O luto é um processo psicológico de adaptação a uma experiência de perda.
Ele é comumente associado à morte, mas esse não é o único contexto onde o luto existe.
Ao longo da vida, experimentamos diversos tipos de perdas, que podem ser tanto a morte de pessoas que amamos quanto o fim de uma amizade, de um relacionamento romântico, de um trabalho, ou até mesmo na vida de uma cidade.
É claro que o luto não tem o mesmo peso em cada uma dessas situações, mas ele se manifesta em todos os seus estágios em praticamente todos os contextos.
Quando compreendemos as fases do luto, conseguimos lidar muito melhor com cada uma delas, buscando sempre a cura e o recomeço.
Ao longo desse texto, te guiaremos ao longo de todas as etapas do luto, e te mostraremos quais as maneiras mais eficazes de agir em cada uma delas.
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Introdução ao luto
Primeiramente, daremos uma explicação sobre o é, de fato, o luto, e como ele nos atinge.
O luto é uma das experiências mais complicadas e desafiadoras que uma pessoa pode viver. Todos nós vivemos um período de luto pelo menos uma vez na vida, quando perdemos algo ou alguém de grande valor emocional para nós.
De uma maneira simples, podemos definir o luto como uma resposta natural à perda. Nesse período, buscamos nos adaptar emocionalmente a ausência de uma presença importante em nossas vidas.
Durante o luto, nós nos deparamos com uma nova realidade da vida, mais obscura e sem perspectiva. Esse período pode desencadear diferentes sentimentos em nosso interior, como raiva, culpa, solidão, confusão, tristeza, entre outros.
No momento em que estamos experimentando esses sentimentos, pode parecer que não conseguiremos encontrar um caminho para a libertação do luto e que ele criou um buraco permanente em nossos corações, mas a realidade é que cada um deles tem um papel no processo do luto e nos ajuda a sentir tudo aquilo que precisamos até finalmente estarmos prontos para seguir em frente.
A vivência do luto não é linear. Muito pelo contrário, esse período da vida faz a gente sentir que está em uma montanha-russa emocional, com altos e baixos, momentos de calmaria e de confusão e muitas reviravoltas.
Em alguns dias, nos sentimos um pouco mais fortes e recuperados dos sentimentos impostos pela perda. Em outros, sentimos que não somos fortes o suficiente para avançar nessa nova realidade de vida.
O luto é uma vivência pessoal
Outra coisa importante a ser dita sobre o luto é que, embora em geral ele obedeça a algumas etapas específicas, se trata de um processo de recomeço muito pessoal.
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Cada pessoa experimenta o luto de uma maneira particular, que é totalmente influenciada pela sua própria disposição emocional, pela importância da perda que aconteceu, pelas suas próprias crenças e culturas.
Todas as pequenas nuances que formam que nós somos se manifestam no luto, e por isso é muito importante destacar que não há como estabelecer regras para a vivencia do luto ou um prazo para que ele termine.
No entanto, algo que é comum a todas as pessoas que passam pelo processo de luto, é a importância de não repreender os seus sentimentos.
Como você já deve ter ouvido por aí, as emoções não manifestadas acabam se transformando em sintomas e doenças que pesam ainda mais as nossas vidas.
Cada tipo de luto tem as suas particularidades, mas em todos eles é fundamental a força para enfrentar a dor, encontrar maneiras saudáveis para expressar as próprias emoções e dar-se tempo para a cura.
Os cinco estágios do luto
A seguir, apresentaremos a visão da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross sobre os 5 estágios do luto que foram descritas em seu livro “Sobre a Morte e o Morrer”, de 1969.
De acordo com ela, esses cinco estágios são: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Conheça cada um deles a seguir.
Estágio 1: negação
A primeira fase é marcada por uma sensação de negação e incredulidade. É comum que as pessoas se recusem a aceitar a realidade da perda.
Podem experimentar um sentimento de choque e atordoamento, tentando evitar a dor emocional associada à perda. Nessa fase, é normal buscar por informações que contestem a realidade da perda.
Como lidar com o estágio da negação:
Se trata de um período de sentimentos novos e na maioria das vezes negativos. Por esse motivo, é muito importante que a pessoa enlutada tenha acompanhamento de profissionais pacientes e dedicados.
É normal que você sinta um desejo de isolamento durante é fase de negação, e pode se permitir viver esse momento, conscientizando as pessoas ao seu redor da importância de respeitar a sua realidade.
Estágio 2: raiva
A segunda fase é caracterizada por uma intensa sensação de raiva e frustração. Nesse momento, é comum que surjam perguntas do tipo “Por que isso aconteceu comigo?” ou “Por que Deus permitiu isso?”.
