Ter fortuna à perder de vista é o sonho de muita gente. Mas a milionária herdeira austro-alemã Marlene Engelhorn, de 31 anos, não parece seduzida pelo dinheiro.
A mulher, que mora em Viena, é descendente de Friedrich Engelhorn, fundador da empresa alemã BASF, focada em química e farmacêutica, e quer distribuir a sua fortuna às pessoas necessitadas.
Após a morte de sua avó, Engelhorn herdou uma fortuna bilionária. Segundo a revista Forbes, esse valor foi estimado em US$ 4,2 bilhões (aproximadamente R$ 20,4 bilhões). E como a Áustria aboliu o imposto sobre heranças em 2008, sendo um dos poucos países europeus a não cobrar taxas nesse sentido, a mulher ficou com todo esse dinheiro para ela.
Mesmo antes da avó morrer, a mulher que já saberia que seria a próxima herdeira havia comunicado as suas intenções de doar 90% do valor da herança.
“Herdei uma fortuna e, portanto, poder, sem ter feito nada para isso”, disse ela. “E o Estado nem quer impostos sobre isso”.
Marlene Engelhorn considera essa situação uma injustiça, e agora está montando um grupo de 50 cidadãos para ajudá-la a decidir como ela deve doar 25 milhões de euros (cerca de R$ 133 milhões) da sua herança.
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O projeto está tomando forma. No dia 10/01/24, a herdeira milionária enviou 10 mil convites a cidadãos austríacos selecionados aleatoriamente pelo correio na Áustria. Aqueles que se interessarem em participar do caridoso projeto de Engelhorn deverão fazer sua inscrição pela internet ou por telefone.
De todos os 10 mil austríacos (maiores de 16 anos), que receberam o convite, 50 serão escolhidos para compor um conselho que baterá o martelo sobre como o dinheiro será redistribuído. Caso alguém desista do projeto no meio do caminho, haverá 15 membros suplentes disponíveis.
![Marlene Engelhorn: a milionária herdeira austríaca que quer doar sua fortuna](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/01/1-marlene-engelhorn-a-milionaria-herdeira-austriaca-que-quer-doar-sua-fortuna.jpg.webp)
Ao falar sobre o projeto, Engelhorn fez uma crítica aos políticos, afirmando que como eles “não fazem o seu trabalho e não redistribuem a renda, então eu mesma terei de redistribuir a minha riqueza”.
A herdeira ainda comentou que muitas pessoas lutam para sobreviver e ainda precisam pagar impostos sobre tudo o que ganham com o seu trabalho. A mulher definiu isso como “um fracasso da política”, cujas consequências são sentidas pela população.
O conselho reunido por Marlene Engelhorn será composto por pessoas de todas as idades (a partir de 16 anos), origens, classes sociais e estados federais. Essas pessoas, então, serão convidadas a dar ideias para que o grupo desenvolva em conjunto as soluções de redistribuição do dinheiro, que deverão beneficiar a sociedade de forma geral.
As reuniões deverão acontecer de março a junho deste ano, em Salzburgo. De acordo com informações da BBC, essas reuniões serão livres de barreiras e contarão, inclusive, com creches e intérpretes, para que as decisões sejam tomadas da melhor forma possível.
O conselho terá os seus custos de viagem bancados e cada um dos participantes receberá 1.200 euros por cada fim de semana que participarem do projeto. Engelhorn defende que esse projeto será um “serviço à democracia” e por isso os participantes devem ser renumerados por isso.
Caso o grupo não chegue a uma decisão em conjunto sobre qual deve ser o destino do dinheiro, o valor volta para Marlene Engelhorn.
Ainda não sabe qual o valor total da herança que a mulher está disposta a doar. A equipe de Engelhorn também não se manifestou sobre quanto de dinheiro ela vai guardar para si mesma. O que se sabe é que ela manterá uma parcela para proteção financeira.
A abolição do imposto sobre heranças é um tema que gera muita polêmica na Áustria, e os social-democratas da oposição pedem para que a cobrança volte a acontecer. No entanto, o conservador Partido Popular, principal parceiro do governo de coligação da Áustria, não aceitou o pedido.
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