carreira retratando animais e cenas do cotidiano.
Em sua vida adulta, Louis Wain trabalhou como ilustrador para revistas e livros infantis, onde começou a ganhar reconhecimento por suas ilustrações encantadoras de gatos, que se iniciaram após um momento conturbado de sua vida.
Suas pinturas eram consideradas inovadoras na época, pois retratavam os felinos de maneira mais humana e expressiva, algo que a maioria das pessoas nunca havia visto.
Morte da esposa
Louis Wain se casou com Emily Richardson 1884, mas a sua união não durou por muito tempo. Apenas dois anos após se casarem, Emily faleceu vítima de um câncer de mama.
Durante a doença, a família adotou um gato preto e branco, chamado “Peter” para fazer companhia a Emily e ser um apoio emocional naquele momento de dor. A conexão dos dois era muito poderosa.
Peter estava sempre perto de Emily, e isso o tornou uma figura presente nas obras de Wain, que o representava em diversos ângulos.
A morte de Emily teve um profundo impacto emocional em Wain e influenciou significativamente seu trabalho artístico. Ele começou a desenhar e publicar cada vez mais seus desenhos de gatos, como homenagem ao bem ao felino que fez a vida de sua esposa feliz.
Desenhos de gatos
Após a morte de sua esposa, Louis Wain encontrou conforto e consolo em seus desenhos de gatos. Ele começou a retratar os felinos com características humanas ainda mais pronunciadas, adicionando traços distintos, como olhos grandes e expressivos, posturas humanas e roupas elegantes.
Suas ilustrações logo ganharam popularidade entre o público, aparecendo em anuários, livros, revistas e cartões postais.
A maioria de seus gatos era composta por personagens que caminhavam eretos, que vestiam roupas da moda e tinham expressões faciais de humanos. O artista também representou os gatos em estilo cubista e futurista.
Seu trabalho com os felinos o tornou o candidato ideal para a presidência do National Cat Club, cujo objetivo inicial era promover a criação de gatos com pedigree. No entanto, Wain quis priorizar a saúde dos felinos.
Dedicado a esses animais, ele também fez sua contribuição na Sociedade para a Proteção de Gatos e em uma campanha contra testes em animais.
Possíveis doenças de Louis Wain e sua expressão nas pinturas
Ao longo dos anos, as pinturas de gatos de Louis Wain evoluíram de maneira notável. O estilo original e cativante foi gradativamente substituído por obras mais complexas e intrincadas, com linhas e padrões hipnotizantes. Essa mudança causada por possíveis doenças que Wain pode ter se desenvolvido ao longo do tempo.
Em junho de 1924, ele foi internado no Hospital Springfield no distrito de Tooting ser diagnosticado como “louco”. Ele faleceu em 4 de julho de 1939, com 79 anos de idade. Os seus últimos 15 anos de vida foram passados em hospitais psiquiátricos.
A seguir, listamos algumas doenças que os estudiosos supõem que Wain tenha desenvolvido.
Esquizofrenia
O psiquiatra Walter Maclay, que estudou as obras de Louis Wain após conhecê-las em uma loja de artigos usados em Nothing Hill, acreditava que o artista tinha esquizofrenia e que suas pinturas relatavam o desenvolvimento da doença.
Alguns especialistas acreditam que as pinturas de Wain podem ter refletido a alteração de sua percepção da realidade, que é uma característica da esquizofrenia.
Outros apontam para os padrões repetitivos e as cores intensas em suas obras, sugerindo traços autistas.
Síndrome de Asperger
Outra possível explicação para a evolução de suas pinturas é a Síndrome de Asperger, que está no espectro do autismo. Essa síndrome é conhecida por afetar a capacidade de comunicação social e expressão emocional, o que pode ser refletido nas pinturas de Wain.
Um artigo conduzido pelo professor Michael Fitzgerald, psiquiatra especializado em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), e publicado na Universidade de Cambridge, afirma que Wain tinha a Síndrome de Asperger (SA), muitas vezes confundida com a esquizofrenia.
A SA de diferencia pela dificuldade do paciente de se relacionar socialmente e pelo interesse em padrões de comportamento restritos e repetitivos. Nesse sentido, a quantidade de obras de gatos feitas por Wain ganha um contexto interessante.
Controvérsias
No entanto, nem todo mundo acredita que as suas obras tenham estejam relacionadas à progressão de qualquer doença.
Como Louis Wain não colocava data em suas obras, não há como saber quando cada pintura foi feita.
O psiquiatra David O’Flynn disse durante uma palestra na Galeria Bethlem que o psiquiatra Walter Maclay organizou as obras de Wain em uma ordem supostamente cronológica associada a esquizofrenia, concedendo um novo significado a elas.
O’Flynn não acredita que as obras representem o agravamento de uma doença, e menciona que é possível que todas essas pinturas tenham sido realizadas no mesmo período. Sua teoria é apoiada por outras pessoas.
As pinturas de gatos de Louis Wain continuam a fascinar e intrigar o público até hoje. Sua jornada artística levanta questões sobre a possível influência de doenças mentais em seu trabalho.
Independentemente das teorias, o legado de Wain como um dos mais notáveis ilustradores de gatos de sua época permanece inegável, deixando-nos com uma visão única da mente de um artista talentoso e misterioso.
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