Essa raiva pode ser direcionada para diferentes pessoas ou até mesmo para o próprio falecido. É importante entender que a raiva é uma reação normal diante de uma perda significativa.
Como lidar com o estágio da raiva:
A raiva não é uma sensação agradável, que as pessoas gostam de experimentar, mas ela faz parte do processo de vivência e superação do luto.
Quando experimentar uma perda, você muitas vezes se sentirá raivoso, e é importante que aprenda a lidar com ela de maneira construtiva.
Algumas maneiras de fazer isso são: permitir-se sentir as suas emoções com autenticidade, encontrar formas saudáveis de expressá-las, praticar a autorreflexão, buscar apoio emocional, ter compaixão e respeito por si mesmo.
Estágio 3: negociação
Na terceira fase, as pessoas podem começar a fazer negociações ou buscar uma forma de reverter a perda. Essa fase é marcada por sentimentos de culpa e arrependimento.
Podem surgir pensamentos como “Se eu tivesse feito algo diferente, talvez a pessoa ainda estivesse aqui”. É importante compreender que essas negociações são uma tentativa de lidar com a dor emocional e encontrar um sentido para a perda.
Como lidar com o estágio da negociação:
Na fase da negociação, a pessoa ainda está processando o que aconteceu, sem aceitar a sua realidade. Por isso, é comum que ela deseje voltar no tempo e buscar uma maneira de impedir que algo que já aconteceu.
Esse é um estágio complexo e que pode ser acompanhado de sofrimento emocional. É importante que nesse estágio o enlutado entenda que o que está por trás de sua busca por negociação é a culpa de pensar que poderia ter feito algo diferente.
Apenas compreendendo e aceitando o que aconteceu, sem permitir-se ficar sobrecarregado, é possível se libertar da conexão tóxica com o passado.
Estágio 4: depressão
A quarta fase do luto é caracterizada por uma profunda tristeza e sensação de vazio. Nessa fase, as pessoas podem sentir-se desesperançadas, sem energia e com dificuldade em se envolver em atividades cotidianas.
É um período de luto ativo, em que é importante permitir-se sentir e expressar a dor. A depressão é uma resposta natural ao processo de perda.
Como lidar com o estágio da depressão:
Um dos conhecimentos mais importantes para lidar com esse estágio é compreender que ele não necessariamente está ligado a uma doença.
A depressão dentro do processo de luto é algo natural, pois esse sentimento surge após passarmos por uma grande perda ou compreendermos a iminência da morte ou após uma grande perda.
No entanto, é importante manter o acompanhamento com um profissional, que acompanhará a sua evolução durante o processo e será capaz de determinar a gravidade da sua situação e como lidar com ela da melhor maneira possível.
Estágio 5: aceitação
A última fase do luto é a aceitação. Isso não significa que a pessoa esqueceu a perda ou que a dor desapareceu, mas sim que ela encontrou uma maneira de viver com a perda e seguir em frente.
A aceitação não implica em esquecer a pessoa falecida, mas em reconhecer a nova realidade e encontrar um lugar para ela em sua vida. É importante lembrar que a aceitação ocorre de forma individual e em seu próprio tempo.
Como lidar com o estágio da aceitação:
Nesse estágio, o enlutado deve tomar a consciência de que a perda que experimentou é algo permanente, que não pode ser mudado mesmo com o maior dos esforços.
É nesse momento que se aprende a lidar com a saudade, e que se entende que ela não doerá para sempre. Chega um momento em que a saudade apenas será uma companheira de jornada e não uma inimiga, permitindo que você estabeleça uma convivência com ela.
Considerações finais
Conforme você compreendeu ao longo desse texto, o luto é um processo que precisa de tempo e espaço para acontecer da maneira mais saudável possível.
Ele é um processo de introspecção, reflexão e recomeço. Ele nos confronta e nos força a reavaliar as nossas vidas, e aceitar a realidade que estamos vivendo no momento.
Não é fácil encarar um processo de luto, e por isso é fundamental que você obtenha apoio emocional, seja de profissionais especializados ou de seus amigos e familiares.
Grupos de apoio também podem ser uma boa opção para conseguir a ajuda que você pode precisar nesse momento. Falar sobre os nossos sentimentos com pessoas em quem confiamos e que estão passando por um processo similar pode trazer uma sensação de alívio em meio ao caos, além de nos lembrar que não estamos sozinhos.
O luto é uma experiência transformadora, que nos oferece a oportunidade de ressignificar as nossas perdas. Portanto, viva-o com verdade e se prepare para recomeçar com muito mais força e sabedoria.