Atualmente com 26 anos, Malala Yousafzai virou uma voz global e feminina que luta pelo direito das meninas e mulheres à educação.
Vencedora de inúmeros prêmios a nível mundial, a ativista paquistanesa é uma das mais respeitadas no tangente a temas de políticas educacionais.
Desde então, a jovem paquistanesa tem feito inúmeras conferências no mundo inteiro, ressaltando a importância da educação para superar os problemas derivados da guerra. Em entrevista à BBC, a jovem admitiu entender os motivos do grupo terrorista Talibã, mas ponderou que eles devem fazer suas exigências através do diálogo.
“Matar, torturar e castigar gente vai contra o Islã. Estão utilizando mal o nome do Islã”.
Um dos maiores sonhos da ativista é ser política. Segundo ela, é uma das maneiras que ela teria para conseguir mudar o futuro de inúmeras meninas e mulheres paquistanesas. Em seu primeiro pronunciamento à ONU, a jovem disse não ter medo das ameaças recebidas.
Infância
Filha de Ziauddin e Tor Pekai Yousafzai, Malala tem dois irmãos mais novos. Desde muito jovem, Malala desenvolveu uma sede de conhecimento. Durante anos, seu pai administrou uma instituição de ensino na cidade, e a escola se tornou o ambiente favorito da jovem.
Em 2007, quando Malala tinha dez anos, a situação no Vale do Swat mudou rapidamente para sua família e comunidade. O Talibã começou a controlar a cidade e rapidamente passou a ser a força sócio-política dominante em grande parte do noroeste do Paquistão.
Segundo o site BBC, as meninas foram proibidas de frequentar a escola e atividades culturais como dançar e assistir televisão foram proibidas. Os ataques suicidas foram generalizados, e no final de 2008, o Talibã destruiu aproximadamente 400 escolas.
Determinada a ir para a escola e com uma crença firme em seu direito à educação, Malala enfrentou o Talibã. Ao lado de seu pai, Malala rapidamente se tornou uma crítica das ações do grupo terrorista.
No início de 2009, Malala começou a escrever anonimamente no site em urdu da BBC. Ela escreveu sobre a vida no Vale do Swat, que estava sob o domínio do Talibã, e sobre seu desejo de ir à escola. Usando o nome de “Gul Makai”, ela descreveu ter sido forçada a ficar em casa e questionou os motivos do Talibã.
Malala tinha 11 anos quando escreveu seu primeiro texto para a BBC. O título do blog era “Estou com medo”, e ela usou essa plataforma para escrever todo seu medo de uma guerra em sua cidade, e seus pesadelos sobre ter medo de ir à escola e sofrer algum atentado por parte do Talibã.
Importância na história
Conforme a guerra foi avançando pelo território paquistanês, Malala foi forçada a abandonar sua casa, para buscar segurança a vários quilômetros de distância de sua cidade natal, transformando-se em uma “pessoa deslocada internamente”.
Na volta, depois de semanas longe do vale do Swat, Malala mais uma vez usou a mídia e continuou sua campanha pública pelo seu direito de ir à escola. Sua voz ficou mais forte e, ao longo dos três anos seguintes, ela e seu pai se tornaram conhecidos em todo o Paquistão pela determinação em dar às meninas paquistanesas acesso a uma educação gratuita de qualidade.
De acordo com o site da ONU, seu ativismo terminou resultando em uma indicação para o Prêmio Internacional da Paz para Crianças em 2011. No mesmo ano, ela recebeu o Prêmio Nacional da Paz para Jovens do Paquistão. Mas nem todos a apoiaram e receberam bem sua campanha, que tinha como objetivo provocar mudanças no Swat.
Na manhã de 9 de outubro de 2012, Malala Yousafzai, de 15 anos, foi baleada pelo Talibã.
Sentada em um ônibus voltando da escola para casa, Malala conversava com as amigas sobre os trabalhos escolares. Dois membros do Talibã pararam o ônibus. Um jovem talibã perguntou por Malala e disparou três tiros contra ela.
Uma das balas entrou e saiu de sua cabeça e se alojou em seu ombro, deixando a jovem gravemente ferida. No mesmo dia, ela foi transportada de avião para um hospital militar paquistanês em Peshawar e quatro dias depois para uma unidade de terapia intensiva em Birmingham, Inglaterra.
Embora ela precisasse de várias cirurgias, incluindo o reparo de um nervo facial para consertar o lado esquerdo paralisado de seu rosto, Malala não sofreu nenhum dano cerebral grave. Em março de 2013, após semanas de tratamento e terapia, a jovem frequentou a escola em Birmingham.
Após o tiroteio, sua incrível recuperação e retorno à escola resultaram em uma manifestação global de apoio a Malala. Em 12 de julho de 2013, seu aniversário de 16 anos, Malala visitou Nova York e falou nas Nações Unidas.
Mais tarde naquele ano, ela publicou seu primeiro livro, uma autobiografia intitulada “Eu sou Malala: a garota que defendeu a educação e foi baleada pelo Talibã”. Em 10 de outubro de 2013, em reconhecimento ao seu trabalho, o Parlamento Europeu concedeu a Malala o prestigiado Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento.
Na Nigéria, ela se manifestou em apoio às meninas sequestradas no início daquele ano pelo Boko Haram, um grupo terrorista que, como o Talibã, tenta impedir as meninas de irem à escola.
Em outubro de 2014, Malala, juntamente com o ativista indiano dos direitos das crianças Kailash Satyarthi, foi nomeada vencedora do Prêmio Nobel da Paz. Aos 17 anos, ela se tornou a pessoa mais jovem a receber este prêmio.
Ao receber o prêmio, Malala disse: “Esse prêmio não é só para mim. É para aquelas crianças esquecidas que querem educação. É para aquelas crianças assustadas que querem paz. É para aquelas crianças sem voz que querem mudança.”
Vida pessoal
Segundo o site Educa Mais Brasil, a jovem é fluente em três idiomas. Entre seus autores favoritos estão Jane Austen, inglesa falecida em 1817, que escreveu romances que fazem sucesso até hoje, como “Orgulho e Preconceito”.
Como a maioria das jovens de sua idade, ela também gosta de ler produções da cultura popular e de assistir a séries. Uma de suas favoritas é a saga Twilight, que no Brasil foi adaptada para “Crepúsculo”, que conta a história de um romance impossível entre uma humana e um vampiro.
Quando completou 16 anos, Malala Yousafzai falou nas Nações Unidas em Nova York. Nesse mesmo ano, ela recebeu o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu por seu ativismo.
Em 2014, Yousafzai e seu pai criaram o Malala Fund (“Fundação”, em tradução livre) para apoiar e defender internacionalmente mulheres e meninas. Por meio de sua instituição de caridade, ela se encontrou com refugiados sírios na Jordânia, jovens estudantes no Quênia e se manifestou na Nigéria contra o grupo terrorista Boko Haram, que sequestrou meninas para impedi-las de ir à escola.
Desde então, Yousafzai continuou a defender os direitos das mulheres e meninas. O Malala Fund defende a educação de qualidade para todas as meninas, financiando inúmeros projetos educacionais a nível internacional, fazendo parcerias com líderes globais e defensores locais e desenvolvendo estratégias inovadoras para capacitar mulheres jovens.
Malala Yousafzai se formou em Filosofia, Política e Economia pela Oxford, na Inglaterra, em 2020.
O dia 12 de julho de 2013 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia de Malala (Malala Day), sendo uma homenagem à jovem que além de sobreviver após o atentado, virou um símbolo em prol da educação de meninas e mulheres no mundo inteiro.